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Guia sobre Segurança

Porteiros que dormem em serviço: O que fazer?

Saiba como agir para ajudar funcionários de portaria a se manterem acordados durante a noite

14/10/14 10:32 - Atualizado há 2 anos
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Homem deitado e apoiado na mesa como se estivesse dormindo. Ao lado, um relógio
Porteiros dormindo ou cochilando em serviço é um problema recorrente. Há diversas causas para que isso aconteça, como jornadas excessivas
iStock

Recentemente uma notícia balançou o mundo condominial. Uma empresa de segurança para condomínios apontou que cerca de 70% de vigias e porteiros que trabalham à noite acabam dormindo em serviço.

Conversando com diversos especialistas, o SíndicoNet apurou que realmente boa parte desses trabalhadores cochilam ou dormem em serviço.

“Dormir durante o serviço é longe do ideal, mas temos que lembrar que o ser humano foi feito para trabalhar durante o dia e descansar de noite”, argumenta Nilton Migdal, especialista em segurança de condomínios.

Coisas básicas como respeitar a folga do porteiro, assim como feriados e férias são essenciais. Um salário condizente com a responsabilidade da função ajuda bastante. Muitos funcionários dormem em serviço principalmente por terem dois trabalhos – essa é uma realidade em muitos condomínios.

O que fazer

Mas não é por flagrar o funcionário cochilando vez ou outra que o síndico deve mandá-lo embora, ou pedir sua imediata substituição à empresa terceirizada.

O condomínio pode, sim, colaborar oferecendo um bom ambiente de trabalho, como:

  • Sistema “alerta vigia”, em que o porteiro ou vigia deve acionar um botão em um intervalo pré-determinado. O melhor é que o colaborador precise levantar para apertar o botão. Assim, se movimentando, se espanta um pouco do sono. O ideal é que esse sistema seja online, ligado a uma central de monitoramento. Assim, caso o profissional não aperte o botão no tempo correto, alguém imediatamente entre em contato para saber se está tudo ok na portaria  
  • Câmera na portaria: é possível saber o que acontece o tempo todo na portaria. Com câmeras ligadas a uma central, o porteiro e todo o condomínio se sentem mais resguardados em sua segurança, já que, caso o local seja invadido por bandidos, a central de monitoramento consegue acionar a polícia rapidamente. Também evita que o colaborar desvie a sua atenção do trabalho para outras coisas, como uso excessivo de smartphones para jogos, filmes ou redes sociais. O custo médio para instalar e manter um sistema desse tipo no condomínio é de R$ 1 mil por mês – independente do número de portarias ou guaritas no local. Um ponto negativo da câmera na portaria ou guarita é a de falta de privacidade que os colaboradores podem sentir em seu ambiente de trabalho. Por isso, o ideal é que os moradores não tenham acesso ao que essa câmera filma, ficando restrito esse conteúdo à empresa de segurança. Também é importante que haja uma placa avisando que aquele local está sendo filmado, e que a filmagem é protegida nos termos da lei.  
  • Sistema linear: é uma forma de avisar o porteiro, quando alguém está chegando, através do acionamento de um botão de dentro do carro. Assim, conforme o morador se aproxima, o porteiro vê na sua tela quem está chegando, em qual carro, e como está o movimento da rua naquele momento. Nesse caso, o preço de implantação depende muto do número de unidades do local  
  • Rede de Comunicação Integrada: este recurso figura como uma das formas mais eficientes de combate aos cochilos. Ele promove a integração entre outras portarias, tem baixo custo e grande eficiência, mas deve ser implantada com muito critério. Se não for feita adequadamente pode virar um "rádio-fofoca" (saiba mais). Seguindo a mesma linha, essa comunicação por rádio também pode ser feita entre a portaria e a ronda motorizada, caso o condomínio tenha este serviço.  
  • Portaria virtual: apesar de ainda apresentar resistência por parte de muitos síndicos e moradores, é uma alternativa que vem ganhando força nos últimos anos em condomínios residenciais. O custo de aquisição e implantação é elevado, mas ganha-se com a economia gerada na redução do quadro de funcionários. Com este recurso o condomínio abre mão dos funcionários da portaria e passa a ser vigiado e controlado remotamente por uma empresa especializada. (saiba mais / veja empresas aqui)  
  • Dupla jornada: apesar de não ser ilegal o colaborador ter dois empregos, desde que na jornada 12h x 36h, o condomínio deve pesar seriamente se vale a pena contratar um funcionário que trabalhe em outro local e que, por isso, talvez não consiga estar descansado o suficiente para trabalhar durante a noite.  
  • Portaria climatizada: um local que não esteja abafado, mas fresco, diminui o sono  
  • Uniforme: é imprescindível que o condomínio ofereça um uniforme de frio adequado, com uma boa jaqueta - evitando que o funcionário precise levar uma manta para se aquecer  
  • Café: deixar uma garrafa térmica na guarita ou portaria ajuda a manter o funcionário acordado  
  • Cadeira adequada: se o porteiro vai passar oito horas sentado, é importante que ele se sinta confortável  
  • Missão: deixar o profissional ocioso durante várias horas não ajuda a combater o sono. Quem trabalha de noite pode adiantar papelada para o turno da manhã, separar correspondência, ou passar algo a limpo. O que não se deve é deixar o colaborador sem nada para fazer

O que não fazer

Da mesma forma há situações que o condomínio deve evitar, como:

  • Manter televisão na portaria. O porteiro não deve ter distrações durante seu turno, deve se esforçar para trabalhar da melhor maneira possível
  • Sair para caminhar pelo condomínio. Se houver apenas um profissional no turno da noite, o mesmo deverá permanecer em seu posto, saindo apenas para ir ao banheiro

Como lidar

É evidente que o condomínio ou o síndico não contratam um profissional ou colaborador para cuidar do local à noite para que essa pessoa durma durante o serviço.

É igualmente claro, porém, discernir dois tipos de dorminhocos. Um é aquele que cochila na cadeira, em seu posto. Alguém que luta contra o sono. Outro bem diferente é aquele flagrado dormindo no chão da guarita, em um colchonete, com cobertas, que ele trouxe para esse fim.

Em todo caso, o ideal é que haja conversa entre o profissional e o condomínio – seja por meio do síndico ou do seu líder na empresa terceirizadora.

Se o condomínio perceber que o sono durante o trabalho está se tornando algo constante, e que esteja atrapalhando a performance do colaborador, o ideal é, depois de conversar sobre o assunto, sempre que for flagrado dormindo: advertir duas vezes formalmente, depois suspender duas vezes e apenas então desligá-lo do condomínio.

"Nós não recomendamos dispensar o colaborador por justa causa por dormir em serviço durante a noite. Geralmente o funcionário, insatisfeito, consegue reverter esse ponto na justiça", assinala Ricardo Karpat, diretor da Gábor RH.

Serviço

Fontes consultadas: José Elias de Godoy, especialista em segurança condominial e colunista SíndicoNet, Hubert Gebara, vice-presidente de condomínios do Secovi-SP, Ricardo Karpat, diretor da Gábor RH, empresa especializada em mão-de-obra para condomínios, Eugenio Fonseca, consultor sênior da Space Inteligent, empresa de segurança para condomínios, Nilton Migdal, especialista em segurança condominial, Rodrigo Karpat, advogado especialista em condomínios e colunista SíndicoNet

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