02/05/19 02:44 - Atualizado há 5 anos
Notícias frequentes de assaltos a condomínios, vindas de diferentes bairros de São Paulo, estão deixando gestores e moradores preocupados. O que chama a atenção é que, quase sempre, são praticados da mesma forma – uma modalidade pontual, que utiliza jovens ligados a pequenas quadrilhas para cometer o delito.
"Constatamos um aumento de assaltos aos condomínios da cidade, já nesses primeiros meses. Acompanhamos várias ocorrências, o que nos leva a crer que o aumento dos crimes contra condomínios – retratado em 2018 pelos dados oficiais – continua”, analisa José Elias Godoy, especialista em segurança condominial.
No ano passado, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) apontou 1.300 crimes contra condomínios praticados de janeiro a abril, contra 832 registrados no mesmo período do ano anterior. Isso representa um aumento de 56% no número de assaltos.
Um sinal de alerta acende para as falhas de procedimentos na portaria. São, segundo o especialista, uma combinação de falta de conhecimento, distração e despreparo dos colaboradores. “Os ladrões percebem a fragilidade e a vulnerabilidade dessa área, que pode ser facilmente invadida”.
Eles entram no condomínio na base da conversa. A famosa “lábia” é a arma que os jovens assaltantes usam para enganar os porteiros – infelizmente, com sucesso.
Alegam que estão visitando alguém, aproveitam a distração do porteiro e entram atrás de um morador. Em alguns casos, fingem ser técnicos ou oficiais de justiça ou que estão interessados em visitar uma unidade para alugar ou comprar.
Quando já estão dentro do condomínio, o padrão predominante dos ladrões é a invasão mediante arrombamento da unidade, quando não há morador. Levam objetos de valor que possam carregar em mochilas ou mesmo em malas encontradas no próprio apartamento.
Disfarçado de possível comprador de imóvel, um assaltante e seu comparsa entraram num condomínio no bairro dos Jardins há poucos dias. Durante 1h30, eles renderam o porteiro, desceram para a garagem, onde também renderam moradores e abriram o portão para outros ladrões. Roubaram quatro apartamentos.
A segurança do condomínio está ligada a três pontos, que formam um triângulo e exigem atenção:
Segurança física: equipamentos como câmeras, controle de acesso e tecnologia de ponta; barreirras,entre elas, cancela, clausura, portas duplas, guarita blindada;
Funcionários: investir em qualificação e aperfeiçoamento. Eles precisam ser treinados fortemente para que corrijam as sérias falhas de procedimento em identificação e liberação de acesso;
Conscientização dos moradores: em comunicados e assembleias, convidá-los a participar do esforço para preservar a segurança e seguir as regras do condomínio.
Invasões desse tipo tendem a ser mais difíceis em portarias remotas. Por ser manejada de uma central, o operador de controle de acesso costuma seguir protocolos mais rígidos para deixar alguém entrar.
Ao chegar no condomínio, o visitante toca um interfone que aciona o operador, que o vê por meio de câmeras. Ele só vai liberar o acesso depois que tiver a autorização do morador.
Entretanto, para Godoy, ainda não se pode afirmar que é um tipo mais seguro ou não. É uma questão de analisar tecnologia, equipamentos, processos e protocolos adotados por cada empresa. Mas aconselha:
“Não se deve trocar o sistema da portaria apenas para reduzir custos. É preciso verificar a necessidade de cada condomínio e até onde a portaria remota atingirá os anseios da proteção”.
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Comunicado para porteiros sobre as novas formas de invasão
Disfarces mais usados em assaltos a condomínios
Fonte: José Elias de Godoy (especialista em segurança de condomínios)