21/07/22 06:16 - Atualizado há 2 anos
Os carros elétricos vieram para ficar e já é comum vê-los nas ruas brasileiras. Mesmo com pouca representatividade ainda, em 2020 foram vendidas 19.745 unidades de carros elétricos e híbridos. Número esse que apresenta um aumento de 66,5% de vendas em relação a 2019.
Embora os carros elétricos representem apenas 1% da frota brasileira, a tendência é essa porcentagem aumentar, assim como a infraestrutura para o funcionamento desses carros que dispensam bombas, postos e abastecimento por gasolina, etanol ou diesel.
Assim, como o abastecimento de carros elétricos é feito a partir de energia, eles precisam de pontos de recarga em casas, condomínios, nas ruas e até mesmo em estabelecimentos privados.
De acordo com a startup Tupinambá Energia, atualmente o Brasil possui cerca de 500 pontos para carregamento em rodovias e locais públicos.
Entretanto, como há incentivos fiscais para esse tipo de veículo, a exemplo do projeto de lei para zerar o imposto de importação e desconto no IPVA em São Paulo, mais pontos de recarga serão necessários.
Ou seja, provavelmente alguém do seu condomínio já tem ou está considerando ter um carro elétrico e algumas dúvidas começam a surgir: como carregar o carro, quem vai pagar o uso da energia e como funcionam esses pontos de abastecimento no condomínio.
Dessa forma, para te ajudar a entender como deve funcionar o abastecimento de carros elétricos em condomínios, preparamos esse conteúdo completo para você. Continue lendo e saiba mais!
A principal dúvida sobre o carregamento dos carros elétricos e híbridos é o custo. Mas, de antemão, o custo é pequeno! O negócio é: quem será responsável pelo pagamento desses custos, já que não são todos os moradores que têm carros elétricos?
Nesses casos, que são bastante comuns nos condomínios do Brasil, os sistemas de carregamentos, chamados de estação de recarga, possuem uma tecnologia que atribui o gasto para a pessoa que realmente usou o serviço.
Por enquanto, há duas maneiras de abastecer o veículo no condomínio.
Lembrando que essas situações são para condomínios mais antigos que não estão preparados para o abastecimento desses novos carros.
Em empreendimentos mais novos, é mais comum já dispor dessa tecnologia e os custos do carregamento do veículo são enviados para o morador que usou - isso quando a vaga já não vier preparada para instalação do seu próprio carregador e conta individualizada.
"Todos os condomínios com menos de dois anos em que eu sou síndica já foram entregues com infraestrutura para carregadores, semelhante à individualização de água, em que a incorporadora entrega o empreendimento com a estrutura para depois instalar os relógios", explica a síndica profissional Karina Nappi, da Admix Service.
Abaixo, assista a um vídeo com um dos nossos especialistas, o advogado Fernando Zito, para saber como funciona, diante da lei, o abastecimento de carros elétricos em condomínios no Brasil.
Nas estações de recarga, como explicamos acima, existem vários tipos de carregadores para abastecer os veículos elétricos.
Abaixo separamos os principais, sejam coletivos ou individuais. Confira!
Esses carregadores podem ser utilizados em instalações fixas, como paredes e totens da vaga do usuário no condomínio. E, mesmo sendo mais robusto, esse modelo é durável e possui uma chave de segurança para impedir o uso de pessoas não autorizadas.
Da mesma forma do Standard, o WallBox também é fixo e é a opção perfeita para o uso coletivo, como em um condomínio.
Além disso, esse modelo conta com um sistema Smart, que acessa a internet e consegue se comunicar com plataformas através do protocolo OCPP proporcionando uma recarga diferente, pois conta com recursos extras como: controle de usuário, gestão de energia, reserva de carregador e status de disponibilidade.
Esse modelo costuma vir junto com o veículo, pois eles podem ser carregados em uma tomada comum (as tomadas utilizadas pelos carros elétricos são diferentes).
O único ponto ruim é que os carregadores de emergência usam uma corrente de 8 amperes (8A), o que torna a recarga lenta, podendo levar dias para concluir o abastecimento. Ou seja, ele deve ser usado apenas em emergências.
Por serem muito rápidos (eles possuem corrente AC em 43KW ou DC que vão de 50 até 350KW), esses modelos são mais comuns em estações de carregamentos em estradas.
Em um futuro próximo, as estações de recarga dentro dos condomínios serão necessárias. Inclusive, em São Paulo, já existe uma nova lei municipal que prevê a obrigatoriedade da instalação de carregadores de veículos elétricos e híbridos em edifícios residenciais e comerciais novos.
Mesmo em condomínios antigos, levar esse assunto para as assembleias é essencial, além de entender o funcionamento dessas estações de recargas coletivas - veja mais no próximo item.
A síndica profissional Karina Nappi conta que nos condomínios novos, já entregues com estrutura para instalação da estação de abastecimento, ela comprou os carregadores já com serviço incluso. "Eles são padrão, é o mesmo engate, com se fosse bomba de combustível", explica.
Já nos condomínios antigos, ela percebeu demanda pela instalação nos de classe média alta, visto que o valor dos veículos elétricos ainda é bem elevado considerando o poder de compra do brasileiro: o carro mais barato custa em torno de R$ 140 mil e há expectativa da chegada ao mercado brasileiro de um modelo que ficaria na casa de R$ 110 mil (depende do câmbio).
Quando há demanda, Karina leva o assunto para assembleia para criar uma vaga com carregador para abastecimento de carros elétricos no condomínio. Geralmente escolhe um espaço em área comum, como na frente de um elevador.
Foi feita a contratação de um engenheiro eletricista para fazer infraestrutura, com emissão de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).
"Quando é apenas uma ou duas unidades que têm carro elétrico, o proprietário faz a estrutura do centro de medição do relógio da unidade até a vaga dele", explica.
Quando é vaga demarcada e própria, e o proprietário é quem custeia, Karina informa que basta aprovação do síndico e conselho. Mas se é vaga indeterminada, tem que levar para assembleia e aprovar por maioria simples.
Na visão da síndica profissional, no futuro, muitos condomínios de classe média alta terão carros elétricos, então vale o condomínio investir porque haverá demanda e esse será um diferencial que valorizará o empreendimento.
Para uso residencial coletivo, é indicado que os carregadores sejam Wallbox, como mostramos anteriormente.
Esses tipos de carregadores são fixados em uma ou mais paredes de fácil acesso na garagem do condomínio e na versão Smart é possível controlar o uso e os custos de quem for usar.
Com essa função, é possível monitorar a quantidade de energia usada por veículo e fazer a cobrança pelas recargas na taxa condominial que o condômino tem a obrigatoriedade de pagar mensalmente.
Ou seja, o valor usado para abastecer o carro será adicionado à taxa condominial e além disso, esse sistema disponibiliza a opção de cadastrar as pessoas que irão usar a estação e para liberar o carregamento, o usuário deve preencher seu login e senha para não haver cobranças indevidas.
Nesse caso, vai depender da demanda de carros presentes no condomínio. Nesse começo não é necessário ter várias tomadas ou estações de recarga. Mas, no futuro próximo, seria cerca de 1 estação para 2 veículos, no mínimo.
Karina Nappi relata que o condomínio com maior número de carros elétricos que ela atende tem 8 veículos e 1 carregador. "Como é um condomínio com manobrista, ele mesmo cuida da logística já deixa o carro que precisa para carregar na estação", diz.
Por isso, é importante que síndicos já tenham no radar um investimento para trazer essa tecnologia internamente, pois não só a demanda vai aumentar, como é possível passar a ser obrigatório disponibilizar esses pontos de recarga.
Desse modo, o mais indicado é o condomínio encomendar um projeto de eletrificação da garagem e abrir cotação para apresentar aos condôminos. Assim, fica mais fácil decidir em assembleia como e quando fazer essas instalações.
O carregamento completo de um veículo elétrico depende de vários fatores, como o tipo, modelo, tamanho e a capacidade da bateria do veículo. Além disso, deve-se levar em consideração a potência e os recursos do carregador.
Ou seja, o tempo gasto para abastecimento depende de quais modelos de carros elétricos estamos falando e quais carregadores temos disponíveis.
Entretanto, é possível fazer algumas estimativas, como: se o seu carro elétrico tem uma bateria de 80 kWh, conectado a um ponto de carregamento de 7 kW, leva cerca de 10 horas para o abastecimento completo, por exemplo. Na experiência de Karina Nappi, geralmente o abastecimento completo leva até 6 horas.
Vale lembrar que essa é uma estimativa e que os motoristas nunca deixam a bateria acabar a carga totalmente, então pode ser que leve menos tempo.
Em questão de valores, os veículos elétricos saem em vantagem em relação aos que usam combustíveis — as recargas de energia são bem mais baratas.
Para se ter uma noção, o cálculo do custo de uma recarga é o valor da tarifa por quilowatt-hora (kWh) da sua cidade, que fica disponível na conta de energia, multiplicado pelo tempo gasto para carregar o carro.
Por exemplo, se a tarifa de energia é de, hipoteticamente, R$ 0,50/kWh, o carregador tem potência de 2200W e que o carro ficou carregando dez horas, o gasto de energia foi de 22 kWh. Assim, 22 kWh x 0,50 (R$) é igual a R$ 11,00.
Lembrando que você deve considerar a bandeira de energia que a sua cidade está, quantos quilômetros a bateria faz por dia e, desse modo, você terá o gasto mensal, que, em comparação com os carros a combustível, sai bem mais em conta. Estima-se que o custo é de três a quatro vezes mais barato que encher um tanque.
Nos condomínios administrados por Karina Nappi, é feita a conta de quanto tempo o carro elétrico usou para carregar de acordo com a potência do carregador e o valor da concessionária. O valor é cobrado no boleto do condomínio.
Quando o carregador é digital, tem um app que faz o cálculo direto de quanto de energia foi consumida pela unidade, a informação é envia para a síndica que repassa para a administradora incluir no boleto.
Ainda existe a opção de cartão pré-pago para carregar carro elétrico: o condômino passa o cartão pré-pago (créditos de R$ 50, R$ 100 ou R$ 150) na hora de abastecer. O morador faz a recarga do cartão pelo aplicativo do carregador e esse valor é usado para abater a conta de consumo de energia do condomínio.
Portanto, adquirir um carro elétrico tem suas vantagens como: economia, manutenção mais simples, melhor rendimento e eles não poluem o meio ambiente. Ou seja, eles são literalmente o futuro e o seu condomínio deve se adaptar para esses novos tempos.
Por isso, não deixe para depois. Proponha ao síndico incluir o tema na pauta da próxima assembleia para já começar a discutir planos para essas adaptações. Além de atualizar e valorizar o seu patrimônio, o seu condomínio estará preparado para atender a demanda futura de muitos condôminos que terão um veículo elétrico ou híbrido.
Ainda com dúvidas de como funciona o abastecimento de carros elétricos em condomínios? Veja como alguns condomínios estão funcionando!
Fontes: Conteúdo SíndicoNet, Karina Nappi (síndica profissional).