Ambiente

Água ilegal

Em Salvador, condomínios de classe média alta furtam água

Por Mariana Ribeiro Desimone

domingo, 5 de maio de 2013


EMBASA revela que condomínios da classe média alta furtam água em SSA

Ações fraudulentas envolvendo a utilização da água canalizada e tratada pela Embasa foram responsáveis, no último ano, pelo desvio indevido de mais de 3,4 bilhões de litros na RMS

Na última semana, a Empresa Baiana de Saneamento (Embasa) autuou sete imóveis localizados em um condomínio de classe média alta, em Salvador, durante blitze para identificação de fraudes em ligações de água. A operação seguirá nos próximos dias em condomínios de Itapuã e adjacências, que vêm sendo alvo de denúncias. Até o momento, já realizadas cerca de 80 imóveis. A meta é avaliar as ligações de água de imóveis cujas leituras de consumo vêm apresentando algum tipo de alteração ou inconsistência.
 
A estimativa é que cada residência estava consumido clandestinamente cerca de 30 mil litros de água por mês, volume suficiente para abastecer três famílias durante o mesmo período.
 
“A operação no condomínio foi motivada por uma denúncia anônima, que apontou a existência de um grande número de ligações clandestinas, o chamado ‘gato’ de água, que é crime previsto em Lei”, explica o superintendente de Abastecimento de Água da Embasa para Salvador e Região Metropolitana, José Moreira.
 
A prática é qualificada crime contra o patrimônio, de acordo com o artigo 155 do Código Penal Brasileiro cujo parágrafo 3º, ao tratar de furtos, equipara “à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico”. A pena prevista na Lei é reclusão de um a quatro anos e multa.             
 
Durante as inspeções, as ligações irregulares são retiradas e os imóveis autuados. O valor individual de cada multa é de R$ 157, acrescido do preço do serviço executado para sanar a fraude, além de uma estimativa do desperdício causado pelo ato criminoso.
 
“Pelo histórico de leitura dos imóveis autuados, o valor total da multa vai girar em torno dos R$ 700, podendo alcançar a faixa dos R$ 1.200, já que o cálculo é feito a partir da média do consumo registrado no período em que a água fornecida no imóvel era medida pelo hidrômetro”, estima Moreira.
 
A Embasa já planeja a realização de blitze deste tipo em outros condomínios na região de Itapuã, Stella Mares e Praia do Flamengo. “A área está sendo alvo de muitas denúncias, que partem principalmente da própria vizinhança. Isso demonstra a consciência de boa parte da população que recrimina este tipo de irregularidade, um ato que traz prejuízos a todos”, estimula Moreira. Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo telefone 0800 0555 195.
 
Prejuízo com fraudes é de R$ 3,4 bilhões
 
Ações fraudulentas envolvendo a utilização da água canalizada e tratada pela Embasa foram responsáveis, no último ano, pelo desvio indevido de mais de 3,4 bilhões de litros de água em Salvador e Região Metropolitana. Em 2011, esse número era de 1,3 bilhão. Os 27,4 mil casos de fraudes registrados resultaram em prejuízo da ordem dos R$ 10 milhões, decorrente do volume de água não faturado. A estimativa é que a perda seja ainda maior, já que nem toda a ligação fraudulenta é descoberta, mesmo com uma rotina de fiscalizações periódicas.
 
As principais formas de furto de água são as ligações clandestinas (quando o usuário interliga o seu ramal indevidamente à rede distribuidora de água), as fraudes na medição (quando o hidrômetro é danificado ou desviado, visando adulterar a medição do consumo) e as fraudes no corte (quando a ligação é cortada por falta de pagamento e o cliente faz a reativação de maneira indevida). 

Fonte: http://www.bahiaja.com.br/