Administração

Área pública

Condomínio em Salvador é acusado de cercar área da prefeitura

Por Mariana Ribeiro Desimone

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015


Morador denuncia privatização de área no Caminho das Árvores

Área incorporada por condomínios há 20 anos virou estacionamento e playground

Há 20 anos, uma área pública de aproximadamente seis mil metros quadrados foi privatizada por dois condomínios no Caminho das Árvores. Segundo moradores, o terreno localizado na rua do Timbó,  534, era uma praça pública, mas foi murado e passou a ser utilizado como estacionamento e playground.

O caso foi denunciado por Luiz Guedes, do residencial Iguatemi. "Eles não podem fazer isto. Trata-se de um bem público  de alto valor. Poderia ser utilizado, inclusive, para a construção de escolas, quadras, hospitais, e não ser apropriado desta forma", questiona.

No espaço (localizado entre os edifícios Villa Egypcia,  Residencial Iguatemi e Villa Fenícia)  foram construídas uma casa e uma área de lazer com parque e churrasqueira. Conforme a denúncia, as intervenções foram feitas sem  alvará da prefeitura.

O administrador do condomínio, Carlos Alan Santiago, 46,  nega que a área seja pública. Segundo ele, o espaço  faz parte do loteamento Parque Residencial Iguatemi, que engloba os condomínios da região.

"A construção em alvenaria é utilizada apenas para guardar ferramentas. Cuidamos do espaço há mais de 20 anos", justifica. Mas ele não apresentou a planta ou comprovante de Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).

Público

De acordo com a Secretaria Municipal da Fazenda, o terreno é de domínio público, mas está caracterizado como playground. O órgão não informou se a área pode permanecer fechada. Questionada, a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) informou, por meio de assessoria de imprensa, que vai analisar o caso e tomar as devidas providências.

Antes de qualquer intervenção do município, a reabertura do espaço já é motivo de controvérsia. A moradora Ana Maria Aires, 57, teme que os casos de violência aumentem.

"Fechamos, porque não aguentávamos mais os assaltos e arrombamentos. O local era frequentado por usuários de drogas, os porteiros tinham medo de trabalhar para nós", relata.

O aposentado Adenir Rodrigues, 70, confirmou a versão de Maria. Ele lembra de quando o espaço era aberto e dava acesso ao Shopping da Bahia (na época, Iguatemi).

Segundo ele, havia uma quadra esportiva frequentada por várias pessoas. Mas, por causa da ocorrência de crimes, os moradores plantaram vegetais e extinguiram a quadra. "Esta rua aqui é muito perigosa. Minha esposa foi assaltada há 15 dias, os casos são frequentes. Não concordo com a abertura do terreno", afirma.

Dona de uma banca de revista, que funciona em frente  à área, a comerciante Agnês Alfan, 54, também prefere que o espaço permaneça fechado. "A rua é tranquila durante o dia. Com um terreno aberto, não sei o que pode ocorrer", comenta.

O condomínio Residencial  Iguatemi foi construído pela OAS, em 1983. Fazem parte do empreendimento, os edifícios Porto Seguro, Porto Rico, Porto Belo e Porto Sol. Procurada pela equipe de A TARDE, a construtora não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/