18/03/19 10:08 - Atualizado há 5 anos
Por José Elias de Godoy*
No início de março, durante o carnaval, tivemos um arrastão em um condomínio, no bairro de Higienópolis, zona central da capital paulista.
O assalto ocorreu num prédio de classe alta, e o que mais chamou atenção foi a maneira com que acessaram o condomínio. A notícia do G1, do dia 07 de março de 2019, relatava o seguinte:
"Assaltantes invadem prédio em Higienópolis, bairro de SP, rendem moradores e fazem arrastão
Ao menos 15 assaltantes armados invadiram um prédio residencial no domingo (3) de carnaval, na região de Higienópolis, Centro de São Paulo, renderam os moradores e fugiram após fazerem arrastão em cinco apartamentos. As informações são da Polícia Militar (PM) e da Secretaria da Segurança Pública (SSP). A quadrilha, formada por homens e mulheres não identificados, entrou no condomínio, que fica na Rua Gabriel dos Santos por volta das 10h. Um apartamento no local pode custar até R$ 3 milhões.Para invadir o local, o grupo entrou pela garagem do prédio, depois de render um faxineiro e um porteiro. Os moradores dos apartamentos invadidos foram feitos reféns, colocados no 13º andar do edifício.”
Mais uma vez observamos que os bandidos se aproveitaram da fragilidade nas entradas do condomínio para invadirem o prédio. Na entrada de veículos, deve-se tomar um cuidado especial, uma vez que é um acesso de alta vulnerabilidade nos prédios.
Os funcionários devem ser orientados a NUNCA abrirem os portões de veículos identificando, simplesmente, os carros ou suas placas e, sim, verificando-se quem está dentro dos mesmos.
É aconselhável que os prédios possuam sistema de enclausuramento (duplos portões) e que estes sejam intertravados entre si. Dessa forma, o portão posterior será aberto somente após o fechamento do anterior. Tudo isso para permitir que os veículos sejam visualizados com maior detalhe, além de permitir o acesso de um carro por vez na clausura.
É importante que adquirir controles remotos do modelo anti-clonagem com sistema de identificação de moradores e veículos pela portaria, além de possuir acionamento de pânico em sua botoeira a fim de informar o porteiro sobre qualquer situação emergencial.
Tais entradas devem ser monitoradas por câmeras de CFTV, além de possuir sistemas de interfonia e controle de acesso informatizado e biométricos no interior do enclausuramento.
Para tanto faz-se necessário que tais equipamentos estejam ligados e em perfeito funcionamento a fim de não ser surpreendido por ações delituosas deste estilo.
Os gestores dos condomínios devem estar atentos para que os equipamentos não falham. Por isso a importância da manutenção, quer seja a preventiva ou mesmo a corretiva, para que tudo funcione corretamente, sem surpresas no momento de necessidade e urgência.
Ao efetuar a limpeza externa, o faxineiro deve estar atento a toda e qualquer movimentação estranha, avisando qualquer atitude suspeita aos demais colaboradores, além de se manter todos os portões fechados. Qualquer movimentação suspeita, deve ser acionada a Polícia Militar, pelo telefone 190.
Acrescido a isto, deve-se ter uma seleção e recrutamento eficiente no que diz respeito aos funcionários do condomínio, aliado à obrigatoriedade em treiná-los.
Muitos síndicos acham desnecessário gastar com cursos específicos, buscando-se uma especialização. É um engano, pois onde existem pessoas prestando serviços para outras, a única forma de se modificar comportamentos distorcidos é através de um bom treinamento, que deixa de ser um gasto para ser um excelente investimento.
Isso porque o retorno chega através de uma maior qualidade na mão-de-obra de portaria, acarretando com isto um nível satisfatório de segurança para todos os condôminos.
Agindo preventivamente é que se poderá minimizar esses riscos e dificultar o acesso daqueles que querem se aproveitar dessas vulnerabilidades e nos fazer vítimas de suas artimanhas.
(*) José Elias de Godoy é especialista de Segurança em Condomínios e autor dos livros “Manual de Segurança em Condomínios’’ e “Técnicas de Segurança em Condomínios”.