Manutenção

Blocos interditados

Condomínio no Recife passará por outra avaliação de suas rachaduras

Por Mariana Ribeiro Desimone

segunda-feira, 27 de maio de 2013


Defesa Civil do Recife avalia evolução das rachaduras em prédio ameaçado

Técnicos voltam ao conjunto no Arruda, Zona Norte, nesta segunda (27). Moradores de outros blocos temem ter que deixar os apartamentos.
 
Moradores dos outros 12 blocos do conjunto residencial Eldorado, no Arruda, Zona Norte do Recife, estão apreensivos e temem ter que desocupar os apartamentos. Dois edifícios do condomínio – o A1 e A2 – foram interditados na última sexta (24) sob risco de desabamento. Eles apresentam rachaduras na estrutura e serão demolidos, segundo a Defesa Civil. O laudo com a situação do prédio deve sair em 10 dias. Técnicos da Defesa Civil terminaram a avaliação no último sábado (25), mas voltaram ao conjunto na manhã desta segunda (27) para avaliar a evolução das fissuras identificadas nas paredes dos blocos isolados.
 
"A gente vem percebendo pequena evolução [nas rachaduras] do A1. No A2 é mais questão de prevenção porque os blocos são conjungados. Ainda não temos previsão [de demolição] do A1", disse a gestora de análise tecnológica da Defesa Civil do Recife, Elaine Holanda. Ao todo, o residencial tem 14 blocos e 224 apartamentos.
 
Morador do bloco C1 há 17 anos, o aposentado Carlos Gomes contou, na manhã desta segunda (27), que o fim de semana foi de muita tensão para todos. “Não sai uma hora sequer de casa, meus filhos ainda vieram aqui, mas não quis sair. A gente não está dormindo. Qualquer zuada na rua, a minha mulher acorda assustada achando que é o apartamento. A gente espera que se resolva tudo, a gente está disposto a tudo”, disse.
 
Ele lembrou que moradores dos blocos C1 e C2 chegaram a contratar uma empresa de engenharia para avaliar a estrutura do prédio há cerca de seis meses. “Na época, disseram que custava mais de R$ 40 mil, os moradores não tinham condições, mas também ninguém imaginava que ia acontecer o que aconteceu. Eu agora pago o que for para não perder meu imóvel”, afirmou Gomes.
 
Quem também não consegue dormir é a comerciante Simone Carvalho, do apartamento 03 do bloco C2. A moradora aponta que o entorno do prédio tem problemas de rachaduras, assim como a calçada cedendo.
 
“Há 15 dias, diziam que o A1 estava aparentemente seguro. Quando perguntei para a Defesa Civil, disseram que meu prédio está aparentemente sem riscos. Aparentemente? Eu já pensava em me mudar, agora estou desesperada”, explicou.
 
A autônoma Patrícia de Souza, vizinha de Simone, lembra que pensou estar tendo um incêndio quando os moradores saíram correndo do bloco A1. “Eu não dei importância na hora. A gente fica assustado, quem não fica? Rezo para que não tenha nada no meu apartamento, eu ainda estou abalada, só cochilo um pouco”, relatou.
 
A representante comercial Nadja Célia, moradora do B1, bem ao lado dos dois blocos interditados, diz não ter tido tempo sequer de ter medo. “Eu estava mais preocupada com meus vizinhos. Abri minha casa para eles, para usar o banheiro, tomar água, café. O pessoal da Defesa Civil passou por aqui no mesmo dia, disseram que vão disponibilizar o laudo para todos, mas vamos ter que ir buscar”, disse.
 

Vigília

 
As lembranças da última sexta (24) não saem da cabeça do encarregado de eletromecânica Antônio Cordeiro. Morador do bloco B2, Cordeiro saiu de casa sem imaginar que não teria um teto para onde voltar. “Você fica perdido, sem rumo, desorientado. Estou na casa do meu cunhado, no bloco C1. Fica todo mundo preocupado, se aconteceu com um, pode acontecer com os outros”, comentou.
 
No sábado (25), Cordeiro foi autorizado a entrar no apartamento para tirar os pertences, mas ainda assim vigia o tempo todo o imóvel. “A gente tem que ficar de olho. É muito ruim você olhar seu imóvel ali e não poder fazer nada. Nós [moradores do A1 e do A2] tivemos uma reunião ontem [domingo] com um advogado, hoje [segunda] vamos nos reunir para saber o que fazer”, acrescentou.
 
Segundo os moradores, a Defesa Civil do Recife fará avaliação, inclusive para ver se os moradores do bloco A1 podem entrar para pegar seus pertences.
 
Para a interdição dos blocos, o órgão se baseou nas estruturas comprometidas e rachaduras observadas no A1, além do histórico do residencial, que consta com uma vistoria laboratorial realizada pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep), em 2008. O laudo mostra que o grau de risco do conjunto residencial foi classificado como muito alto.

Fonte: http://g1.globo.com/