21/05/21 11:31 - Atualizado há 3 anos
A pandemia e seus reflexos desastrosos na população podem ter o poder de aflorar nosso lado mais humano. Logo a solidariedade aparece também, e esse sentimento compartilhado dentro dos condomínios pode se transformar em campanhas beneficentes de sucesso.
O síndico, como grande líder da massa condominial, pode mobilizar os moradores em prol de uma causa maior e colaborar muito para ajudar quem precisa.os benefícios são enormes tanto para quem recebe a ajuda quanto para melhorar a convivência entre os vizinhos.
Nesta matéria, você vai encontrar um passo a passo de como conduzir uma ação social dentro do seu condomínio e ter exemplos práticos de síndicos que colocaram a mão na massa, para se espelhar, e ver que sim, é possível fazer isso virar realidade.
Logo no início da pandemia, o condomínio do síndico profissional Sylvio Levy decidiu unir atividades de lazer gratuitas (e sem aglomeração), como a "Balada na Sacada" e a "Música na Janela", com ações para arrecadar roupas e alimentos.
Meu papel sempre foi fazer um 'meio de campo' e estimular os condôminos. No final, a minha torre foi a que teve uma maior adesão", conta.500 marmitas por semana para moradores de Paraisópolis, bairro da periferia de São Paulo, e também se estendeu para funcionários do próprio condomínio.
manter as pessoas ativas, se ajudando constantemente."Com o tempo, percebemos que muitas pessoas próximas estavam passando por dificuldades durante a pandemia", afirma Sylvio.
"Nós temos um método de rodízio entre as torres que estimula a participação. Quando chega a vez do meu prédio contribuir, as pessoas já estão ansiosas para voltar a participar".
melhora nas relações entre os condôminosajudar financeiramente quanto na parte de entrega dos alimentos".Para Sylvio, o trabalho voluntário já é algo presente no seu dia a dia e isso o faz se sentir "mais completo".
"Foi uma demanda dos moradores", conta o síndico profissional Alexandre Prandini sobre a campanha de arrecadação que hoje está sendo organizada no seu prédio em parceria com a CUFA (Central Única das Favelas).
escolha da instituição e Prandini destaca a importância desse aspecto.
logística de entrega direta. Os organizadores estão dentro das comunidades, sabem quem precisa mais, então entregam diretamente para quem está precisando. "contar com a ajuda dos condôminos e unir as ações em prol de uma boa causa é um enorme potencial que um síndico tem nas mãos. "Quando você tem a possibilidade de viabilizar a ajuda ao próximo, isso vira uma obrigação", argumenta. mudança nas relações entre as pessoas em um ambiente de coletividade.
agente solucionador do todo e perde o sentimento de atrito."
Publiquei um stories no meu Instagram dizendo que a situação dessas pessoas estava ainda mais fragilizada, por isso, eu compraria uma certa quantidade de cestas básicas para ajudá-las. Quem pudesse contribuir poderia fazer a compra direto com a empresa ou realizar um depósito, que eu mesma faria a encomenda.""feliz surpresa": amigos, condôminos e até escritórios jurídicos começaram a se mobilizar em prol da causa.
"Juntos conseguimos arrecadar 153 cestas básicas em três dias. A intenção inicial seria arrecadar 50 cestas, e essa quantidade eu consegui em duas horas após o início da campanha."
As cestas foram destinadas a duas ONGs: 50 para o Instituto Eclésia Movement e 80 para o CEDECA Osasco, que atendem famílias e crianças no Jardim Munhoz Júnior. O restante foi distribuído por conta própria.
fomos responsáveis por tranquilizá-los, pelo menos por alguns dias, com comida na mesa", relata.Anna Maria Cáfaro foi criada numa família em que ações sociais sempre foram importantes e, de maneira natural, manteve isso quando se tornou síndica.
Desde 2015, o seu condomínio auxilia as Casas André Luiz, instituição que atende pessoas com deficiência e dificuldades financeiras.
A parceria já rendeu diversas iniciativas:
A síndica estimula os moradores a fazerem as doações através de comunicados e outros aspectos visuais no elevador.
Chama bastante a atenção e eu acho que ajuda muito. Todo mundo se estimula com o impacto visual." essencial fazer todas as ações constarem nas atas do condomínio para a sua continuidade e ainda conta que os condôminos adoram esse tipo de iniciativa. Para ela, realizar ações sociais dentro de condomínios é uma obrigação de todos os síndicos. "Temos várias responsabilidades, mas somos cidadãos também", diz.
Vivemos em um país com tanta má distribuição de renda, com um abismo social enorme. Não tem como não arregaçar as mangas para diminuir essa distância."
Ela afirma que tanto a organização da logística quanto o estímulo para que as pessoas participem da ação são extremamente importantes. Oferecer mesas de doces e também café da manhã para a alimentação após o procedimento pode funcionar como incentivo.
escolher uma instituição parceira que já possui práticas internas de condomínios e criar um agendamento para evitar aglomerações é essencial e uma preocupação sempre presente nas ações."Utilizei o próprio salão de festas do prédio, criando um clima bem acolhedor desde a entrada: com balões formando um coração ou decoração de acordo com a ação planejada."
repercute positivamente entre os condôminos e funcionários, como também inspira outros condomínios a fazerem o mesmo.
bom líder é inspirar as pessoas ao seu redor. E, quando há um interesse do gestor em desenvolver o bem-estar coletivo, a comunidade responde à altura."chá de fraldas para os funcionários, campanhas de alimentos para abrigos, eventos com aniversariantes do mês e ações ligadas à saúde voltadas tanto para os moradores quanto para os próprios trabalhadores do prédio.
A síndica profissional Debora Ravani sempre promove ações sociais em parceria com várias instituições dentro do seu condomínio: com as Casas André Luiz, com o Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) e também com a ONG UNAS Heliópolis.
Ela realiza desde arrecadações de roupas e alimentos até de bijuterias para a confecção dos "kits de amor", que são entregues ao CMEC.
Debora conta que lida com vários perfis de moradores, até mesmo com os que não se animam a contribuir, mas isso nunca tira a sua esperança.
a publicidade e a tecnologia acompartilha as doações já recebidas. Durante o isolamento, criou formas de ajudar os condôminos a realizarem as doações de maneira on-line."Por conta da pandemia, muitos não querem se expor em supermercados. Então divulgo site de fornecedores de cesta básica, onde os condôminos podem comprar online e receber no condomínio."
humanização da sua gestão reflete diretamente na vida condominial e na sua própria visão sobre si mesma. Ela diz que se sente grata por seu trabalho estar espalhando amor, solidariedade e empatia dentro e fora dos edifícios.
"Os moradores passam a perceber que um condomínio não se trata só de deliberações de assembleias ou de áreas compartilhadas e mantidas por todos: também é um espaço onde é possível implantar e estimular o bem ao outro."
Dependendo da campanha (Inverno, Dia das Crianças ou Natal), são arrecadadas roupas, calçados, brinquedos, cobertores etc.
Os itens são recolhidos pelo caminhão do Exército e encaminhados para os projetos sociais mantidos pela instituição e também para um bazar, cujo valor obtido com as vendas é revertido em outras ações sociais.
Para o seu condomínio participar, é muito simples e rápido. Acesse a página do Exército de Salvação no SíndicoNet e faça seu cadastro.
Fundada em 1865, a organização internacional está presente em mais de 130 países e atua no Brasil desde 1922, assistindo pessoas em situação de vulnerabilidade, promovendo projetos educacionais, programas de capacitação profissional, lares para idosos, entre outros.
Telefone e e-mail (de acordo com a sua região): http://cufa.org.br/faleconosco.php
Telefone: (11) 97375-2882 ou (11) 99705-2135
E-mail: iem@institutoeclesia.org.br
E-mail: faleconosco@casasandreluiz.org.br
Telefone: (11) 3180-3737
E-mail: contato@cmecmulher.com.br
E-mail: comunicacao@unas.org.br
Fontes consultadas: Taula Armentano (síndica profissional), Alexandre Prandini (síndico profissional), Anna Maria Cáfaro (síndica moradora), Debora Ravani (síndica profissional), Sylvio Levy (síndico profissional), Larissa Lacerda (síndica profissional), Christiane Romão (gestora predial)