Descarte correto de óleo

Coleta e descarte de óleo em condomínio

Separar o óleo de cozinha é bom para o condomínio e essencial para o meio ambiente

Por Mariana Ribeiro Desimone

17/02/17 11:49 - Atualizado há 5 anos


O descarte incorreto do óleo que usamos na cozinha de casa pode ser extremamente prejudicial para o meio ambiente.

Se um litro de óleo entrar em contato com um rio, por exemplo, pode contaminar 1 milhão de litros de água.

Vamos combinar: é a perfeita imagem de desequilíbrio ambiental.

E no caso dos condomínios, o problema é ainda pior. Além do dano ambiental, o descarte errado também gera prejuízos financeiros e transtornos, já que o mesmo danifica e entope as tubulações.

A boa notícia é que a opção por um descarte correto é mais simples do que se imagina e fácil de ser implementada em condomínios.

Os 3 passos para o descarte e coleta de óleo em condomínios

  1. DESCARTE: para descartar o óleo usado na cozinha é preciso esperar que o mesmo esfrie para, então, colocá-lo, com a ajuda de um funil, em uma garrafa PET.
  2. ARMAZENAMENTO: quando a garrafa estiver cheia, o morador deve ser orientado a destinar a garrafa no local estipulado pelo condomínio como ponto de coleta.
  3. COLETA: atualmente, há diversas entidades - em diferentes regiões - que fazem o trabalho de retirada do óleo de cozinha no local. O condomínio deve buscar firmar uma parceria com uma dessas empresas para que o processo seja devidamente implementado.

O síndico não precisa aprovar em assembleia a coleta seletiva do óleo, mas é interessante aproveitar um encontro do tipo para iniciar a campanha de conscientização sobre o assunto.

“Aproveitar aquela assembleia que decide as vagas de garagem, que tem bastante adesão é uma ótima oportunidade. Chamar uma ONG que fale por 10 ou 15 minutos sobre o assunto já ajuda bastante”, sugere Geraldo Bernardes, diretor de Sustentabilidade Condominial do Secovi-SP.

Como as empresas de coleta de óleo trabalham

“Quem faz o descarte correto transforma um problema em solução. Esse óleo usado, sem nenhuma serventia a princípio, pode virar tinta, verniz, ração para animais e até biodiesel, usado em aviões, além de contribuir com o trabalho dos coletadores”, explica a fundadora e atual presidente da Ecóleo, Célia Marcondes, que também é advogada ambiental. 

A entidade faz a ponte entre os condomínios e os coletadores em todos os bairros de São Paulo. Esses profissionais, devidamente cadastrados na ONG, são chamados pelo condomínio para fazer a retirada, quando o recipiente que armazena o óleo – conhecido como "bombona" – estiver cheio. 

Conforme explica Célia, há duas formas de guardar o líquido: direto na bombona ou armazenado em garrafas PET dentro da bombona. Neste caso, o plástico também é reciclado.

Além disso, o óleo é rastreado. Isso permite saber para onde aquele produto foi encaminhado e maisno que ele se transformou. 

Atualmente a Ecóleo coleta 2,5 milhões de litros de óleo por mês em São Paulo e ainda recolhe o dejeto de outros estabelecimentos, como empresas e restaurantes.

“Parece muito, mas é apenas 10% do que jogamos fora aqui. Nossa meta é arrecadar 100%”, argumenta ela.

A Giglio é outra entidade que faz o trabalho de retirada do óleo dos condomínios. Dos empreendimentos é cobrada apenas a bombona – cerca de R$ 60 – e o condomínio chama a empresa para retirar o óleo quando o recipiente estiver cheio. O óleo nesse caso também é rastreável.

“A cada bombona de 50 litros cheia, trocamos por 20L de produtos de limpeza. Optamos por cobrar o recipiente porque infelizmente demora bastante para que as mesmas se encham”, justifica Adriano Mello, supervisor de coleta da empresa. 

Para Célia, os condomínios devem buscar parceiros sérios no primeiro momento, não focando apenas na troca como vantagem.

“É importante sabermos principalmente a destinação correta do óleo. É isso que o síndico precisa priorizar ao procurar alguém para fazer essa coleta no condomínio”, assinala.

Há casos em que o óleo é doado pelo condomínio para causas específicas.

Em Curitiba, por exemplo, a Arquidiocese local faz esse trabalho de coleta do óleo em condomínios, vende o material para empresas que reciclam, e o dinheiro é revertido para as causas locais

certificado de destinação a quem doa o óleo, para que todos fiquem tranquilos quanto ao que será feito com o produto.

Vantagens para o condomínio

As administradoras também podem ajudar os condomínios que desejam implantar a coleta de óleo usado.

“Para quem for implantar essa coleta nos condomínios residenciais é importante salientar, além da questão ambiental, os ganhos econômicos para o condomínio”, assinala Fernando Fornícola, diretor da administradora Habitacional.

Fernando lembra que ações desse tipo devem impactar periodicamente o condomínio, mas ressalta: o benefício é tanto em prol da natureza como daquela comunidade.

“Deixar claro que o condomínio vai economizar no médio e longo prazo – com cuidados em relação ao encanamento e à limpeza da caixa de gordura, por exemplo – ajuda a manter o interesse e a responsabilidade dos moradores no assunto, além, é claro, da contribuição com o meio ambiente, que é fundamental”, argumenta ele.

Como escolher o parceiro

Para ele, também é importante que o síndico escolha um parceiro que não “deixe o condomínio na mão” e faça a destinação correta do dejeto.

“Opte por um parceiro que seja bem-estruturado e que não vá demorar duas semanas para retirar o material”, aconselha Fernando.

Além de fazer as coletas com pontualidade, selecione um parceiro que ofereça a possibilidade de rastrear esse óleo, dando um fim correto ao mesmo.

"O mais importante é saber que esse óleo não vai contanimar a água e o solo. Pelo contrário: contribuirá para a criação de oportunidades", ressalta Célia da Ecóleo.

Ao entrar em contato com uma entidade, você também pode conversar com os síndicos que já adotaram esse tipo de parceria no condomínio. Dessa forma, é mais fácil saber quais os pontos fortes e fracos do parceiro e se o mesmo realmente faz o descarte correto do óleo.

Como envolver mais pessoas

Para dar continuidade à ação de descarte e coleta de óleo, também é interessante e válido montar uma comissão de sustentabilidade para cuidar do assunto, que pode englobar outras ações do condomínio, como coleta seletiva, uso consciente da água e a troca de lâmpadas comuns pelas de LED.

“Se reunindo uma vez por mês e acompanhando resultados, como o volume de arrecadação do óleo e de outros materiais, além de comunicar à comunidade sobre esses números e o impacto positivo que isso gera no meio ambiente, com certeza incentiva os moradores a seguirem as boas práticas”, conclui Geraldo, do Secovi.

Esse tipo de ação continuada é fundamental para que os moradores não desistam do descarte correto do óleo.

“Percebemos que em locais onde há mais comunicação para os moradores, há maior engajamento”, afirma Maria Antonieta Storimo, gerente da Lirium, entidade que também faz o recolhimento do óleo em condomínios.

Veja os sites das entidades citadas na matéria e outras que fazem o recolhimento do óleo de condomínio

Outras regiões: além dessas, há diversas entidades espalhadas pelo Brasil que realizam esse tipo de serviço. Com uma busca no Google é possível encontrar empresas ou serviços na sua região.

Fonte: Célia Marcondes, fundadora e atual presidente da Ecóleo, Adriano Mello, supervisor de coleta da Giglio, Jefferson Moreira, estagiário de engenharia ambiental do projeto EcoSolidariedade, Geraldo Bernardes, diretor de Sustentabilidade Condominial do Secovi-SP, Maria Antonieta Storimo, gerente da Lirium, Fernando Fornícola, diretor da administradora Habitaciona, Carla Neiva, do SecoviRio