Confira informações sobre como funcionam os poços artesianos, junto de dicas e orientações para o consumidor
Por Mariana Ribeiro Desimone
22/10/14 08:47 - Atualizado há 2 anos
O que é um poço artesiano?
Os poços artesianos são mais profundos que os comuns. Para chegarem até a água, os poços artesianos podem ter profundidade de 100 a 1.500 metros. Os poços comuns (também chamados cisternas ou cacimbas) dificilmente têm mais de 20 metros.
O artesiano tem vazão de água até mil vezes superior que o comum: 2 m3 (2 mil litros) em média. A vida útil fica por volta de 40 anos.
É perfurado com máquinas, por empresas especializadas. São necessários de 2 a 4 caminhões para a operação.
Para a perfuração, necessita-se de uma área de 7 metros de largura por 25 metros de comprimento.
O poço artesiano convencional não requer bombas, porque a água jorra. É revestido com tubos de aço, e requer um filtro especial.
Poços semi-artesianos: normalmente de profundidade menor que a do artesiano, não são jorrantes de água. Precisam de uma bomba para trazer a água até sua superfície.
É um investimento alto e de certo risco, já que em uma pequena porcentagem dos poços cavados não se encontra água.
Poços micro-artesianos: nome comercial para poços comuns (manuais) mais profundos, com até trinta metros.
Por quê traz economia?
Deve-se pesar os custos no caso de se necessitar uma bomba d'água (produto, manutenção e energia elétrica), e os custos adicionais para as instalações hidráulicas que ligarão o poço à rede do condomínio.
O custo de perfuração de um poço artesiano é alto, mas a longo prazo barateia os custos com a água: o condomínio terá sua própria fonte, desvinculando-se parcialmente da companhia de fornecimento local. Se o poço suprir totalmente as necessidades, paga-se à companhia apenas a taxa de esgoto.
Uma outra vantagem é a garantia do abastecimento durante racionamentos de água em épocas de maior consumo, como o verão principalmente em grandes condomínios. Desse modo, minimiza-se a necessidade de contratar carros-pipa.
Perigos e precauções
Existe uma probabilidade, embora pequena, de contratar uma empresa para perfurar o poço artesiano, e não encontrar água. Ainda assim, o condomínio terá de arcar com os custos da perfuração. Também há uma pequena possibilidade de o poço não ter um volume de água satisfatório.
Por outro lado, algumas das empresas perfuradoras desenvolvem contratos de risco: o solicitante só pagará pela água recebida. Caso não haja água no local, não perde nada. A empresa cobra pelo líquido fornecido, como se fosse uma companhia de água. Neste caso, o poço vale mais como uma garantia de abastecimento.
Para que a perfuração não abale a estrutura física do edifício, a empresa contratada deve realizar uma boa análise do terreno antes de perfurá-lo. O solo de calcário pode ceder, se retirada água de cavernas subterrâneas.
Em algumas áreas de Recife (PE) é proibida a perfuração. Em virtude da utilização excessiva das águas subterrâneas, há risco de esgotamento e salinização.
Em São Paulo (SP), já foram relatadas contaminações de lençóis freáticos, causadas por vazamentos em postos de gasolinas próximos. O controle constante da qualidade da água é necessário.
Providências importantes
No Estado de São Paulo, para fazer a perfuração, é preciso uma autorização (chamada outorga) do DAEE, Departamento de Águas e Energia Elétrica. Em geral, a empresa contratada se encarrega de obter esta autorização. É bom garantir que este item conste do contrato.
Assim que o poço começa a funcionar, ele precisa ser registrado no DAEE, para ter licença de uso. Esta parte é de responsabilidade do contratante.
Confira se a empresa contratada está cadastrada no CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), e se contribui para a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas). A consulta pode ser feita pelo telefone (11) 3104-6412 ou no site www.abas.org.
Certifique-se da existência de assistência técnica.
Comprove se a empresa tem seguro de responsabilidade civil geral, para o caso de acidentes.
Verifique se o seguro do prédio vai necessitar mudanças.
Informe-se sobre a estrutura técnico-operacional e se está equipada com gerador próprio para testes de vazão.
Observe se há uma frota de caminhões-pipa. São eles que fornecem a água necessária para os trabalhos de execução do poço.