Aldo Junior

Condomínio não pode ser uma "ilha da fantasia"

Artigo alerta para o perigo dos síndicos abrirem exceções só para agradar os moradores. No futuro, as coisas podem se complicar

Por Thais Matuzaki (edição)

16/06/22 05:33 - Atualizado há 2 anos


Por Aldo Junior*

Em meados de 1978, uma série americana fez um estrondoso sucesso na TV brasileira chamada “Ilha da Fantasia”.

A estória se desenvolvia em torno de um anfitrião de uma ilha, que realizava todos os desejos de seus hóspedes. O senhor Roarke e seu auxiliar, o pequeno Tattoo,  sempre  simpático e impecavelmente vestidos de smoking branco, esperavam por seus convidados. 

fantasias sempre tinham um preço a pagar, tal como as atitudes irresponsáveis e unilaterais de um síndico. 

síndicos perigosamente também realizam algumas vontades dos seus condôminos, sem mensurar os riscos que correm. 

normalmente são exceções que no futuro podem causar inúmeros dissabores ao gestor. 

Exemplo prático de pedidos/exceções atendidas pelo síndico e os riscos

Estas são algumas realizações de “fantasias” que podem complicar os síndicos em qualquer momento:

Sabe por quê?

surgem como uma ajuda descompromissada, podem no futuro se tornar um motivo de discórdia entre o síndico e este condômino beneficiado, simplesmente por causa do precedente

síndico, não permitir qualquer outra “fantasia” daquele condômino, por qualquer motivo que seja, o mundo cairá sobre a sua cabeça. 

Me recordo numa assembleia de um condômino que, literalmente, entregou um síndico sem nenhuma piedade.

Aquele inocente condômino, na situação de inadimplente, cercou o síndico e o pediu para liberar multas e juros, obtendo êxito na sua abordagem.

Nosso amigo síndico, achando que tinha tal autonomia e poderia fazer a concessão, cedeu a pressão liberou as multas, juros e correções do devedor. 

Pois é, o mundo gira.

Meses depois, numa assembleia, um outro morador também solicitou desconto nas taxas vencidas, mas teve o pedido negado pelo mesmo síndico. 

O morador que outrora havia sido beneficiado, questionou o síndico: 

"Como assim? Não estou entendendo sua posição. Você liberou minhas multas e juros há alguns meses, e agora não quer abrir mão para meu vizinho? Ele tem o mesmo direito que eu, senhor síndico! “. 

Sem qualquer possibilidade de resposta ou justificativa, o síndico se sentiu tão humilhado que naquele momento, na presença de mais de cinquenta moradores, pediu renúncia do cargo e saiu cabisbaixo da reunião. Em seguida, vendeu seu imóvel e se mudou do condomínio meses depois. 

Moral da história

condômino que você beneficiou poderá deixá-lo numa situação constrangedora. 

Dica: Não faça do seu condomínio uma “ilha da fantasia”, onde todos os desejos dos condôminos são realizados. Simplesmente seja profissional!

(*) Aldo Jr. também é conhecido como Dr. Condomínio.