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Condomínios clube

Concorrência do tipo deixa clubes de Salvador com menos sócios

Por Mariana Ribeiro Desimone

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015


Opções no verão, clubes de Salvador 'disputam' com lazer de condomínios

Moradores ouvidos pelo G1 afirmam preferir curtir a comodidade de casa.Donos de clubes acreditam que 'boom imobiliário' reduziu novos associados. O surgimento de condomínios residenciais com ampla área de lazer, incluindo piscina, quadras poliesportivas e áreas de convívio social tem sido cada vez mais comum em Salvador. "Se avaliarmos de cinco anos até agora, a quantidade de unidades lançadas na capital baiana com características de clubes cresceu de 30 a 40%", afirma o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi - BA), Luciano Muricy Fontes. Desse modo, as unidades residenciais se parecem cada vez mais com os clubes da cidade, que, em sua maioria, são representados por associações de classe e/ou de empresas. Nestes casos, os espaços não são opções para quem não é associado e quer apenas curtir o sol de um fim de semana. O alto investimento feito pelo mercado imobiliário em áreas de convivência externa de lazer tem levado clubes tradicionais da capital a buscar estratégias para atrair novos sócios e, em alguns momentos, se reiventar.

Um dos clubes mais tradicionais de Salvador, o Espanhol passou dois anos e meio fechado, o que acarretou em uma redução de associados, conforme apontou o presidente do Centro Espanhol, Humberto Campos em entrevista ao G1. Além do período de fechamento, ele também atribui a diminuição dos associados à administração de antigos dirigentes, além das mudanças de hábitos da própria comunidade.

"Hoje os condomínios têm estruturas de lazer que não deixam em nada a desejar. Eles possuem piscina, quadra, churrasqueira e parques infantis. Em muitos casos, as pessoas optam por permanecer no conforto da sua casa para não enfrentar trânsito, imprevistos, possibilidade de assalto ou outro tipo de violência, com a ida ao clube", avalia Campos.

O gerente administrativo de outro clube de Salvador consultado pela reportagem, que preferiu não ter o nome divulgado, confessou que o desinteresse de muitas pessoas em se tornarem sócias tem sido crescente. Ele relaciona a queda da quantidade de associados também à ausência de programação noturna, como bailes e shows nesses clubes.

"Há 30 anos estávamos em um terreno menor e, como a procura era grande, resolvemos mudar de lugar. Hoje, temos uma extensão de área de lazer enorme, com chalés, quadras de tênis, de futebol, piscinas olímpicas e semi olímpicas, salão de jogos, entre outros ambientes de entretenimento que disponibilizamos aos quase três mil sócios, mas ficam lacunas em nosso clube por conta da baixa frequência. Tínhamos mais de cinco mil sócios em 2009. Com a dinâmica do mercado imobiliário de investir mais em áreas de lazer para os condôminos, enfrentamos uma dificuldade em manter esses sócios e conquistar outros possíveis", ponderou. O presidente da Ademi reitera a atratividade dos condomínios e a ampliação da oportunidade de aquisição dos empreendimentos.

"A área de convivência externa é um atrativo diferenciado, podendo ser até equiparado à área interna do imóvel", defendeu ao destacar também que os empreendimentos clubes têm alcançado todas as classes sociais. "Antes, não era possível uma pessoa de baixa renda fazer aquisição de um imóvel em um condomínio clube. Essa situação mudou. Até unidades que fazem parte do programa de governo já são cercadas por ampla estrutura de lazer", pontua.

Clubes como a Associação Atlética da Bahia, localizado na Barra, têm criado estratégias para fidelizar mais pessoas e atrair os antigos associados. Prova disso é a campanha de venda de títulos. Hoje, a Associação Atlética dispõe de apenas 250 títulos para a venda e o valor promocional dos títulos para novos associados é de R$5.500. Para os antigos associados, o valor de recuperação de títulos corresponde a R$3.500. A quantia pode ser parcelada em até 20 vezes de R$275. A moradora de um condomínio no bairro do Imbuí, Adda Daltro, 44 anos, é um exemplo de quem agora prefere a comodidade de desfrutar momentos de lazer no próprio condomínio a ter de se deslocar para um clube tradicional.

"Não sinto necessidade de clube ou praia. Eu posso descer com comida e refrigerante, por exemplo. Aproveito o tempo que tenho para tomar banho de piscina com as minhas filhas gêmeas. Também usufruo do quiosque, salão de festa e, meu filho joga futebol aos finais de semana na quadra. Me satisfaço com a moradia que tenho", relatou Adda, que antes passava o dia em um clube da cidade.

Entretanto, apesar de a regra da diminuição de clientes parecer uma situação geral, o Yacht Clube da Bahia com quatro mil sócios e 12 mil dependentes, é um dos clubes da cidade que driblam o efeito da infraestrutura de lazer oferecida pelo "boom imobiliário".

De acordo com informações da assessoria de comunicação do Yacht, o clube não tem mais títulos à venda. O sócio pode vender o título ao preço que quiser, mas o comprador precisa pagar ao clube a taxa de transferência mais a da inscrição, que somadas totalizam R$20.950 - além do valor da compra do título. Depois de efetuar o pagamento, o comprador pode usufruir de academia, barbearia, berçário, massoterapia e estética, salão de jogos e de beleza, sauna, além de cursos de natação, hidroginástica, pilates, dança de salão, stand up paddle e barco a vela.

Fonte: http://g1.globo.com/