01/07/21 07:32 - Atualizado há 3 anos
Por José Roberto Graiche Júnior*
Incentivar a sustentabilidade em espaços de convivência como condomínios residenciais requer um trabalho de conscientização, além de um debate maduro e informativo.
Por ser um assunto que levanta muitas objeções e também múltiplas sugestões, é necessário ter em mente que iniciativas nessa direção exigem esforços para mudar hábitos quando as novas medidas forem colocadas em prática, sendo fundamental articular propostas individuais e coletivas para alcançar soluções que de fato façam a diferença.
Um condomínio sustentável está baseado em três frentes que estão diretamente ligadas ao funcionamento e à rotina dos condôminos:
Discutir e estabelecer o uso consciente da água, além de ser uma das medidas mais importantes em termos de custos, impacta diretamente na sustentabilidade de um recurso tão essencial.
Em relatório divulgado em 2019, a ONU projetou que três bilhões de pessoas sofrerão com escassez hídrica em 2025. Devemos lembrar que fenômenos naturais como estiagem e crises hídricas são adversidades enfrentadas na nossa realidade.Diante disso, uma das primeiras soluções pensadas para os condomínios é a reutilização de águas das chuvas. Os prédios mais novos já possuem sistemas para captação e reuso. Para os edifícios mais antigos, a adaptação dessas ferramentas é viável, com instalações de sistemas de reserva e purificação.
Fazer essa adaptação gera um gasto inicial, mas a utilização da água para limpeza, rega de plantas e enchimento de piscinas certamente trarão economias futuras. Inclusive, a evaporação pode ser evitada em piscinas com o de uso de mantas térmicas modernas.
Outra medida importante no condomínio é a leitura e monitoramento diário do relógio d’água. Se houver aumento além dos padrões ou um vazamento, poderá ser rapidamente identificado e resolvido, evitando o desperdício.
Planilha demonstra consumo de água no condomínio
Os condomínios também podem substituir as descargas das áreas comuns pelas novas válvulas que limitam o fluxo hídrico entre três e seis litros.
Os moradores também podem adotar medidas de responsáveis, como:
Propostas que sejam comuns a todos podem ser feitas ao síndico, em assembleia geral ou comunicado oficial.
Ao lado do uso da água, uma ação sustentável que merece destaque é a redução de consumo da energia elétrica.
Soluções sofisticadas como painéis solares e fotovoltaicos têm surgido como oferta para condomínios para a geração de energia e fornecimento de aquecimento para as unidades.
O aquecimento a gás, por exemplo, tem muito mais impacto negativo para o meio ambiental. Entretanto, apesar de os painéis estarem mais viáveis economicamente, ainda são caros para alguns condomínios.
Nesse caso, focar na iluminação é uma medida acessível e redutora de custos de energia elétrica. Campanhas internas e de manutenção preventiva são simples e têm retornos positivos e num curto prazo para moradores e condomínio.
Também é recomendável que toda área comum tenha sensor de presença, para evitar desperdício. A troca das lâmpadas por opções de LED é viável e econômica, além da durabilidade e melhor iluminação.
O terceiro pilar, mas não menos importante, é o descarte correto do lixo e a coleta seletiva. Para condomínios preocupados com o funcionamento da reciclagem, deve-se ficar atento aos locais de coleta seletiva ou entrar em contato com as prefeituras que dispõem desse serviço.
Internamente, os síndicos podem instalar pontos de coleta de lixos eletrônicos e encaminhar às empresas que descartam corretamente, assim como medicamentos, capsulas de café e tampinhas plásticas, que são recolhidos e descartados por diferentes empresas.
Implementação e gestão de coleta seletiva no condomínioIncentivar iniciativas sustentáveis nos condomínios e entre os moradores, mesmo com pequenas premiações como uma cesta de café da manhã, mobilizam adultos e crianças e ajudam a trazer ideias diferentes para a administração do empreendimento, além de ser uma estratégia agradável.
Neste período mais recente em que vivemos, o isolamento social e um maior tempo de convivência entre as pessoas, certamente trouxe mais reflexão sobre o bem-estar e a saúde. Na vida em condomínio, é possível transformar pensamento em prática, levando em consideração ao mesmo tempo o meio ambiente e a melhor gestão de recursos.
(*) José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).