segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
De acordo com administradoras, condôminos querem pagar apenas o que consomem, mas falta de estrutura e custos dificultam medição individualizada Em tempos pós-festas, de IPTU, IPVA, matrícula e material escolar, qualquer economia é muito bem vinda, ainda mais quando o consumidor se vê obrigado a pagar por aquilo que não sabe se, de fato, utilizou. Este é o caso da conta de água em condomínios onde a cobrança não é individualizada, ou seja, a grande maioria. Estima-se que menos de 15% dos conjuntos residenciais da cidade de São Paulo, por exemplo, tenham medidores individuais de água.
“Fiquei o mês todo fora e agora tenho que arcar com uma conta alta por que os meus vizinhos resolveram gastar mais água no verão? Quero pagar somente pelo que gastei”, esta é uma das frases mais ouvidas nas assembleias de início de ano, segundo Raquel Tomasini, gerente da administradora Lello Imóveis, uma das maiores do país. “O assunto entra na pauta de oito em cada 10 reuniões, pelo menos. Os consumidores estão cada vez mais conscientes e querem saber exatamente o quanto gastaram e pagar somente por isso”, explica. Em geral, a conta de água representa 25% do valor da taxa condominial, ou seja, é um dos maiores custos dos conjuntos residenciais. Certamente, uma pessoa que mora sozinha não acha justo pagar o mesmo valor pela água consumida por uma família de cinco pessoas, por exemplo.
A SOLUÇÃO - A solução para acabar com a polêmica da conta de água é individualizar a cobrança, assim como é com a energia elétrica. Os edifícios novos já são entregues com a infraestrutura pronta para a instalação do sistema de medição por unidade. No entanto, tal implantação e gestão é de responsabilidade dos condôminos, se assim for decidido, o que requer investimentos. Já nos prédios antigos, que precisam de adaptações, o aporte é ainda maior. “O custo para implantar o sistema é o principal impeditivo em grande parte dos casos. Os condôminos querem economizar, mas não estão dispostos a investir, já que o retorno não é imediato”, afirma Tânia Regina Mendes, sócia-diretora da administradora Neon Imóveis. De acordo com Eduardo Lacerda, diretor geral da multinacional alemã Techem, líder global do mercado de soluções para individualização do consumo de água e gás, a implantação da cobrança de água por unidade pode ter uma excelente relação custo-benefício e resultar na valorização e liquidez do imóvel. A economia mensal é de até 40% para quem gasta abaixo da média de seu prédio, algo como 70% dos apartamentos. Quem gasta pouco, paga pouco. Quem gasta muito, tende a economizar, pois o impacto da conta leva à maior conscientização e,consequente, mudança de hábito. Todos saem ganhando”, explica. DICAS – Para obter sucesso na implantação da medição individualizadade água, alguns cuidados são fundamentais, pois, de acordo com as administradoras entrevistadas, os problemas pós-instalação derivam de falta de capacidade técnica e de estrutura das empresas que oferecem tal serviço. VISITA SURPRESA – Antes de selecionar empresas para a contratação, visite a sede de cada uma delas e certifique-se que elas têm infraestrutura adequada.DOCUMENTAÇÃO - Analise a documentação da empresa a ser contratada. Peça uma cópia do contrato social, pois a responsabilidade social do prestador de serviço, em caso de acidente, por exemplo, é proporcional ao capital que consta no contrato social. “Não esqueça de conferir o seguro de responsabilidade civil da empresa e certidões atualizadas”, lembra o diretor da Techem. REFERÊNCIAS – Busque conhecer outros condomínios onde o sistema da empresa a ser contratada já está implantado. TÉCNICOS – Confira se a equipe técnica é devidamente treinada e tem certificações. COMPRA – Segundo o especialista, a melhor opção é ter um único provedor para todo serviço de individualização de consumo, desde os medidores até o sistema de gestão. “Sendo assim, em caso de eventuais problemas, é preciso acionar apenas um responsável. Outro detalhe importante é: peça que a nota fiscal da venda de todos os componentes seja emitida por este único provedor, pois caso o documento referente aos medidores, por exemplo, for emitido pelo fabricante dos mesmos, em caso de problema, o condomínio terá que acioná-lo e o fornecedor da solução de individualização não assumirá nenhuma responsabilidade”, elucida. EQUIPAMENTO – É fundamental averiguar se os equipamentos estão certificados pelo INMETRO e Anatel, no caso de medidores com rádio acoplado. As tubulações e conexões precisam ser de primeira linha. TECNOLOGIA – Averigue se os medidores têm rádio acoplado sem cabos para a transferência de dados, que é a melhor tecnologia da atualidade. “Vemos que muitos sistemas apresentam problemas por não terem tecnologia adequada e acabam gerando prejuízos ao consumidor ao invés de economia”, finaliza Lacerda.