05/10/23 01:07 - Atualizado há 1 ano
Em geral, nos acostumamos a cometer um erro comum quando deixamos de abordar uma informação importante por acreditar que todos a quem falamos já conhecem bem o assunto e, por isso, nem precisam ser lembrados dele. Na relação entre pessoas, muitos têm a expectativa de que, nesse momento, entre em ação o senso comum, o bom senso, os usos e costumes ou o comportamento social.
Na verdade, um conjunto de regras busca viabilizar a caótica relação das pessoas em todos os ambientes por elas frequentados. Os aspectos mais relevantes dessas relações são tratados através de leis; outros são temas de regulamentos específicos de determinados grupos ou associações e os demais se tornaram uma prática comum, quase óbvios.
O citado erro comum também ocorre na vida em condomínio, hoje solução de moradia para milhões de brasileiros, entre eles um número cada vez maior de pessoas e famílias que recebem as chaves do seu primeiro imóvel adquirido na planta e experimentam o compartilhamento de ambientes e o aprendizado da convivência coletiva.
Por isso, por mais que pareça óbvio, pregar a cultura do respeito às pessoas e às regras do condomínio é necessário. Estimular o diálogo e a tolerância entre todos também é igualmente importante, para enfrentar com maior leveza os desafios que o condomínio reserva.
Assim, no uso do elevador, por exemplo, nunca será demais reforçar que, antes de subir, é necessário dar preferência para quem vai descer; que nunca se deve reter o elevador para uso exclusivo e que, como regra de boa convivência, não custa nada cumprimentar (ao menos com “um bom dia”) as demais pessoas que estejam na mesma viagem.
As leis, regras e regulamentos que tratam da vida em condomínio foram criadas para que houvesse o melhor equilíbrio possível nas relações entre condôminos e para demonstrar que os deveres são tão importantes quanto os direitos no uso do imóvel de cada um e das áreas comuns.
Isso se evidencia quando há barulho excessivo à noite, obras podem afetar a estrutura da edificação e cenas explícitas de desrespeito ao ser humano.
Por vezes, o comportamento de alguns condôminos nos faz pensar até que em determinados condomínios as leis que regem a vida dos cidadãos no mundo externo não valham para aquele ambiente com muros altos e cerca elétrica.
É o que mostram as notícias pelo Brasil em que condôminos, síndicos e funcionários de condomínios estão sob ataque, atingidos por ofensas verbais (pessoalmente e em redes sociais), ameaças, atos de discriminação, agressões físicas e tantas outras situações que por vezes se convertem em crimes contra a vida ou contra a honra das pessoas (calúnia, injúria ou difamação).
É preciso semear em todos os condomínios, em especial nos que estão sendo entregues e implantados, a cultura da paz e da boa convivência, situação que resumo em oito pontos:
O síndico, a administradora e o conselho devem reiterar entre os condôminos as recomendações para a boa convivência em condomínio, com respeito às regras e às pessoas.
Do contrário, quando surgir o primeiro caso de cada uma das inúmeras situações de conflito, que são previsíveis em condomínio, a resposta e a reação das pessoas poderão determinar graves problemas de relacionamento e até impacto na valorização do patrimônio. Por isso, no condomínio, o que parece óbvio tem de ser dito.
(*) Roberto Viegas é jornalista e palestrante especialista em mercado imobiliário e condomínios. Como diretor de Assuntos Corporativos, realizou mais de 200 implantações de condomínio pelo Brasil numa das maiores incorporadoras do País, onde foi responsável pelo relacionamento com clientes e pela seleção de administradoras de condomínio e de síndicos profissionais. Também é apresentador do videocast Vemmorar.br, no YouTube. E-mail: roberto.viegas@3rgt.com.br