Manutenção

Cuidando da rua

Em Salvador, condomínios devem cuidar das suas calçadas

Por Mariana Ribeiro Desimone

domingo, 10 de agosto de 2014


Donos de imóveis põem mão no bolso para arrumar calçadas

Desde que lançou o projeto Eu Curto Meu Passeio, em janeiro, a prefeitura de Salvador já notificou 3.087 donos de imóveis e condomínios - residenciais e comerciais -, de 70 ruas. O número equivale a cerca de 108 quilômetros de calçadas particulares a serem requalificadas.
 
Destes, aproximadamente 600 proprietários já executaram as melhorias previstas (por volta de 20 km). A estimativa de especialistas é que sejam gastos entre R$ 30 e R$ 100 por metro linear em cada reforma.
 
Síndico do prédio onde mora, na região do Iguatemi, o administrador Leonardo Barros estima gastar entre R$ 4 mil e
R$ 5 mil para adequar os cerca de 110 metros de calçada ao redor do residencial (entre frente, fundo e laterais).
 
Para esse valor, afirma não precisar lançar mão de taxa extra, mas lembra, no entanto, "que essa não é a realidade da maioria dos condomínios".
 
"Entre os condomínios hoje há uma grande inadimplência, e essa é uma despesa não prevista. Ao mesmo tempo, acredito que a sociedade deve participar de toda política voltada para a melhoria da nossa qualidade de vida", afirma. 
 
Segundo a subgerente de fiscalização da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) e coordenadora do programa, Ana Kelle Marques, a meta da prefeitura é comunicar, até 2016, o maior número de imóveis próprios em ruas com grande circulação de pessoas.
 
Com relação aos passeios públicos, o município dispõe de R$ 20 milhões para recuperar 120 km, no mesmo prazo. O objetivo da iniciativa, diz Ana Kelle, é promover uma maior acessibilidade e mobilidade na capital baiana.
 
"A população tem recebido muito bem o programa, as mudanças. Até solicitando que a sua rua seja incluída (notificada). O que é uma prova de cidadania. É preciso lembrar também que não adianta apenas recuperar (o passeio), deixá-lo bem-feito. Na verdade, diferentes tipos de pessoas precisam transitar pelas calçadas todos os dias", afirma.
 
A coordenadora explica que o projeto foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), com base nos padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas  (ABNT) de acessibilidade. E que os proprietários, quando notificados, recebem junto uma espécie de manual de instruções.
 
"Para-choque" de edifício
 
"Indicamos os materiais a serem utilizados, como concreto lavado, que é de baixo custo e tem uma maior durabilidade. Bem como as dimensões para que seja instalada a sinalização tátil para deficientes visuais", afirma Ana Kelle.
 
A favor de "tudo o que for para melhorar", o presidente da Associação Baiana das Administradoras de Imóveis e Condomínios (Abai), Manoel Teixeira, lembra que a calçada é o "para-choque da casa, do edifício".
 
O prazo de 90 dias, contados a partir do comunicado, para que os condomínios ou proprietários recuperem e façam as intervenções, no entanto, ele acha um pouco "apertado".  Em caso de não atendimento à notificação, a prefeitura de Salvador irá fazer a obra e cobrar do responsável o valor gasto, acrescido de uma multa de  30%.
 
"Às vezes, um prédio, o proprietário de um imóvel, não tem orçamento. Portanto, é preciso haver uma negociação maior. O prazo está muito curto, não coaduna com o tempo que estamos vivendo", diz Teixeira, referindo-se a um momento de economia desaquecida.
 
Para o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Luciano Muricy, trata-se de um "programa de inclusão pertinente, que conta  com o apoio da entidade".
 
"Abraçamos a causa. Essa semana eu já vi, em uma reportagem, acho, cadeirantes reclamando de que não tinham sido contemplados com rampas de acesso em trechos de calçadas já recuperadas. Isso tudo é participação", diz Muricy.

Fonte: http://atarde.uol.com.br/