Individualização de hidrômetros

Custos e gestão da medição individualizada

Por Mariana Ribeiro Desimone

16/12/10 02:04 - Atualizado há 6 anos


Chegou como boa notícia a lei 13.312 promulgada em 2016 pelo presidente Michel Temer: que as construtoras, a partir de 2021, deverão entregar todos os condomínios prontos para fazerem a individualização da leitura da água.

Já faz 15 anos que a individualização dos hidrômetros começou a ser uma vontade/necessidade dos condomínios.

“Além de ser mais justo, também agrega valor à unidade”, argumenta Raquel Tomasini, engenheira e gerente de produtos e serviços da administradora Lello.

Isso porque cada um fica responsável por pagar apenas o que consumiu, o que costuma beneficiar a maioria das unidades condominiais.

"Na média dos condomínios, 70% das pessoas serão beneficiadas, pagando aquilo o que consomem. Também é benefício para o síndico, já que, dependendo da empresa, as questões de consumo de água passam a ser geridas pela empresa parceira", exemplifica Eduardo Lacerda, gerente geral da Techem, empresa especializada no setor.

Essa conscientização dos últimos anos tem bastante ligação também com o elevado custo da conta de água.

"Antigamente as contas de consumo, em geral, não pesavam tanto no bolso como hoje em dia. Atualmente, essas despesas são o terceiro maior gasto do condomínio", analisa Gabriel Karpat, diretor da administradora GK.

MEDIÇÃO INDIVIDUAL EM CONDOMÍNIOS NOVOS E ANTIGOS

Em condomínios que tenham cerca de dez anos, ou pouco mais, é geralmente possível de se individualizar a leitura da água.

“Antigamente, os prédios eram construídos de outra forma, e havia várias prumadas para cada unidade. Por isso, algumas vezes, fica inviável fazer a medição: ficaria muito caro, pois é necessário um medidor por registro, o que pode encareder bastante a benfeitoria”, assinala Umberto Caruso, diretor da empresa Livet, especializada em individualização de água e gás em condomínios.

Outro ponto “contra” os condomínios antigos é a sua tubulação, muitas vezes de ferro galvanizado – já sofrendo pela ação do tempo.

Nesse caso, uma alternativa a ser considerada seria um retrofit hidráulico, de forma a contemplar a individualização e a melhoria do encanamento do condomínio como um todo.

Para Hubert Gebara, vice-presidente de condomínios do Secovi-SP, se a unidade precisar mais do que três ou quatro medidores, a individualização fica impossibilitada.

"Nesses casos, além de muito mais cara, há mais quebra-quebra, o que nunca agrada aos moradores", pontua ele.

Os empreendimentos mais novos já estão, via de regra, aptos a receber esse tipo de serviço. O que é necessário é contratar uma empresa para isso. 

Hoje, a medição em condomínios pode ser feita remotamente ou in loco. Por ser um sistema mais antigo, geralmente, um funcionário do condomínio, geralmente o zelador, faz a leitura de todos os medidores, e, assim, é calculado o consumo mensal da unidade.

“Não recomendamos esse tipo de leitura, já que ele é muito mais suscetível a erro. O mais indicado é optar por uma empresa que faça a medição de forma remota e automatizada”, explica Vania Dal Maso, gerente de condomínios da administradora Itambé.

Isso porque a leitura fica mais passíveis de erros: o funcionário pode se confundir ao anotar a leitura, por exemplo, e gerar uma cobrança equivocada. 

Além de não ser a forma mais confiável de se aferir o consumo, destacar o zelador para essa função pode trazer problemas para o condomínio.

“Isso pode configurar acúmulo de função, e fazer com que o condomínio seja alvo de ação judicial trabalhista no futuro”, alerta o advogado especialista em condomínios Alexandre Marques.

Em condomínios recém-entregues, o ideal é esperar para que pelo menos mais da metade dos moradores já estejam morando no local, já que é um investimento considerável – partindo de no mínimo R$ 450 por unidade, além dos cerca de R$ 5 mensais por unidade para a leitura do consumo.

CUIDADOS AO CONTRATAR EMPRESA DE INDIVIDUALIZAÇÃO

Escolher a empresa que fará a individualização e a medição do consumo de água envolve diversos fatores.

“Não adianta escolher só pelo preço. Os serviços são muito diferentes. Há que se comparar a tecnologia oferecida, o suporte que será oferecido aos moradores depois, também. Não dá para comparar uma empresa que tira uma foto por mês do medidor com outra que mede oito vezes por dia o consumo”, exemplifica Marco Aurelio Teixeira, gerente do setor de individualização da CAS Tecnologia.

É importante também que os medidores oferecidos pela empresa escolhida sejam “lidos” por outras companhias.

“Tivemos um caso há pouco tempo de uma empresa estrangeira que saiu do país e deixou cerca de 300 condomínios sem leitura, já que o hidrômetro em questão não era compatível com outras tecnologias. Todos tiveram que refazer seus sistemas, um prejuízo bastante considerável”, conta ele.

Além disso, o hidrômetro da empresa deve ser cadastrado na concessionária local.  

A empresa também deve contar com quadro próprio de engenheiros e oferecer ART para o síndico, além de contar com seguro de responsabilidade civil para qualquer eventualidade que ocorra.

Ainda falando sobre tecnologia, atualmente já é possível conferir em tempo real o consumo das unidades.

Muitas empresas têm se focado no desenvolvimento de aplicativos para melhor transparência do sistema de medição, além de estimular a economia e o uso racional da água.

“Outro ponto importante é que a empresa consiga explicar, de forma didática, seu serviço aos moradores. Vejo muita gente que não entende a medição de água individualizada. Já vi caso em que o zelador voltou a fazer a medição, por falta de entendimento dos moradores sobre o assunto”, conta o consultor condominial especializado em individualização de água e gás Marcos André Santos. 

Também é importante que o sistema de leitura da empresa “case” com o da administradora, analisa Gabriel Karpat.

“Pode parecer algo pequeno para os condôminos, mas dessa forma evitamos erros humanos ao máximo”, explica ele, já que, desse modo, os dados são migrados automaticamente pelo sistema, evitando, assim, erro humano.

 

 

Fontes consultadas: Raquel Tomasini, engenheira e gerente de produtos e serviços da administradora Lello, Eduardo Lacerda, gerente geral da Techem, Umberto Caruso, diretor da empresa Livet, especializada em individualização de água e gás em condomínios, Vania Dal Maso, gerente de condomínios da administradora Itambé, Alexandre Marques, advogado especialista em condomínios, Marco Aurelio Teixeira, gerente do setor de individualização da CAS Tecnologia, Marcos André Santos, consultor condominial especializado em individualização de água e gás, Gabriel Karpat, diretor da administradora GK, André Junqueira, advogado especilista em condomínios, Hubert Gebara, vice-presidente de condomínios do Secovi-SP