13/01/16 03:18 - Atualizado há 4 anos
A cada dois ou três anos, o portal SíndicoNet faz um levantamento entre seus leitores e usuários. As perguntas abarcam o máximo possível de temas referentes à vida em condomínio.
Assim, o SíndicoNet consegue seguir sendo esse companheiro, cada vez mais atualizado, para quem trabalha com gestão condominial.
O censo de 2015 foi respondido por 4.457 pessoas, em novembro de 2015. Entre os que participaram do levantamento estão síndicos, administradores, síndicos profissionais e outros gestores como subsíndicos e conselheiros do condomínio.
O resultado final nos trouxe algumas novidades sobre a vida em condomínios residenciais no Brasil, que você conhece a seguir.
A presença cada vez mais consolidada dos síndicos profissionais mostra que a profissão não é tendência de momento, mas que veio para ficar e atender à demanda de moradores cada vez mais exigentes e antenados com a gestão do condomínio.
Em condomínios novos, por exemplo, se em 2010 eles representavam a gestão de 5% dos condomínios, hoje chegam a 28% do total – um aumento de mais de 500%.
O aumento da demanda por síndicos profissionais também fez com que os mesmos também buscassem atualização constante: 63% deles buscam se capacitar por meio de cursos e eventos, ao passo que apenas 23% de síndicos moradores buscam esse tipo de capacitação.
Nova carreira Em 2015, o censo também questionou os motivos que levaram os interessados a ingressarem na carreira de síndico profissional. A grande maioria (68%) optou pela possibilidade de uma renda extra. 25% estavam insatisfeitos com seu trabalho anterior e 7% ficaram desempregados.
A remuneração Os rendimentos dos síndicos profissionais ainda variam bastante e dependem, principalmente, de quantos condomínios o profissional tem em sua carteira de clientes.
O gráfico abaixo ilustra bem essa diversificação:
“O síndico profissional muitas vezes não tem uma renda adequada ao tamanho da responsabilidade dele, talvez devido à falta de regulamentação da profissão. As pessoas não têm noção do volume do trabalho que dá administrar um condomínio”, assinala Alexandre Marques, advogado especialista em condomínios.
Como ser síndico de um condomínio é uma tarefa cada vez mais complexa, a experiência prévia dos que ocupam esse cargo hoje é cada vez mais importante.
Prova disso é que 60% dos que hoje são síndicos já exerceram a atividade antes em pelo menos uma gestão.
Apenas 22% dos que responderam ao levantamento do portal são síndicos de primeira viagem, ao passo que há cinco anos os “novatos” na função chegavam a somar 35% dos participantes.
“Realmente, é cada vez mais raro alguém começar a ser síndico. A função requer muita responsabilidade e conhecimento”, pondera Vania dal Maso, gerente de condomínios da administradora ItaBR.
Escolaridade Outro ponto que comprova o aumento da complexidade do cargo é o aumento da escolaridade dos síndicos: em 2010, apenas 17% dos que responderam às perguntas eram pós-graduados. Em 2015, 26% escolheram essa opção. Os síndicos com título universitário também aumentaram de 42% para 47%.
Idade A faixa etária foi outro dado que apresentou uma variação significativa. O percentual de síndicos com mais de 60 anos dobrou em cinco anos. Passou de 11% em 2010 para 22% em 2015.
Sexo
Contrariando o padrão do mercado de equilibrar o papel dos gêneros nos últimos anos, a participação feminina no cargo de síndico diminuiu. Em 2010 e 2013 o percentual de mulheres síndicas foi o mesmo, de 39%. Em 2015, essa fatia caiu para 32%.
Outro fato relevante da pesquisa foi a diferença nos resultados quando comparados por região. Enquanto no Sul e Sudeste a partiricipação feminina ficou na casa dos 34%, nas regiões Norte e Nordeste essa representatividade cai consideravelmente para 26%.
Veja nos gráficos abaixo:
Profissão Um item que pouco se alterou nos últimos levantamentos foi a profissão dos síndicos. A ocupação mais frequente é de administradores (16%), seguido de aposentados (13%) - uma evidência que vai de encontro aos dados demográficos já citados acima.
Advogados, engenheiros, servidores públicos terminam de encabeçar a lista.
Demais profissões, como profissionais liberais, professores, contadores, bancários, profissionais de TI, de marketing, etc., formam um grupo heterogêneo com aproximadamente 2% de representatividade cada, conforme mostra o item "outros" no gráfico abaixo:
Remuneração Também se destacou no atual levantamento o tipo de remuneração ou incentivos para o cargo de síndicos.
Em 2010, 58% dos que responderam às perguntas eram isentos de pagamento da taxa condominial, enquanto apenas 15% do total eram remunerados pela função.
Hoje essa situação se alterou: 38% são isentos e 35% dos síndicos participantes já são remunerados.
“O que se percebe é que boa parte da categoria de síndicos que eram isentos de taxa condominial migrou para a categoria dos remunerados, ressalta Julio Paim, diretor do SíndicoNet.
“A isenção é o mínimo do mínimo para o síndico. A remuneração, mesmo que do síndico morador, não é condizente com o cargo. É quase uma ajuda de custo, realmente não faz jus ao tamanho da responsabilidade”, concorda Alexandre Marques.
A categoria de síndicos sem remuneração ou isenção permaneceu estável nos últimos anos em cerca de 11%. Veja no gráfico abaixo:
Apesar do tamanho do desafio, muitos ainda se interessam pelo cargo. Quando, no censo, foi perguntado o motivo do morador para se candidatar à função, 37% dos participantes responderam que desejavam melhorar e valorizar o seu patrimônio, seguido de 16% que não estavam satisfeitos com a gestão anterior.
Contrariando as expectativas e o senso comum, a opção "pela remuneração ou isenção da taxa" foi a menos escolhida, com apenas 1,5% dos votos, conforme o gráfico abaixo:
"Com o aumento das taxas condominiais na última década, os moradores começaram a sentir o peso no bolso todo mês. Isso fez com que se interessassem mais em saber como todo esse dinheiro está sendo aplicado no seu patrimônio. Ou seja, ficaram mais exigentes e, consequentemente, isso motivou muitos a buscar ou um síndico profissional ou a se candidatar ao cargo de síndico para ter mais segurança de como esse dinheiro será investido", conclui Julio Paim.
“Mesmo com o aumento dos síndicos profissionais, sempre vai haver morador interessado em manter seu patrimônio em dia, sim. São duas situações possíveis de se conviver no mercado, sem dúvida”, aposta Gabriel Karpat, diretor da administradora GK.
Outro ponto que se manteve estável nos últimos anos foram os principais desafios com os quais o síndico deve lidar durante a gestão.
Inadimplência, barulho, manutenção, cachorros e garagem foram as principais "dores de cabeça" na vida do síndico.
"O interessante é que não houve muita diferença entre esses pontos, o que mostra que não há um problema específico que se destaque muito mais do que os outros", observa Julio Paim.
A pesquisa pediu aos entrevistados para pontuar a intensidade de cada desafio no exercício da gestão do síndico. Veja os resultados:
Pergunta: De 1 a 5, qual o grau de dificuldade para cada uma das questões abaixo no seu condomínio? (1 = pouca dificuldade / 5 = muita dificuldade)
A maneira de viver em condomínio atrelada ao avanço da tecnologia, como uso ferramentas e aplicativos de comunicação, também reflete as mudanças da vida em sociedade.
Em 2013, 6,5 % dos participantes do levantamento afirmaram que faziam uso de recursos online, como redes sociais, sites de condomínio e aplicativos para se comunicar com vizinhos e administradores do condomínio.
Em 2015 essa marca foi de 22% - um aumento de mais de 300% em dois anos.
“A interação com essas ferramentas tecnológicas aumentou bastante mesmo, e é algo difícil de organizar. O que orientamos é que haja um canal oficial de comunicação com o síndico – e que ele responda aos questionamentos sempre por ali”, analisa Vania dal Maso, gerente de condomínios da administradora ItaBR.
Mudanças também ocorreram no âmbito financeiro do condomínio. O ano de 2015 foi um período de crise financeira, o que se refletiu nos empreendimentos. Cerca de 27% dos participantes do levantamento assinalaram que houve algum aumento da inadimplência.
Por outro lado, 27% relataram que a inadimplência até diminuiu, e para 46% permaneceu estável.
Inflação Também como reflexo da crise, a inflação mostrou seu impacto nos condomínios. Para 59% dos entrevistados, houve aumento dos custos e, consequentemente, da taxa condominial no ano de 2015. Veja:
O uso de administradoras é outra característica que o resultado apresentou variações significativas de região para região.
Enquanto no sul e sudeste, 64% e 76% dos condomínios, respectivamente, contam com administradora, nas demais regiões esse tipo de gestão cai consideravelmente para: 52% no nordeste, 30% no centro oeste e 49% no na região norte, conforme mostram os gráficos abaixo:
Avaliação do serviço prestado Outro ponto levantado foi o grau de satisfação que o síndico avalia a sua atual administradora. De uma escala de 1 a 5, onde 1 é péssimo e 5 é excelente, a média ponderada final foi de 3,62.
Para 58% o serviço é considerado bom ou ótimo, conforme mostra o gráfico abaixo:
O mesmo tipo de variação se repete quando comparados os usos de mão de obra terceirizada nos condomínios em cada região.
O Centro oeste é onde mais se terceiriza, com cerca de 46% dos condomínios usando esse tipo de mão de obra. Veja os gráficos abaixo:
Fontes consltadas: Vania dal Maso, diretora de condomínios da ItaBR, Gabriel Karpat, diretor de condomínios da administradora GK, Alexandre Marques, advogado especialista em condomínios, Julio Paim, diretor do portal SíndicoNet