Síndico de destaque

De morador a síndico profissional

Veja o síndico que seguiu um caminho almejado por muitos

Por Mariana Ribeiro Desimone

06/07/16 11:49 - Atualizado há 4 anos


A história de Roberto Moura como síndico começa como muitas outras.

Ele era dono de uma unidade em um condomínio em São Paulo. E, como morador, não estava feliz com a maneira que a administração estava sendo feita. 

“Sentia que para administrar um condomínio desse tamanho e com tantas opções de serviço tinha que ser alguém realmente com tino para a função. Não podia ser alguém 'síndico por acidente'”, conta Roberto, que trabalhou a vida toda como bancário e sabe que tem o ‘feeling' para administrar.

Vendo que algumas coisas estavam precisando ser melhor alinhadas no empreendimento, como era o caso dos interfones, decidiu se candidatar a síndico em 2014. Ele venceu a eleição e foi reeleito em março esse ano do condomínio Mandarim, o edifício residencial mais alto de São Paulo.

Mas não é só pela altura que o empreendimento impressiona. São mais de 330 unidades de diversos tamanhos, com unidades de 47 m²  cujo condomínio custa R$ 600 até as unidades de 202 m² com taxa mensal de aproximadamente R$ 2.500.

Também saltam aos olhos os serviços inclusos no condomínio, que estão incluídos na taxa de condomínio: aulas com personal trainer, de zumba e pilates, arrumação básica da unidade, além de manutenções simples:  troca de lâmpadas, de tomadas, um reparo em uma porta de guarda-roupa ou no chuveiro não acarreta em gastos extras para o morador.

Eleito

Com a eleição ganha, era hora de Roberto colocar o lugar nos trilhos. Apostou em algumas  melhorias para a sua gestão. A primeira foi a modernização da academia de ginástica.

“Aqui no condomínio temos personnal de manhã e de noite para os moradores. Por isso, remodelamos a academia, para que o morador realmente se sinta bem ali”, explica.

Depois, desenvolveram um sistema de captação e filtragem de água de reuso para as áreas comuns do condomínio.

que fazemos a higienização das áreas comuns, enchemos as fontes do condomínio, molhamos as plantas e lavamos os carros”, explica Roberto.

Ainda falando de economia, sob a sua batuta foram substituídas cerca de 95% das lâmpadas do condomínio por LEDs. 

Outra benfeitoria foi a reforma dos shafts (tipo de ‘armário’ na parede por onde passam tubulações e parte elétrica) do condomínio, para ficarem de acordo com a norma vigente.

No quesito segurança, agora o controle de entrada da garagem é feito por tags nos veículos e não mais por controle remoto.

“É nesse conjunto de melhorias que vemos que o condomínio vai bem. Adequando as áreas comuns e trazendo mais segurança, vemos que dá mais prazer de ficar no condomínio”, explica o síndico.

Guinada na carreira

Com essas mudanças implementadas – além dos interfones restabelecidos – o gestor começou a perceber que sua administração começava a dar bons frutos.

“Pessoas de outros condomínios começaram a perguntar minha opinião, sobre como eu agiria em uma situação ou outra. Percebi que estava gostando cada vez mais do trabalho de síndico”, conta.

Nesse momento, Roberto percebe que sua vida profissional vai mudar de rumo. E, a cinco anos de se aposentar, decide deixar o trabalho no banco para ser síndico profissional.

“Olho ao redor e sinto que há muita oportunidade de crescimento nessa carreira, principalmente para quem sabe administrar e está preparado para estudar bastante”, aconselha.

Por isso, durante esses últimos dois anos, Roberto fez diversos cursos de administração condominial.

“É fundamental para quem quer atuar bem na área estar sempre se reciclando. Estudar sobre o mais diversos assuntos relacionados à vida em condomínio é fundamental”, aposta.

Outra dica do gestor é que os interessados abram a sua própria empresa de prestação de serviços.

“Fica muito mais profissional dessa forma. Vale a pena o investimento, se qualificar cada vez mais”, pesa.

Estilo de gestão

Uma das coisas que Roberto mais desejava mudar em seu condomínio era o clima de que poderia haver algumas pessoas “favorecidas” por serem mais próximas ao síndico.

“Para ser um ótimo profissional, isso não pode ocorrer. Temos que tratar a todos da mesma maneira, sem nenhum tipo de regalia”

Outra característica importante é saber filtrar as sugestões que chegam para o síndico, acredita Roberto.

“Às vezes chega alguém com uma ideia ótima ‘vamos implementar coleta seletiva’ ou ‘vamos fazer uma área x ou y’. Nessas horas, o gestor deve saber ouvir e separar o que realmente interessa àquela coletividade e o que é apenas uma boa ideia, mas que não vale a pena ser implementada no condomínio por não interessas à maioria”, explica ele.

Hoje, além do condomínio onde mora, ele é sindico profissional de outro empreendimento no mesmo bairro. Somando os dois, chega a vencimentos mensais de R$ 10 mil. 

Outra dica que ele considera extremamente valiosa é se cercar de bons profissionais. "Ter uma boa administradora e um bom consultor jurídico é fundamental para conseguir gerir com tranquilidade", aposta ele

*Esse é o  quinto case publicado pelo SíndicoNet sobre "gestores da vida real". Nossa ideia é mostrar como é o dia-a-dia dos síndicos brasileiros. O primeiro a participar foi um gestor jovem, que optou por ser síndico para agregar a sua vida profissional. O segundo foi o síndico do Copan, um cartão-postal de São Paulo. O terceiro, um gestor preocupado com a representatividade no seu condomínio. O quarto, um porteiro que chegou ao time A dos síndicos profissionais. Quer participar? Escreva para gente aqui!

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Créditos da imagem do Edifício Mandarim: Divulgação