Segurança

Desabamento em Miami

Acidente em prédio residencial deixa mortos e desaparecidos

Por Sabrina Alvares Legramandi

quinta-feira, 24 de junho de 2021


[30/06/2021] Sobe para 11 o número de mortes no desabamento parcial de prédio na região de Miami

As equipes de resgate ainda procuram 150 pessoas nos escombros

Subiu para 11 o número de mortes confirmadas no desabamento parcial de um prédio residencial na região de Miami, nos Estados Unidos. As equipes de busca ainda procuram 150 pessoas.

Os ônibus lotados de parentes fazem várias viagens todos os dias até o local do desabamento, para que possam observar as buscas com seus próprios olhos.

Michael Noriega encontrou objetos da avó, Hilda, de 92 anos. “Será um milagre se ela estiver viva”, disse.

A lista de desaparecidos inclui também Sofia, de 6 anos, que visitava da Argentina, e Magaly Ramsey, avó de dois. A filha dela, Maggie, disse que a sensação é de estar com o coração e a garganta pesados.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, disse que vai encaminhar todas as famílias para acompanhamento psicológico e que as buscas seguirão minuciosamente.

Engenheiros também fazem parte da equipe. Procuram evidências do que causou o desabamento.

Por enquanto, a principal suspeita é que o desabamento tenha começado nos andares inferiores do prédio, onde ficava a garagem. Isso porque em 2018, depois de uma inspeção, engenheiros reportaram rachaduras naquelas paredes. O condomínio tinha aprovado um empréstimo de US$ 12 milhões para a obra, que começaria em breve.

O jornal Miami Herald publicou fotos que mostram as rachaduras na garagem. De acordo com o jornal, elas foram tiradas por um funcionário envolvido na reforma dois dias antes do desabamento.

O memorial em homenagem aos mortos e desaparecidos só cresce. Leo Soto disse que encontrou na grade um pouco de consolo e união. Porque, apesar de não se conhecerem, os parentes e amigos, como ele, choram juntos e se abraçam, compartilham a dor de estar ali.

[30/06/2021] 'Prédio que desabou em Miami estava afundando, mas essa não é a única explicação'

Miami se divide entre a perplexidade, a dor e a descrença

O Champlain Towers South, um edifício de 100 unidades à beira-mar, desabou parcialmente na madrugada de quinta-feira (24/6). A partir de então, foi iniciada uma das maiores operações de salvamento e resgate na história recente do condado de Miami Dade.

Enquanto parentes de mais de 100 pessoas esperam por notícias de seus familiares, outras pessoas vivem o luto pela perda de entes queridos. Muitos se perguntam: como explicar o colapso da construção de 12 andares?

As autoridades insistem que é muito cedo para determinar as causas e dizem que levará meses para chegar a conclusões.

A maioria dos especialistas, porém, adiantam que o desabamento pode ser justificado por uma combinação de fatores. Isso pode incluir problemas estruturais do edifício (que tem 40 anos), assim como possíveis sumidouros, construções na área e até fatores ligados às mudanças climáticas.

Um laudo pericial feito em 2018, e publicado na noite da última sexta-feira (25/06), mostrou que na época um engenheiro encontrou "grandes danos estruturais", muitos deles associados ao impacto do salitre, da umidade e da corrosão devido à proximidade com o mar.

Após o desabamento, a mídia local também noticiou um estudo realizado em 2020 pela Universidade Internacional da Flórida (FIU, por suas siglas em inglês) no qual o geólogo Shimon Wdowinski detectou um afundamento de até 2 milímetros por ano na área em que o Champlain Towers está localizado.

Segundo Wdowinski, o edifício foi o único local da área em que foi detectado esse fenômeno entre 1993 e 1999, período em que o estudo se baseou.

O especialista esclarece, porém, que apenas isso não explica a tragédia.

A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, conversou com Wdowinski para saber mais a respeito do estudo desenvolvido por ele, o que pode significar para outras áreas afetadas por afundamentos e para o futuro de Miami.

Confira abaixo a entrevista com o geólogo:

BBC - Por que o senhor estudou essa área do edifício que desabou?

Shimon Wdowinski - O estudo que fizemos buscava determinar os níveis de subsidência — afundamento da superfície — como parte de uma investigação sobre o impacto e os custos das inundações costeiras em razão das mudanças climáticas. Estudamos toda a ilha de Miami Beach durante um período de seis anos (1993 a 1999) e usamos isso para detectar movimentos nas comunidades que são impactadas por enchentes na região.

Portanto, o propósito era ver o quanto essa subsidência impacta, como ela contribui para as inundações e identificar as áreas em que isso é mais frequente.

BBC - O que o senhor encontrou em particular sobre o Champlain Towers South?

Wdowinski - O estudo não se concentrou naquele edifício em particular, mas o Champlain se destacou como um dos locais que mais apresentou afundamento, cerca de dois milímetros por ano.

Não é muito, mas não sabemos o que ocorreu depois de 1999, em que nível continuou a afundar, se continuou a afundar e como isso pode ter afetado as suas fundações e estrutura.

BBC - Em alguns lugares, como a Cidade do México, o nível de afundamento do solo é muito mais alto do que o que foi detectado nessa área. No entanto, existem construções, desde mansões coloniais a catedrais que têm mais de três séculos e existem até hoje. Como então esse afundamento pode ter contribuído para que o prédio desabasse?

Wdowinski - Não é tão comum que os edifícios que sofrem com algum tipo de subsidência desabem. Na verdade, é muito incomum.

O que sugerimos com o estudo é que o movimento do prédio não começou pouco antes do colapso.

Houve alguns processos que afetaram a estrutura da construção por um longo período. E talvez um ponto foi alcançado onde a estrutura não pode suportar a carga e colapsou. Mas isso é um problema estrutural. Não são coisas que estudo.

O que sabemos é que o edifício que desabou em Miami estava afundando havia décadas, mas somente isso não explica o desabamento.

BBC - Após o colapso, e também com os resultados da investigação sobre o desabamento, muitas pessoas que moram em Miami se perguntam se outros edifícios próximos também podem estar em perigo.

Wdowinski - Olhando o mapa que publicamos em nossa investigação, há outros pontos que aparecem como risco de subsidência, mas não naquela região. Esse foi um ponto muito específico.

Também quero lembrar que com essa pesquisa estamos falando de algo que ocorreu há 20 ou 30 anos. Não temos dados para saber o que ocorreu após esse período investigado.

No entanto, eu diria que o que vimos foi um movimento muito peculiar naquele edifício que não vimos nos outros.

BBC - Vamos falar um pouco sobre as tecnologias que o senhor usou. Como é possível detectar que um edifício está afundando?

Wdowinski - Temos uma tecnologia chamada radar interferométrico de abertura sintética (ou InSAR) que se baseia em um radar que envia sinais do espaço que logo são comparados com outras observações que o satélite faz no mesmo lugar no espaço.

São enviados sinais que atingem o solo, árvores ou edifícios, qualquer objeto na superfície, e então alguns desses sinais voltam ao satélite.

Dessa forma, é possível detectar pequenos movimentos da ordem de centímetros ou milímetros. É assim que é possível identificar edifícios que estão sofrendo afundamento e que podem ser comprometidos por isso no futuro.

BBC - Mas como isso poderia ser comprometido por esses pequenos afundamentos? Se voltarmos ao exemplo do México, o nível de afundamento da capital é de vários centímetros por ano e só vimos edifícios como esse cair durante terremotos.

Wdowinski - É surpreendente que a Cidade do México esteja afundando nesse ritmo e milhões de pessoas continuem vivendo por lá. Seus engenheiros estão acostumados com isso e estão construindo edifícios que respondam a essas circunstâncias. Devem assegurar-se de que o edifício não está construído sob bases suficientemente fortes para que possa afundar junto com a superfície.

Porém, acontece que algumas linhas de metrô foram construídas com uma base muito sólida e isso está se tornando um problema. Temos outro estudo que está sendo analisado no sistema de metrô e como algumas linhas da Cidade do México estão em condições muito críticas devido ao afundamento.

Na verdade, a linha que colapsou no mês passado estava entre um dos lugares que identificamos como um dos mais perigosos do sistema de metrô da cidade. Infelizmente, o estudo não pôde ser publicado antes do acidente acontecer.

BBC - Porém, o artigo alertando sobre o afundamento do edifício Champlain Towers South foi publicado antes do desabamento. Houve alguma reação das autoridades após o estudo? Alguma ação ou outra investigação foi feita para determinar o impacto ou o perigo de subsidência detectado?

Wdowinski - A pesquisa que fizemos tratou do perigo de inundações costeiras. Poranto, o foco desse estudo era compreender o quanto a subsidência da terra contribuiu para as inundações. É assim que o apresentamos e como o discutimos em fóruns científicos.

É agora, depois do acidente, que o estudo assume essa outra dimensão que não foi a que propusemos originalmente.

Mas acreditamos que a tecnologia que usamos poderia ser utilizada para detectar situações semelhantes.

BBC - Miami Beach é uma das áreas mais afetadas por esse problema, segundo o seu estudo. Por que isso acontece em uma ilha que é, contraditoriamente, uma das áreas mais caras do Sul da Flórida?

Wdowinski - Miami Beach foi construída em uma ilha-barreira que é um terreno natural. A parte oriental da cidade, que é uma elevação mais alta, é construída sobre rochas calcárias.

A parte oeste da cidade foi construída em áreas úmidas recuperadas. Ou seja, quando a cidade se expandiu, arrasaram o manguezal. Eles colocaram terra e construíram outros bairros ali.

Portanto, essa parte da cidade não se assenta sobre rochas muito fortes e é por isso que temos cada vez mais afundamentos e inundações na parte ocidental da ilha.

Além disso, há o fato de que a área onde Surfside, Miami Beach e outras comunidades estão localizadas em uma elevação muito baixa e o calcário é muito poroso. Isso significa que não podemos usar o modelo da Holanda, onde se constroem diques, porque a água pode vir de baixo.

Outras estruturas precisam ser projetadas, como barreiras, estações de bombeamento e sistema de drenagem.

BBC - O que pode acontecer nos próximos anos com as mudanças climáticas, a elevação do nível do mar e a subsidência nessa região?

Wdowinski - Essa é a razão para que a gente tenha feito o estudo, porque estamos preocupados com a cidade e outras comunidades na Flórida e ao longo da costa atlântica.

Agora enfrentamos o que chamam de situação intermediária, em que se espera que os níveis do mar aumentem na taxa anual nos próximos 20 ou 30 anos.

A longo prazo, depende da rapidez com que o nível sobe.

Tudo depende de como as pessoas respondem ao chamado para reduzir a quantidade de emissão de carbono. Temos diferentes cenários de como as mudanças climáticas e o derretimento das regiões polares impactará, mas quase todos eles representam uma grande ameaça tanto para Miami Beach quanto para muitas outras comunidades.

 

[28/06/2021] Por que o resgate das vítimas do edifício que caiu em Miami é tão lento e difícil

Parentes das vítimas aguardam notícias, mas o processo é complicado por diversos fatores

Um incêndio dentro do monte de escombros do prédio que desabou na quinta-feira (24) na cidade de Surfside, ao lado de Miami, nos Estados Unidos, dificulta o complexo processo de resgate das vítimas.

O número de mortos atualmente está em nove pessoas, e ainda há dezenas de desaparecidos.

"Nossas equipes de resgate encontraram outro corpo nos escombros", disse no sábado Daniella Levine Cava, prefeita do condado de Miami-Dade, onde fica a cidade de Surfside.

A lenta contagem de mortos está gerando desespero em familiares das vítimas, angustiados por não saberem o paradeiro de seus entes queridos.

Veículos de imprensa americanos incluem uma criança brasileira na lista de desaparecidos. Lorenzo Leone, de 5 anos, estaria na unidade 512 das Chaplain Towers junto com seu pai, Alfredo Leone, quando o edifício veio abaixo. A informação foi publicada pelos jornais "The New York Times" e "Miami Herald", além da rede de notícias CBS News. Lorenzo é filho da brasileira Raquel Oliveira.

Na sexta, Raquel Oliveira postou em seu perfil nas redes sociais que "as buscas não param e vão continuar por dias. Essa noite deixei meu DNA para compararem com os das crianças não identificadas, conforme forem achando". A BBC News Brasil entrou em contato com familiares de Raquel e Lorenzo, mas não obteve retorno.

Pelo menos outros 18 latino-americanos estão entre os desaparecidos.

Correndo contra o tempo

Nas primeiras horas após o colapso, os bombeiros resgataram 35 pessoas com vida.

Entre os mortos, até o momento, a única pessoa identificada é Stacie Fang, mãe de um jovem resgatado com vida logo após o acidente.

A cada minuto que passa, a esperança de encontrar sobreviventes diminui. O número de mortos deve aumentar significativamente.

"Estamos enfrentando dificuldades enormes com este incêndio", disse Levine Cava na manhã de sábado.

A prefeita explicou que uma trincheira foi cavada nos escombros para controlar um incêndio localizado "muito fundo" sob os restos do prédio de 12 andares.

À tarde, o chefe dos bombeiros de Miami-Dade, Alan Cominsky, disse que finalmente conseguiram controlar o fogo, mas as chamas não foram totalmente extintas.

A chuva dos últimos dias também dificultou todo o processo.

O complexo possui mais de 130 apartamentos, 80 dos quais estavam ocupados. Cerca de 55 deles desabaram.

As equipes de resgate usaram infravermelho, sonar e tecnologia de vídeo para detectar de onde vinha o fogo.

Máquinas pesadas também estão sendo usadas para mover entulhos e cães especializados em encontrar pessoas farejam entre os escombros.

Risco para a equipe

Levine Cava afirmou que os socorristas correm "risco extremo" ao andar pelos destroços.

O incêndio sob a montanha de concreto, metal e outros materiais criou problemas de fumaça e qualidade do ar, aumentando a dificuldade que um resgate desse tipo já apresenta.

"O fedor é muito forte", disse o governador da Flórida, Ron DeSantis, do local na manhã de sábado.

"À medida que movemos os destroços, a fumaça aumenta. Não encontramos nenhum sinal de vida ainda", admitiu o chefe dos bombeiros, Cominsky, no sábado, acrescentando que as equipes de resgate continuarão a busca.

"É uma situação muito difícil, mas esperamos encontrar alguém vivo."

"Temos engenheiros estruturais especializados no local para garantir que ninguém se machuque", afirmou Levine Cava.

"Ainda temos esperança. Continuaremos procurando. Procuramos pessoas vivas, essa é a nossa prioridade e nossas equipes não pararam", disse a prefeita.

Em uma rua próxima, foi montado um memorial com velas, flores e mensagens de apoio, além de dezenas de fotos de desaparecidos.

'Eu quero respostas'

Longe da zona de colapso, a frustração dos familiares aumenta.

"Não está sendo feito o suficiente", disse o americano Mike Salberg à agência de notícias AFP.

Ele foi de Nova York para Miami para acompanhar as buscas porque tem cinco familiares, incluindo seus pais, entre os desaparecidos. "Eu quero respostas", disse ele.

"É impossível que em quatro dias eles não tenham encontrado ninguém", disse uma mãe visivelmente irritada em uma reunião com autoridades, segundo um vídeo publicado pelo canal de televisão CNN.

"Sei que estão fazendo tudo o que podem, mas nos fizeram uma promessa que não estão cumprindo, que não podem cumprir", diz a mulher, cuja filha está entre os desaparecidos.

Apesar de já terem se passado muitas horas desde o colapso da manhã de quinta-feira, as autoridades tentam incentivar os familiares a não perder a esperança.

"Nossa experiência nos diz que, pelo menos nas primeiras 72 horas, há uma grande probabilidade de encontrar pessoas vivas", disse Danny Cardeso, do corpo de bombeiro, à CBS News.

Equipes de engenheiros e especialistas em resgate de Israel e do México estão a caminho de Miami para ajudar nas buscas.

O prefeito de Surfside, Charles Burkett, disse que o principal obstáculo não é falta de recursos.

"Temos um problema de sorte. Precisamos de um pouco mais de sorte", afirmou.

O edifício

As Chaplain Towers formam um condomínio de 12 andares e 130 apartamentos à beira-mar ao norte de Miami Beach.

Segundo levantamento da BBC News Mundo em sites imobiliários da cidade, os apartamentos tinham valor de mercado entre US$ 600 mil a US$ 700 mil (de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões). Mas havia um apartamento no último andar com três quartos e piso de mármore que estava à venda em maio por quase US$ 3 milhões (cerca de R$ 15 milhões).

Informações veiculadas pela mídia local apontam que entre os moradores havia artistas, familiares de políticos, médicos renomados e membros da comunidade judaica da Flórida.

A construção do edifício foi concluída em 1981, segundo dados oficiais da cidade.

Como a regulamentação em vigor estabelece que as construções desse tipo devem passar por fiscalização aos 40 anos para garantir sua habitabilidade, o prédio estava em obras para poder ser fiscalizado por especialistas e obter sua recertificação, segundo autoridades locais.

"O trabalho estava sendo feito no prédio para atender ao padrão de 40 anos. Isso é algo que foi implementado não apenas para o condado, mas para todos os municípios e temos um código de construção rígido desde o furacão Andrew para atualizações e melhorias", afirmou Sally Heyman, inspetora do condado de Miami-Dade.

Segundo o prefeito de Surfside, o prédio estava passando por manutenção no telhado, mas não aponta a eventual relação entre essas obras e o desabamento.

Ele afirmou não conseguir imaginar nenhum motivo para a tragédia, mas aventou a possibilidade de uma cratera embaixo do edifício ou algum problema na fundação.

Um corretor de imóveis que vende propriedades no prédio disse ao jornal Miami Herald que o complexo Chaplain Towers estava "em boas condições" e que "os reparos estavam apenas começando" para a nova certificação.

Segundo o jornal, a associação de moradores contratou recentemente um engenheiro para fazer as mudanças estruturais e no sistema elétrico necessárias para obter a nova licença, mas as obras ainda estavam por começar.

Peter Dyga, presidente e CEO da Associação de Construtores e Empreiteiros da Costa Leste da Flórida, disse à afiliada local da emissora CBS que provavelmente há uma conjunção de "múltiplos fatores" por trás do que aconteceu e que levará anos para determinar as causas da tragédia.

[25/06/2021] Sobe o número de mortos em desabamento de prédio na região de Miami; há 159 desaparecidos

Prefeita afirma que foram 4 mortos identificados. As buscas continuam. As equipes de resgate chegaram a ouvir sons sob os escombros, mas não foram detectadas vozes.

Subiu para 4 o número de mortos no desabamento parcial de um prédio na região de Miami, nos Estados Unidos. A prefeita Daniella Levine Cava confirmou os números na manhã desta sexta-feira (25).

Estima-se que 159 ainda estejam desaparecidos. As equipes de resgate ainda trabalham nos escombros do prédio para tentar encontrar pessoas.

Desde a manhã da quinta-feira nenhum sobrevivente foi encontrado.

As equipes de resgate chegaram a detectar sons de batidas, como se alguém estivesse batendo no concreto, mas não ouviram vozes, de acordo com as autoridades.

Cães farejadores e drones estão sendo usados nas tentativas de resgates.

A prefeita Levine Cava afirmou na quinta-feira que ainda não se sabia qual era o destino de cerca de 100 pessoas, mas que, talvez, uma parte não estivesse no prédio no momento do colapso.

Outras 102 pessoas que poderiam estar no edifício foram localizadas e estão seguras.

Logo após o desabamento, 37 pessoas foram resgatadas da estrutura. Somente duas estavam debaixo dos destroços, nesse primeiro momento. Segundo as autoridades, 10 pessoas ficaram feridas — 4 delas precisaram de atendimento em hospital. Uma pessoa morreu.

Famílias de pessoas que podem estar sob os escombros aguardam em um centro comunitário perto do local onde houve o desabamento. Os familiares aguardam os resultados de exames de DNA de alguns dos corpos que foram retirados do local.

Segundo a agência Associated Press, citando fontes dos governos dos países, estão desaparecidos 22 cidadãos de países da América do Sul — nove da Argentina, seis do Paraguai, quatro da Venezuela e três do Uruguai.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, declarou estado de emergência, o que significa que o estado terá acesso a recursos federais para o resgate.

O prédio

O edifício de 12 andares faz parte do complexo Champlain Towers, em Surfside — uma das pequenas cidades ao redor de Miami bastante procuradas pela proximidade com o mar. O bloco que caiu ficava de frente para o Oceano.

De acordo com o jornal "Miami Herald", o edifício foi construído em 1981, e o complexo foi concluído em 1991. A unidade que caiu, a Torre Sul, era justamente a que tinha mais apartamentos: eram 136.

O desabamento

O desmoronamento aconteceu por volta de 1h30 de quinta (24) (horário local, 2h30 em Brasília). Segundo testemunhas, a maioria dos moradores dormia.

Imagens captadas por câmeras nas redondezas mostraram que o prédio desmoronou rapidamente. Primeiro, um pedaço da construção caiu, arrastando outra parte para baixo. Uma grande coluna de fumaça pode ser vista à distância.

[24/06/2021] Desabamento parcial de prédio residencial na Flórida deixa ao menos um morto

Prefeito de Surfside confirmou à CNN que incidente deixou ao menos uma vítima e outros dez feridos; mais de 80 unidades de resgate estão no local

Um edifício residencial de vários andares desmoronou parcialmente na manhã desta quinta-feira (24) na comunidade litorânea de Surfside, no sul da Flórida, nos Estados Unidos.

O prefeito de Surfside, Charles W. Burkett, confirmou à CNN que o incidente deixou pelo menos uma vítima e outros dez feridos foram atendidos no local. 

Vídeos do local do desabamento mostram enormes pilhas de entulho perto do edifício danificado bem como um grande número de equipes de resgate – mais de 80 unidades participam da operação, segundo o MIami-Dade Fire Rescue.

O prédio estava passando por reformas no telhado, mas ainda não se sabe se isso foi um fator para o desabamento, relatou o prefeito.

Kimberly Morales disse à CNN que mora no prédio do outro lado da rua do desabamento e foi acordada por alarmes de prédios disparando e por pessoas batendo em sua porta.

"Acordei todos na casa porque, quando olhei pela janela vi as pessoas lá fora", disse ela à CNN. "Disse a todos que se apressassem e saíssem do prédio."

Morales disse que não ouviu o prédio vizinho desabar, mas quando saiu, viu que uma parte significativa do edifício estava faltando. Ela agora está em um centro comunitário com outros desabrigados.

'Catástrofe terrível. Nos EUA, os edifícios não desabam', diz prefeito 

Ao comentar o caso à CNN, o prefeito classificou a situação como "uma catástrofe terrível."

"Nos Estados Unidos, os edifícios simplesmente não desabam", disse o prefeito.  Equipes de resgate estão no local, localizado no número 8777, da Collins Avenue, uma região valorizada de Surfside – a alguns quilômetros ao norte de Miami Beach. 

'Vimos uma nuvem de poeira vindo em nossa direção'

Shmuel Balkany estava passeando com seus irmãos e cachorro quando ouviu "um grande estrondo", disse ele à ReliableNewsMedia.

"Pensamos que era uma motocicleta e quando nos viramos vimos uma nuvem de poeira vindo em nossa direção. E ficamos: o que está acontecendo? Começamos a correr para lá. Nós puxamos nossas camisas sobre o rosto para não ficarmos com poeira em nossos olhos"

"O que vimos desde o início foi uma enorme nuvem de fumaça e muito barulho", acrescentou Mich Balkany.

"Nós vimos isso acontecer. Foi de longe a coisa mais horrível que eu já vi. Eu estava vivo no 11 de setembro. Não vi isso acontecer na vida real. Esta é a coisa mais próxima que posso relacionar com o 11 de setembro ", disse Mich. "Isso é algo absolutamente insano".

Shmuel Balkany acrescentou: "Temos amigos que têm família que moram no prédio. Nem mesmo sabemos se eles estão bem. Alguns deles estão bem. Não sabemos se o resto está bem."

"É muito chocante. Estamos abalados. Estamos bastante abalados. Não estamos conseguindo processar isso em nossas mentes ainda", disse Shmuel Balkany.

David Shaw, do Alabama, estava visitando a comunidade litorânea e relatou à imprensa que "o prédio vizinho ao nosso desabou".

"O prédio balançou e então olhei pela janela. Não dava para ver. Pensei que fosse, tipo, uma tempestade ou algo se aproximando", disse ele. "Quando a poeira baixou, os fundos ... dois terços do prédio haviam sumido, estava no chão."

Os bombeiros logo bateram na porta de Shaw, dizendo-lhe para deixar o local. "Então, juntamos nossas coisas e partimos", disse ele.

Enquanto os primeiros socorros vasculhavam a cena do desabamento, tempestades se formavam no oeste em direção à área costeira de Miami na manhã de quinta-feira, o que poderia impactar as atividades de busca e resgate.

Michelle Krupa e Joe Sutton, da CNN, contribuíram para esta reportagem.

https://g1.globo.com/; https://www.cnnbrasil.com.br/ e https://www.bbc.com/.