Ambiente
Economia no condomínio
Veja medidas tomadas por prédios de SP para evitar ficar sem água
Por Mariana Ribeiro Desimone
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Síndicos adotam rodízio e fecham piscinas para fugir de multa na conta
Cisterna, caixa d'água extra e até soprador ajudam na economia.Medidas contribuíram para diminuir o gasto e a conta de condomínios.
Janeiro é o primeiro mês em que o aumento do consumo de água será alvo de multa em São Paulo. Para economizar, fugir da multa e manter o conforto dos moradores, síndicos adotaram medidas que incluem até a imposição de rodízio.
Veja abaixo medidas de economia adotadas nos condomínios de São Paulo:
PISCINA PROIBIDA
Fabio Arra, síndico que mora há 10 anos no Condomínio Cores da Barra, na Barra Funda, Zona Oeste, reviu os gastos após o prédio ficar duas vezes sem água. “O maior consumo, além das unidades, era com a piscina.”
Moradores decidiram em assembleia mudar os dias de uso: a piscina, que era aberta de terça a domingo, passou a funcionar somente aos sábados e domingos. "A economia que nós estamos tendo há 3 meses desde que fizemos isso ocasionou o bônus da Sabesp e atingimos a faixa de 30%." O desconto foi de cerca de R$ 7.500.
SOPRADOR NA LIMPEZA DE ÁREAS COMUNS
Um condomínio comercial na Água Branca, Zona Oeste de São Paulo, aposentou a mangueira e a vassoura. Agora, os funcionários utilizam um soprador para retirar folhas de árvore e demais sujeiras que acumulam no pátio.
O equipamento que assopra e também aspira é muito comum em países europeus e nos Estados Unidos. Com a falta d'água, a procura aumentou. No ano passado, aqui no Brasil, as vendas cresceram 30%, segundo o fabricante. O preço do equipamento varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil.
Segundo o gerente predial do edifício, Sérgio Caló, o soprador é econômico. “É um motor pequeno, que gasta um litro de gasolina por semana, cinco litros ao mês no máximo.” Antes, três funcionários gastavam seis horas para limpar a área comum no condomínio. Agora, apenas um resolve tudo em duas horas.
POÇOS ARTESIANOS
A criação de poços artesianos foi uma das maneiras encontradas por alguns edifícios para economizar na conta de água. A procura maior por este serviço fez com que o preço aumentasse 50%, chegando a R$ 50 mil.
A empresa, que existe há 25 anos, recebe diariamente até 100 ligações de síndicos pedindo orçamento. "Devido a essa demanda, nós estamos trabalhando em dobro. Temos muito serviço, tanto na manutenção, quanto na perfuração”, disse o empresário Dinarte Marcelino Pinto.
CISTERNAS PARA CAPTAR ÁGUA DA CHUVA
Coletar água da chuva ou das lavanderias dos apartamentos é outra opção para limpar áreas comuns, regar as plantas e não desperdiçar água. Um edifício no Campo Belo, Zona Sul, instalou em 2007 uma cisterna com capacidade de armazenamento de 30 mil litros.
FALTA D'ÁGUA EM SP
Lá, toda a água da chuva é coletada por vários ralos. Uma tubulação especial leva tudo para o compartimento. "A gente colabora com a natureza", disse a síndica do prédio, Nelza Gava de Huerta.
Na Vila Leopoldina, Zona Oeste, um prédio escoa a água da chuva por canos até um reservatório de 70 mil litros. Lavar a calçada e a garagem com água reaproveitada gera, há sete anos, economia de até 30% na conta.
RODÍZIO VOLUNTÁRIO
O síndico de um condomínio com 840 apartamentos e mais de 2 mil moradores em Osasco, na Grande São Paulo, decidiu fazer rodízio de água. "É um racionamento interno, para que todo mundo tenha água para poder cozinhar e tomar um banho quando chegar do serviço", disse Leandro Peter.
A medida foi tomada no começo do ano, quando a Sabesp passou a cortar o fornecimento. A água chega somente até as 15h. Quando as caixas d'água chegam num nível crítico, o síndico corta o fornecimento para os apartamentos.
Medida semelhante tomou a gerente de condomínio Vânia Soares do Carmo, do Conjunto Habitacional Nova Perdizes, no Limão, Zona Norte. "Nós estamos fechando a água das 10h às 17h e o fechamento da piscina é de segunda a sexta. Estamos pensando agora em fechar definitivamente." A economia gerou bonificação de 20% na conta da Sabesp.
SÍNDICO PODE VETAR?
Para o advogado Rodrigo Karpat, especialista em Direito Imobiliário, o sindico precisa promover o debate com os seus vizinhos antes da medida. “O síndico deve ter o respaldo do condomínio, porque uma churrasqueira, por exemplo, pode ser mantida com a utilização de água de reúso ao invés de ser proibida a sua utilização.”
Já o advogado Márcio Rachkorsky, especialista em condomínios e consultor do SPTV, os síndicos podem vetar mesmo sem assembleia. “Estamos em um estado de necessidade. O síndico não está brincando de cortar água. Precisa fazer isso como forma de cooperação”, disse.
O advogado Daphnis Citti de Lauro, especialista em direito imobiliário, diz que transparência é fundamental para evitar conflitos. “Afixar cópia das contas de água em locais bem visíveis, sublinhar o consumo e até mesmo fazer um gráfico mensal para que todos acompanhem o comportamento do consumo”, afirma.
Fonte: http://g1.globo.com/