13/05/24 03:28 - Atualizado há 6 meses
Desde o final de abril, o estado do Rio Grande do Sul passa por um momento trágico após fortes chuvas que provocaram enchentes avassaladoras. De 497 municípios, 447 foram afetados. Há cidades inteiras ilhadas, sem luz, nem água. Até o último boletim divulgado pela Defesa Civil, na última segunda, foram confirmadas 147 mortes, 127 desaparecidos, mais de 617 mil pessoas fora de suas casas, sendo que quase 80 mil estão em abrigos e outras 538 mil permanecem desalojadas (estadia de amigos ou parentes).
De acordo com dados informados pelas prefeituras à Defesa Civil, computados do dia 29 de abril até 07 de maio, ao menos 99,8 mil casas (entre residências, prédios e condomínios) foram destruídas ou danificadas pelos temporais.
O final de semana do dia das mães foi marcado pela volta das chuvas volumosas e a previsão para os próximos dias persiste, com um agravo da possibilidade de deslizamentos de terra e geada.
Muito se fala sobre os fatores que podem ter causado o desastre no Rio Grande do Sul. Geografia do estado, mudanças climáticas ocasionadas pelo aquecimento global, falta de gestão pública de prevenção de riscos, e por aí vai.
Ainda há muito a ser investigado, sem caber a nós entrar nesse mérito. Como o maior portal do mercado condominial, neste momento o SíndicoNet se propõe a ajudar o povo gaúcho, orientando síndicos, moradores e gestores a lidar com essa crise sem precedentes.
O Rio Grande do Sul está em estado de calamidade pública. Gustavo Costa, morador de um condomínio misto em Canoas, conta que a parte térrea do seu prédio, ocupada pelos comércios, ficou completamente submersa. O primeiro andar, que abrange a garagem e outros dois apartamentos, também ficou alagado, e por pouco a água não alcança o segundo piso, onde fica seu apartamento.
"Já estávamos sem água e energia elétrica no prédio, e assim que a nossa rua começou a ficar alagada, a gestão nos orientou a evacuar. Nesse momento a água batia na canela, perto da altura do joelho", ele descreve.
Inúmeros condomínios enfrentam as mesmas condições do prédio de Gustavo. O estado vive uma verdadeira catástrofe, dessa forma, muita coisa está fora do controle do síndico.
"Em desastres naturais como esses, é típica a situação de exclusão de responsabilidade geral. Como a gente costuma dizer, é um caso de força maior", define o advogado especialista em mercado imobiliário Jaques Bushatsky.
Tanto ele quanto seu colega advogado Fernando Zito entendem, inclusive, que agora também não é hora de entrar com ações de indenização nem mesmo contra o município. Para eles, com tudo o que está acontecendo, é delicado apontar o dedo para as pessoas tentando achar um culpado.
Além disso, há muito o que ser avaliado em termos de responsabilização. Com isso, o foco do momento deve ser outro: salvar vidas. E o síndico pode colaborar com isso, utilizando a comunicação como peça fundamental.
É importante o gestor estar atento às recomendações das autoridades locais para orientar seus moradores. No momento, a Defesa Civil pede que a população de áreas afetadas pelas enchentes deixe seus lares e se encaminhe para regiões seguras, longe das inundações.
"Estar em abrigos ou na casa de parentes e amigos é o melhor a ser feito. Esperar demais pode impossibilitar qualquer chance de resgate lá na frente", reforça advogado e síndico profissional Maicon Guedes.
No condomínio de oito andares onde mora Elisa Lucas, em Porto Alegre, embora seu prédio não tenha sido invadido pela água, o bairro estava começando a ficar ilhado.
"Estamos nos comunicando por WhatsApp, acompanhando os canais da Prefeitura de Porto Alegre e da Defesa Civil. Depois que o prefeito postou um vídeo oficial na segunda-feira (06), o síndico sugeriu que deixássemos o prédio como uma medida de prevenção", ela relata.
Mesmo assim, pode ser que alguns moradores ainda resistam em deixar seus apartamentos - muito em função do medo de verem seu imóvel saqueado.
Por isso a comunicação do síndico com os moradores precisa ser feita de maneira uniforme, ou seja, todos devem ser informados sobre os próximos passos - tanto quem foi quanto quem ficou.
Além disso, moradores podem ajudar nessa organização. No condomínio de Elisa, por exemplo, ela comenta que foi criada uma espécie de 'brigada de moradores', na qual foram anotando quem estava deixando sua unidade e os que permaneciam.
O momento exige a mobilização de toda a comunidade, portanto, o síndico deve tentar atrair e organizar voluntariados. Essas comissões especiais podem ser divididas por temas, tais como:
Nesse sentido, Maicon aconselha que os gestores criem canais de comunicação eficazes, seja através de grupos de WhatsApp pré-existentes ou mesmo utilizando interfone. Se o equipamento não estiver funcionando devido à falta de energia, vale a abordagem porta a porta.
Durante esse processo, especial atenção deve ser dada aos mais vulneráveis, como idosos, pessoas que vivem sozinhas ou cadeirantes, por exemplo, para garantir que recebam auxílio adequado, assim como os moradores de andares mais altos, tendo em vista os elevadores estarem inoperantes. Na identificação de qualquer anormalidade, comunique o caso à Brigada Militar (190) ou Bombeiros (193).
Além de todo o dano psicológico que uma tragédia como essa pode acarretar às pessoas, os condomínios e moradores sofrem com inúmeros contratempos, como:
Especialistas ouvidos pelo SíndicoNet elencaram ao menos 4 principais ações dos condomínios para lidar com as enchentes que assolam o estado do Rio Grande do Sul.
Independente de seu apartamento ter sido alagado ou não, a recomendação é: Não espere ficar ilhado para sair de casa. Ninguém sobrevive muito tempo sem luz e água. E por mais que esteja abastecido, não se sabe quando as vias estarão liberadas novamente e/ou serviços funcionando minimamente para poder fazer a reposição.
Então se você se enquadra ou conhece alguém nessa situação, entre em contato com as autoridades locais de resgate, sendo Corpo de Bombeiros (193) ou Brigada Militar (190).
Em entrevista à Revista Crescer, do Globo, a moradora de um condomínio em Canoas, Juliane Cunha, disse que decidiu sair de casa assim que a água começou a entrar no prédio. "Tentamos fazer barricadas com sacos de areia em frente as torres para conter seu avanço, mas ela entrou pelos ralos do apartamento e passou da altura da barricada", explicou.
Ela revela que só percebeu a gravidade da situação quando saiu de casa e viu as fotos de vizinhos que tinham optado por permanecer em seus apartamentos, que estão situados nos andares superiores.
"Vimos que a água não parava de subir. O pé direito tem 2,38 metros, e subiu até o teto. Nosso apartamento é térreo e, desde então, não conseguimos acesso, pois ele permanece submerso", contou.
Dessa maneira, se for seguro sair, deixe a área imediatamente levando documentos e itens essenciais. Para evitar maiores prejuízos, Juliane teve que transportar a geladeira e a máquina de lavar para o corredor do segundo andar, por exemplo.
No mais, se tem animais de estimação, leve-os com você, e caso isso não seja possível, comunique mais uma vez os bombeiros para que façam o devido resgate. Para encontrar seu animal perdido, entre em contato com a Defesa Civil (199) ou com as contas criadas no Instagram por voluntários: @acheseupetrs, @dogs_enchenters e @tosalvoanimais
As enchentes trazem muitos riscos à saúde, especialmente doenças como leptospirose e dengue. Nesse sentido, evite contato com a água da enchente e use EPI (botas e luvas), bem como elimine qualquer foco de água parada.
O advogado Fernando alerta para o fato de que certamente a água do reservatório do condomínio vai acabar, até porque, o abastecimento em todo o estado foi comprometido. E ainda que em algumas regiões isso não tenha acontecido, é muito provável que a água, que vem da rua, esteja contaminada. "Com essa enchente, sabe-se lá quanto tempo ela ficou parada", complementa.
Aliás, para não correr o risco de contaminar a caixa d'água do condomínio, o ideal é fechar a entrada de água que vem da rua.
Como alternativa, muitos condomínios estão contratando caminhões-pipa para manter o abastecimento dos moradores. Mas já há relatos de que as empresas estão deixando de responder aos chamados por conta do aumento da demanda. "Há também a dificuldade de circulação desses automóveis diante das ruas alagadas", acrescenta Fernando.
Segundo a engenheira civil especialista em gestão da manutenção Laura Mitterer, o caminhão-pipa serve de opção, sim, mas desde que exista alguma forma de levar a água até o reservatório superior, afinal, vale lembrar que as bombas de recalque, responsáveis por essa função, provavelmente foram queimadas pela enchente. "Do contrário, os moradores teriam que usar baldes", imagina Fernando.
Conforme matéria apurada pela BBC, em alguns condomínios de várias regiões do estado, moradores chegaram a usar água das piscinas para higiene (jogar na descarga, por exemplo).
Diante de tantos percalços, o ideal, novamente, é que os moradores de condomínios afetados pelas enchentes sejam deslocados para áreas seguras. Lá podem ser devidamente abastecidos de todos os insumos básicos necessários.
O estado do Rio Grande do Sul parou, e diferentemente do que aconteceu na pandemia, trabalhadores como os porteiros não conseguem chegar em seus postos (ou não têm condições emocionais para isso). Os condomínios esvaziados, com equipamentos de segurança quebrados e sem a presença desses funcionários, realmente podem se tornar alvos de criminosos.
Assim, ao saírem de seus apartamentos e abrigados em segurança na casa de familiares ou amigos, a preocupação de muitos moradores se volta para o que ficou para trás.
Segundo a Brigada Militar e a Polícia Civil de Porto Alegre, 60 pessoas foram presas por saques e roubos somente entre a noite de sábado (11) e a manhã de domingo (12). Bombeiros, helicópteros e equipes de resgate movimentam o dia, mas o medo surge à noite.
Para conter a insegurança nesse período, a polícia estabeleceu rondas noturnas com barcos transitando pela cidade. Os botes saem no anoitecer e permanecem até clarear o dia.
Maicon tem adotado medidas paliativas, como:
Para reforçar ainda mais a segurança, alguns condomínios estão recorrendo à segurança privada, como foi o caso do síndico profissional Rodrigo Lay. Ele contratou o serviço para vigiar os cinco condomínios de sua carteira que estão localizados em áreas alagadas e foram evacuados.
Como disse à Folha, as rondas são realizadas durante a madrugada, das 19h às 7h e fazem patrulha na entrada dos edifícios com lanternas e apitos. Se alguma ocorrência surgir, acionam a polícia. Além disso, os agentes privados não trabalham armados, e cada turno custa R$ 1.500.
A empresa também faz escolta náutica para outros quatro condomínios em Porto Alegre. É basicamente o mesmo trabalho de ronda da polícia, que muitas vezes é insuficiente pela frota limitada de veículos apropriados, como barcos, botes e motocicletas aquáticas.
Síndicos e moradores podem recorrer às autoridades locais, como Defesa Civil, Bombeiros e Polícia Militar, mas por conta do número absurdamente alto de chamados, o ideal é não depender exclusivamente desses órgãos.
E assim está acontecendo. O estado do Rio Grande do Sul vem recebendo apoio de diversos lados. Além de órgãos públicos, instituições, pessoas físicas e empresas privadas estão se mobilizando para criar campanhas com arrecadações via Pix, doações e muito mais.
Empresas do mercado condominial também se uniram para arrecadar alimentos não-perecíveis, roupas, cobertores e itens de higiene pessoal nos seguintes postos:
Foi criada uma extensa rede de solidariedade. Na Informma, por exemplo, todos os condomínios clientes da empresa se transformaram em pontos de coleta, convênios de transporte com empresas de logística foram assinados, além de doações de frete e até aviões com os donativos já foram enviados para o Rio Grande do Sul.
A Informma também realizará cursos de modo que 100% da renda será revertida em ajuda para o estado, além disso, mobilizou inúmeras campanhas paralelas, com administradoras, próprios moradores e fornecedores parceiros. A ordem agora é se unir.
"Nesse momento não existe a ação desse ou daquele. A ação é do Brasil em prol do povo do Rio Grande do Sul. A corrente de solidariedade está se formando para conseguirmos mitigar um pouco a dor da população e os prejuízos que o Estado está passando", corrobora Maicon.
Pessoas vem contribuindo não só com doações, como também prestando auxílio e voluntariando, por exemplo, cedendo veículos pessoais (barcos, jet ski, botes, etc) para o resgate de pessoas ilhadas ou transporte de mantimentos.
Na visão de especialistas do setor, as inundações no Rio Grande do Sul serão o maior sinistro da história do Brasil. Como as chuvas continuam castigando o Estado, sem a água baixar para que seja feito o levantamento real de todos os danos, nem mesmo as seguradoras conseguem estimar o valor disso. A única certeza é que será recorde.
De acordo com o especialista em seguro para condomínios Sérgio Zaveri, algumas seguradoras (não todas) oferecem cobertura de alagamento e inundação. Se houver cobertura para esse sinistro, o síndico deve comunicar a corretora e também a administradora do condomínio.
Essa cobertura, como todas as outras, possuem disposições específicas que estão descritas nas condições gerais da apólice e, dentre as características de danos indenizáveis que se encaixam na tragédia do Rio Grande do Sul, temos:
Para Sérgio, é importante ressaltar que as condições gerais variam de seguradora para seguradora, ou seja, não são iguais. Por esse motivo, é imprescindível entender todos os detalhes da apólice, principalmente o que ela não cobre.
Dentre as exclusões mais significativas de coberturas do tipo Alagamento ou Inundação nas apólices para condomínios, destacam-se:
O que Sérgio adverte é que a cobertura de Alagamento e Inundação tem por característica um limite baixo segurável nas apólices de seguro dos condomínios, especialmente quando contratada a modalidade básica simples.
"Geralmente, os valores de cobertura para alagamento não chegam à aceitação de R$ 500 mil, sendo que a maior parte das seguradoras limitam esse valor, em média, a R$ 150 mil. Ou seja, por mais que o risco seja alto, o síndico enfrentará a restrição", sinaliza.
Por outro lado, o síndico poderá optar pela contratação da modalidade básica ampla, na qual o limite de indenização para a cobertura de alagamento e inundação poderá chegar a R$ 200 milhões.
Outro ponto importante a se destacar é que o síndico consegue solicitar a qualquer tempo a atualização da cobertura contratada ou até mesmo incluir alguma cobertura que ainda não consta em sua apólice, por meio de um endosso no seguro. A seguradora fará o cálculo e apresentará o custo adicional para a adequação da apólice conforme solicitado.
"Porém, no caso do Rio Grande do Sul, diante dos fatos atuais, pode ser que a seguradora não realize o endosso nesse momento", deduz Sérgio.
Mesmo que ainda não seja possível avaliar completamente os danos enquanto a água ainda estiver alta, o sinistro já deve ser comunicado. Fornecer informações preliminares à seguradora, como a extensão da inundação e quais áreas foram afetadas, contribui para que possam acompanhar a situação, indicar quais são os próximos passos e quais medidas devem ser tomadas.
A comunicação deve ser realizada, de preferência, junto ao seu corretor de seguros, mas poderá ser feita diretamente na seguradora pelos canais disponíveis de aviso de sinistro, informando a data e horário da ocorrência. Faça registros fotográficos e grave os danos que o evento causou ao condomínio.
Quanto à documentação necessária, após a comunicação formal de sinistro na seguradora, o síndico será informado sobre a necessidade de vistoria no local e a documentação necessária, mas já é importante ir apurando os prejuízos e pedindo orçamentos, pois com certeza isso será exigido.
Conforme determina a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), a seguradora terá o prazo de até 30 dias para finalizar o processo de regulação (análise) do sinistro reclamado, verificando suas causas, natureza, gravidade, valores envolvidos e coberturas contratadas.
Ainda é cedo para pensarmos lá frente. Até porque, as chuvas continuam caindo por todo o Rio Grande do Sul e a previsão do tempo para os próximos dias não são animadoras.
O complexo trabalho de reconstrução de um estado inteiro vai se dar a longo prazo, e as próximas etapas desse processo devem ocorrer assim que a água das enchentes for embora. Confira!
Antes de fazer a higienização do condomínio, certifique-se de ter feito todos os registros (fotos e vídeos) para comprovação do sinistro junto à seguradora. Somente depois disso inicie a limpeza. Quanto antes ela for feita, menor o risco de contaminação.
Materiais necessários:
Orientações para limpeza
Por causa da catástrofe, condomínios sofrerão com gastos adicionais, então, não é recomendável contratar serviços extras de limpeza. Nesse caso, o síndico pode fazer um pedido de voluntariedade aos moradores, para quem quiser colaborar com os funcionários nesse trabalho de recuperação do patrimônio.
"Desde que tomados todos os cuidados com relação a uso de EPI, o mutirão da limpeza será bem-vindo", considera Maicon.
A principal medida após a limpeza do condomínio é fazer um levantamento da condição física do empreendimento, principalmente em relação às partes estrutural, elétrica e hidráulica.
Devido ao tempo de exposição à água, a estrutura do prédio pode ter sido abalada, os equipamentos oxidados e as tubulações deslocadas. Assim, questões estéticas, como pintura, por exemplo, devem ficar em segundo plano.
O zelador pode fazer uma checagem geral do condomínio, elaborando uma lista dos pontos vulneráveis que precisam de conserto ou reconstrução. Este checklist para o período de chuvas pode ajudar o funcionário nesse trabalho, baixe aqui.
Porém, para sistemas que exigem maior conhecimento técnico, recomenda-se acionar profissionais especializados. Os principais são:
Bueiros e bocas de lobo também devem ser inspecionados e com certeza entrarão no radar das prefeituras. Mas diante da precariedade das cidades, alguns serviços públicos, como este e de engenharia diagnóstica, por exemplo, podem demorar para serem executados.
"A Defesa Civil e o governo vão definir prioridades. Infraestrutura, estradas, rodovias, hospitais, abastecimento de água e energia, gás e moradia terão maior atenção. A avaliação da estrutura dos prédios virá somente depois", acredita Laura.
Até lá, o zelador pode realizar vistorias visuais, se surgiram fissuras perigosas ou se houve aparecimento de buracos no terreno perto das fundações. Mas, como melhor opção, os condomínios devem contratar um engenheiro particular para analisar toda a estrutura do prédio.
No mais, qualquer pessoa, inclusive moradores, deve “levantar a mão” assim que se deparar com algo anormal no prédio. Dessa forma, o sindico pode acionar um especialista técnico imediatamente.
Inevitavelmente, os condomínios terão que arcar com despesas imprevistas. Em contrapartida, é possível que a arrecadação seja comprometida, já que muitos moradores podem ter perdido o emprego ou tiveram a receita reduzida por causa dos impactos causados pelo alagamento do estado.
"São muitos os revezes financeiros. Por mais que os condomínios tenham necessidade de recuperação, às vezes envolvem quantias altas, como o conserto do elevador, por exemplo. É preciso ter paciência, tudo dentro dos trâmites condominiais, com assembleia, pois não dá para fazer tudo de uma vez", pontua Maicon.
A partir dos próximos meses, os síndicos devem acompanhar ainda mais de perto o fluxo de caixa do condomínio. Faça uma análise financeira cuidadosa dos centros de custo do condomínio, com base na previsão orçamentária e, certifique-se de que as finanças estão sob controle.
Como resguardo, crie um plano de contingência junto com a administradora - sem se esquecer de dar o auxílio necessário para funcionários, que podem ter pedido familiares e bens materiais no desastre.
Observe o condomínio como um todo para prever possíveis cenários e trace ações de acordo com o perfil do empreendimento. Economizar e cortar "gorduras" neste momento também ajudam.
Fazer empréstimos bancários ou com empresas de crédito também vale. Além disso, o serviço das garantidoras (empresas que antecipam receita das cotas do condomínio, cobrando os inadimplentes depois) é uma outra opção, mas que deve ser cuidadosamente estudada junto à administradora.
Atualmente, ainda chove na maior parte do estado do Rio Grande do Sul, o que faz com que o alagamento persista em nível crítico em diversos pontos das cidades.
Daqui a algumas semanas, a inundação pode ir embora, estabilizar, mas ainda não há garantia de que daqui a oito meses, por exemplo, uma nova chuva seja contida sem provocar estragos semelhantes.
Pensando numa eventual repetição de cenário, o síndico pode criar algumas salvaguardas para minimizar danos, tais como:
Como vimos até aqui, realizar uma boa avaliação dos riscos pelos quais o condomínio corre é um passo muito importante. Acontece que ninguém tinha sequer imaginado que um dia o Rio Grande do Sul estaria completamente alagado. O passado recente da pandemia também é outro exemplo.
Assim, o mercado segurador tem indenizado muitas famílias e, novamente, estamos diante de novos eventos, muitos deles climáticos, com grandes perdas em veículos, imóveis, plantações e animais - todos com potencial altíssimo de grandes indenizações. Dessa maneira, uma avaliação de risco com base em metodologia específica vem se tornando cada vez mais imprescindível.
"O ramo de seguro condomínio por si só já vem passando por uma reavaliação de taxas das seguradoras em razão do grande volume de sinistros nos últimos anos. Com a recorrência desse tipo de evento registrado no país, a tendência é sim de um agravo ainda maior nas apólices de seguros", prevê Sérgio.
A partir de agora, síndico deve verificar qual seria o impacto na previsão orçamentária para a contratação de um seguro adequado aos novos riscos do condomínio, devendo realizar a atualização da previsão orçamentária para a atualização da próxima apólice.
Fontes consultadas: Laura Mitterer (engenheira civil especialista em gestão da manutenção); Sérgio Zaveri (especialista em seguros para condomínios); Maicon Guedes (advogado e síndico profissional sócio da Informma); Gustavo Costa (morador de um condomínio em Canoas) e Elisa Lucas (moradora de um condomínio em Porto Alegre), Fernando Zito e Jaques Bushatsky (ambos advogados especialistas em condomínios).