Administração

Esporte radical

Prédio na Barra (RJ) é invadido por atleta de base jump para salto

Por Mariana Ribeiro Desimone

terça-feira, 2 de abril de 2013


 Americano salta de paraquedas em condomínio na Barra da Tijuca

Andy Lewis, um dos nomes mais respeitados por praticantes de esportes radicais, conta que invadiu prédio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e saltou de paraquedas.
 
Um condomínio de frente pra praia da Barra, no Rio de Janeiro num dia de sol. Milhares de pessoas tocando suas vidas. E nem imaginam que, lá no terraço, dois amigos se preparam, sobem na mureta, correm e pulam.
 
"Eu tava fazendo o meu ronda, que eu faço diariamente, quando tô de serviço. Quando virei, que eu dei a volta, quando apareci ali, o rapaz já estava caindo aqui. Eu não entendi o que ele falava, era um gringo, aí ele pegou o negocio enrolou e meteu o pé. Foi embora”, conta Marcelo Rosa e Silva, vigia.
 
A cena aconteceu no mês passado e ninguém entendeu nada. "Eu fiquei abismado, sinceramente abismado", conta o síndico.
 
Sem a menor cerimônia, o salto foi postado na internet pelo americano Andy Lewis, um dos nomes mais respeitados por praticantes de esportes radicais. O Andy é pioneiro no highline, modalidade de slackline em que a corda é fixada em bases nas alturas. 
 
E faz base jump - esse salto de paraquedas de uma base fixa e não de um avião - há quatro anos. Já pulou mais de duzentas vezes. É especialista no assunto.
 
Ele diz que a sensação é de estar pulando do topo do mundo. "É quando você pensa: pássaros podem voar. Eu gostaria de voar também".
 
Bom, essa inveja dos pássaros trouxe o Andy e três amigos para o Brasil. Eles foram à praia, pegaram onda, praticaram slackline, highline e base jump.
 
Até que eles resolveram saltar do alto de um condomínio fechado, onde circulam diariamente mais de sete mil pessoas. Pra começar, como esses caras entraram no prédio?
 
Andy garante: "Eu não tive a permissão de ninguém, eu invadi, essa é minha mania. Todas essas coisas são ilegais".
 
Fato é que eles saltaram. No base jump, quanto mais baixo o prédio, maior a dificuldade, pois há menos tempo pra reagir diante de um imprevisto. Em poucos segundos, estavam no chão, em segurança. Mas o pouso foi pertinho de gente que tava passando por ali.
 
Imagina o susto da moça que tava passando e de repente um paraquedas do lado dela. Essa moça comunicou alguma coisa, alguém fez algum relato do episódio?
 
“Não, ela não comunicou, não falou nada, não houve um relato. Porque os seguranças imaginaram que as pessoas tinham saltado de repente de um paraquedas na praia e o vento trouxe aqui pra dentro”, conta o síndico Luiz Iooty.
 
Um salto como esse coloca em risco quem tá embaixo? Para acertar alguém o que teria que acontecer? Uma eventualidade?
 
“Para acertar alguém, só eventualidade, um defeito mesmo na hora da abertura do paraquedas. É raro, mas pode acontecer. Se eu acertar em cima de alguém poderia machucar”, conta Gabriel Lotti.
 
Gabriel Lott é inspetor da força de elite da Polícia civil do Rio de Janeiro e pratica base jump nas horas vagas. É fera.
É o terceiro melhor do mundo no base jump com wing suit - a roupa que parece uma asa de morcego.
 
"Tem pessoas que realmente não se importam em estar cometendo um crime para saltar. Tem outra corrente, eu, por exemplo, eu sou policial, então eu não posso estar fazendo saltos ilegais, eu não posso invadir um local pra saltar e eu amo muito o esporte, então estou sempre fazendo saltos permitidos. Então eu salto de prédio com autorização, de pedras, que tem acesso ao público, né?”, conta Gabriel.
 
O crime, no caso, seria a invasão de uma propriedade privada. Porque não tem nenhuma lei que diga que é proibido saltar de paraquedas de um prédio.

Fonte: http://g1.globo.com/