Rose Brandão

Entendendo o fenômeno das advertências em condomínios

Atritos com moradores dificultam o combate às infrações. Veja 9 dicas para uma Comunicação Não Violenta eficiente!

Por Rose Brandão*

10/05/24 09:00 - Atualizado há 3 meses


Há um fenômeno sobrenatural no condomínio chamado advertência. Quando os moradores recebem uma, parece que se instala o início da terceira guerra mundial: muitos passam a te perseguir, outros testam sua paciência.

Alguns fiscalizam os vizinhos a ponto de começarem a te mandar vídeos ou fotos como prova para testar se o síndico faz isso com todos ou somente com ele, porque na cabeça dele trata-se de perseguição. Então, essa pessoa que quase não vai à assembleia passa a ir somente para questionar a sua administração.

Compreendo a complexidade da comunicação em condomínios e a dificuldade de atingir os objetivos desejados sem gerar conflitos, afinal lidar com as emoções dos moradores é um grande desafio, especialmente quando as mensagens são interpretadas de maneira pessoal.

No mercado, existem diversos cursos ensinando a Comunicação Não Violenta, mas o objetivo nunca é 100% atingido; atingimos, sim, a maioria dos moradores.

Esses assuntos diários tomam muito tempo do síndico, que poderia estar empregando sua energia em outro assunto com mais relevância, mas o ser humano está doente, só pensa em si mesmo e em seus desejos serem atendidos. "Se mexer no meu quadrado a situação complica." O cidadão escreve um texto longo, dizendo que nunca se meteu na administração, mas que agora vai participar e checar os atos do síndico.

Temos também o contrário, pessoas que entendem o verdadeiro significado da advertência, que é a mudança de hábito. Essas começam pedindo desculpas pelo ocorrido e dizem que vão tentar melhorar para não causar problemas para seu vizinho.

Aqui estão algumas sugestões para melhorar a comunicação em condomínios:

  1. Certifique-se de que suas mensagens sejam claras, objetivas e diretas.
  2. Evite linguagem ambígua que possa ser interpretada de maneiras diferentes.
  3. Mantenha o foco nos fatos e nas informações relevantes.
  4. Utilize os canais de comunicação apropriados. Mensagens importantes podem ser comunicadas por meios formais antes do envio da primeira advertência, enquanto informações mais leves podem ser compartilhadas em grupos específicos ou no visor do elevador.
  5. Evite linguagem ofensiva ou que possa ser interpretada como julgamento pessoal, isso pode ajudar a criar um ambiente mais colaborativo e transparente.
  6. Incentive o feedback construtivo.
  7. Em casos mais complexos, considere a possibilidade de envolver um mediador profissional para facilitar a comunicação entre as partes e encontrar soluções para os conflitos.
  8. Ao comunicar regras e regulamentos, certifique-se de documentar tudo de maneira clara e acessível, o que ajuda a evitar mal-entendidos e fornece uma referência para as expectativas.
  9. Mantenha um alto nível de transparência em relação às decisões e processos administrativos. Isso contribui para construir confiança entre os moradores e a administração, lembrando que a comunicação eficaz é uma habilidade que pode ser aprimorada com o tempo.
  10. A persistência na busca por métodos mais eficientes de comunicação pode contribuir para um ambiente mais harmonioso no condomínio.

Se essas sugestões não resolverem ou amenizarem a questão, não desista, pois isso representa apenas uma minoria. Use a sua experiência profissional para lidar com o assunto, como, por exemplo, sua sensibilidade em perceber que algo naquela pessoa não está bem.

Uns se recuperam, outros passam sem nem se dar conta do desconforto que trazem para o síndico, que luta para manter seu equilíbrio e a sua sanidade mental.

(*) Formada em Administração de Empresas pela FMU. Certificada em Administração de Condomínios pelo Secovi. Atua como Síndica Profissional na empresa Exclusiva Síndico.