Administração

Função de síndico

Os desafios do cotidiano nem sempre são os previstos, veja os motivos

Por Mariana Ribeiro Desimone

domingo, 20 de janeiro de 2013


 Morador que exerce função de síndico deve resolver conflitos nem sempre previstos em lei

Ele deve estar atento aos seus deveres e, principalmente, disposto a atender a outros moradores
 
Resolver briga de vizinhos e acordar de madrugada para advertir sobre o barulho no salão de festas fazem parte da rotina de um síndico. Porém, mediar conflitos não é a única atividade do cargo, que também tem obrigações previstas pelo Código Civil. Antes de aceitar o desafio e se tornar um síndico do condomínio, o morador deve estar atento aos seus deveres e, principalmente, disposto a atender a outros moradores, sem deixar que a proximidade com os vizinhos prejudique sua decisão enquanto responsável pelo prédio. 
 
O síndico profissional Edson Machado, gerente da Brognoli Condomínios, acredita que os interessados em desempenhar a função precisam ter disposição para atender os condôminos em qualquer horário, além evitar que ocorram conflitos e saber intermediá-los. Como as atividades requerem paciência e tempo do síndico, muitos moradores acabam desistindo da função, principalmente se a conciliam com um emprego. 
 
— As pessoas tendem a não gostar do desafio, porque o síndico sofre muitas críticas, mas não muitas contribuições para realizar seu trabalho.
 
Uma vez eleito por assembleia, com a possibilidade de exercer as atividades do prédio por uma gestão de até dois anos, o síndico tem de realizar o que prevê o artigo 1.348 do Código Civil, assim como seguir algumas normas de edificação, que vão garantir a segurança física do local. Entre suas atividades, estão convocar assembleias ordinárias e extraordinárias, cobrar taxas condominiais, controlar a inadimplência dos moradores e cuidar da manutenção do prédio. 
 
O presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SC), Sérgio Luiz dos Santos, ressalta que o não cumprimento das funções pode, inclusive, incriminá-lo judicialmente. 
 
— As atividades dos síndicos são complexas. Alguns condomínios já superam o orçamento de pequenos municípios - compara.
 
Planejamento é fundamental
 
Todas as atividades não fizeram com que Lucia Helena da Silva, de 61 anos, desistisse da função. Há quase uma década, ela é síndica de um condomínio com sete prédios, que é moradia para cerca de 400 pessoas, em Florianópolis. Lucia defende que, para administrar o local, é preciso planejamento.
 
— Às 7h tomo banho e café, porque até às 9h30min fico na guarita do prédio, para depois fazer os serviços de rua - explica.
 
Lucia acredita que essa dedicação com os assuntos do condomínio é a maior qualidade reconhecida pelos moradores - que ela garante saber quem são e em que bloco moram.
 
— Tem de ser teimosa e persistente com os projetos. Se a pessoa não é firme, não consegue passar pelos obstáculos que surgem no decorrer do dia, do mês e da madrugada.
 

Qualidades de um bom síndico

 
- Saber administrar as atividades de síndico e outro emprego. Em muitos casos, assume a função quem já é aposentado, porque ser síndico requer tempo para as responsabilidades programadas e as surpresas.
- Paciência para lidar com 
moradores que pensam diferente 
e discutem entre si.
- Não ser inadimplente ou sofrer processos, porque responderá pelo CNPJ do condomínio.
 

O que analisar antes de se candidatar à vaga

 

Prós

 
- Síndico que é morador não tem essa obrigação de cumprir horário de atendimento em local fixo (em uma sala do prédio, por exemplo).
- Na maioria dos casos, síndico ganha uma remuneração fixa pelo serviço que desempenha. De acordo com a advogada da Ibagy Imóveis, Maria Eloiza Martins, o valor é fixado pela convenção do condomínio.
- Em alguns casos, ainda que menos comum hoje em dia, o síndico que é morador tem isenção de condomínio.
- Conhecer os outros moradores e promover atividades que os 
aproximam.
- Há possibilidade de contratar serviço de orientação ao síndico, 
que lhe dará suporte legal e administrativo para atuar.
 

Contras

 
- Ter disponibilidade de tempo para atender os moradores.
- Carga de trabalho é grande, porque não há horário para atendê-los, quando se é morador. O síndico pode ser chamado de madrugada, para um barulho em salão de festas, e ter de resolver a situação naquele momento.
- Além dos conflitos, tem de desempenhar as obrigações impostas pelo Código Civil.
- Quando se é síndico (e morador), corre-se o risco de ser imparcial, porque é difícil penalizar um vizinho que também é amigo.

Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br