terça-feira, 17 de outubro de 2023
Moradores reclamam que falta de serviço da Comurg provoca mau cheiro e até larvas em calçadas
O atraso no recolhimento dos resíduos orgânicos em Goiânia afeta especialmente os moradores de condomínios verticais por conta do volume de lixo produzido diariamente nesses locais. O mau cheiro e a grande quantidade de sacos acumulados na entrada dos edifícios produzindo chorume são os principais pontos de reclamação.
“Para piorar, os animais de rua passam, mexem nos sacos e espalham todo o lixo”, exemplifica Ulisses Soares, vice-presidente do Sindicato das Imobiliárias e Condomínios do Estado de Goiás (Secovi Goiás).
Soares conta que tem recebido diversas reclamações de síndicos de condomínios espalhados por toda a capital. “Condomínios verticais com muitos moradores sofrem bastante. Alguns eram atendidos duas ou três vezes na semana e agora só estão tendo o lixo recolhido uma vez a cada sete dias. Imagina essa situação em um prédio com 800 apartamentos”, esclarece.
A subsíndica do Condomínio Ilhas de Flamboyant e presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Jardim Goiás, Madalena Santos, conta que tem recebido relatos de outros síndicos desesperados sobre o que fazer com o lixo acumulado. “Os sacos de lixo vão ficando um em cima do outro e o chorume vai escorrendo”, diz. O condomínio no qual ela trabalha conta com 216 apartamentos e chegou a ficar três dias sem receber a coleta de resíduos orgânicos.
A síndica do Residencial Al Mare, Cristiane Bittar, explica que o mau cheiro do lixo acumulado durante quatro dias fez com que ela entrasse em contato com a Comurg de forma insistente na última quinta-feira (12). “Eu moro no oitavo andar e ainda assim sentia. Era insuportável. Na sexta-feira (13), eles vieram e recolheram”, relata. Ao longo deste final de semana, o condomínio, que conta com 104 apartamentos e também fica no Jardim Goiás, voltou a ficar sem o recolhimento de resíduos orgânicos.
A presidente da Associação Dos Moradores Do Entorno Do Parque Flamboyant (Amepark), Luiza Barbosa, aponta que a região conta com mais de 200 prédios, o que faz com que os resíduos se acumulem rapidamente. “Dá muito lixo. As calçadas ficam cheias de larvas”, destaca. Segundo ela, alguns moradores da região chegaram a cogitar contratar uma empresa privada para fazer a retirada do lixo acumulado nos últimos dias. Entretanto, o serviço pode custar caro.
“É um valor não previsto no orçamento do condomínio. Isso pode gerar um aumento da taxa (de condomínio)”, alerta o vice-presidente do Secovi Goiás.
Pela regulamentação municipal, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) não atende os Grandes Geradores de Resíduos Sólidos (GGRS). Dessa forma, eles devem procurar uma empresa devidamente cadastrada para contratar o serviço. No caso de condomínios de edifícios não residenciais ou de uso misto, horizontais e verticais, são considerados GGRS aqueles cuja soma dos resíduos sólidos gerados pelas unidades autônomas que os compõem, seja em volume médio semanal igual ou superior a sete mil litros ou mil litros diários.
No caso de estabelecimentos como bares e restaurantes, são GGRS aqueles com volume médio semanal igual ou superior a 1,4 mil litros ou 200 litros diários.
“É uma quantidade que um bar ou restaurante pequeno, que tem entre 15 ou 20 mesas, consegue gerar. Isso gera um impacto de R$ 600 a R$ 1,2 mil por mês. Em estabelecimentos grandes, com em torno de 100 mesas, o valor pode variar de R$ 3 mil a R$ 4 mil. A maioria dos nossos associados já precisa pagar uma empresa privada para a coleta”, comenta Danillo Ramos, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) em Goiás.
Em nota, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) informou que “trabalha em uma força-tarefa para deixar a cidade limpa” e que “até o momento, 70% da cidade já está com a coleta de resíduos orgânicos em dia”. Segundo a Comurg, até o próximo domingo (22), o serviço estará completamente normalizado. A companhia comunicou ainda que “em relação aos atrasos nos serviços, o presidente da Comurg, Alisson Borges, esclarece que foram motivados pela quebra dos caminhões compactadores".
Fonte: https://opopular.com.br/cidades/condominios-veem-lixo-se-amontoar-sem-coleta-em-goiania-1.3074749