Administração
Impacto nas contas
No interior de SP, salário de funcionários eleva taxa de condomínios
Por Mariana Ribeiro Desimone
domingo, 31 de março de 2013
Mão de obra qualificada encarece valores de condomínios na região
Há dificuldade para contratar porteiros e zeladores multitarefas. Salários pagos a esses profissionais têm reflexos para os condôminos.
Em São Carlos (SP) e região contratar bons porteiros e zeladores aptos a desempenhar funções de eletricista, encanador, entre outras, está cada vez mais difícil. Por isso, muitas administradoras de prédios têm aumentado o salário desses profissionais, o que acarreta um custo maior nos condomínios. Um levantamento do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (Secovi-SP) revela que o valor da conta aumentou 103% nos últimos dez anos no estado.
O professor Antônio Pizani mora em apartamento e sente no bolso o aumento a cada ano. Em 2006, ele pagava R$ 547,81 de condomínio, valor que subiu para R$ 826,37 este ano. “E não é um condomínio de alto luxo. Se tivesse piscina e outras regalias, os valores seriam bem mais elevados”, disse.
Segundo o levantamento feito pelo Secovi-SP, os aumentos se devem principalmente aos custos gastos com mão de obra, que registraram maior alta, de 8,3% no ano passado, e 123% desde 2003.
Um porteiro na cidade ganha em média R$ 910 e um zelador R$ 950. Em busca de melhores salários, muitos buscam outras oportunidades, gerando uma rotatividade de mão de obra. “A consequência disso é ter pessoas não tão qualificadas, por isso não é fácil encontrar bons profissionais no mercado”, disse Arnaldo Sanchez, síndico de um prédio na região central.
A situação é ainda mais complicada para preencher vagas para zeladores. “É impossível contratar alguém por esse piso salarial hoje em dia”, afirmou João de Almeida, diretor de uma empresa de segurança. “É o cargo mais difícil porque requer algum conhecimento na parte hidráulica, elétrica e até na jardinagem”, completou Sandro Azevedo, administrador de condomínio.
O zelador João José da Silva é um desses profissionais difíceis de encontrar. Há dois anos, foi promovido de porteiro a zelador. Ele faz de tudo: atua como pintor, encanador, eletricista, jardineiro. Trabalhou como pedreiro na construção do prédio onde continua empregado, conquistou a confiança dos moradores e cresceu profissionalmente. Agora até recusa propostas de empregos. “Tem empresas que já me chamaram, mas eu não abandono o lugar que estou. Aqui me sinto valorizado”, disse.
Investir em cursos
Fiscalizar a entrada e saída de inúmeras pessoas ao mesmo tempo, verificar as câmeras de vigilância, ser cordial, estar atento a tudo que acontece. Estas são apenas algumas das várias tarefas cumpridas pelos porteiros e zeladores em sua rotina de trabalho. Mas o salário pago a esses profissionais é baixo, segundo João de Almeida, diretor de uma empresa de segurança.
“O ideal para o mercado hoje seria que o porteiro tivesse um salário de R$ 1,2 mensais mais os benefícios, o que faria com que esse profissional se fidelizasse no contrato dele. A rotatividade prejudica a operação. Como mo mercado está aquecido, os porteiros trabalham 15 dias, um mês e a hora que começam a conhecer a atividade eles migram para outra área”, explicou.
Almeida disse ainda é que esses profissionais devem investir em cursos para que consigam melhores oportunidades dentro do próprio local de trabalho. “É importante ter aulas de atendimento ao público, noção de informática, mas o melhor seria fazer um curso de vigilante, que engloba um bom conteúdo de tudo isso”, declarou.
Fonte: http://g1.globo.com