04/12/19 02:49 - Atualizado há 5 anos
Por Ricardo Karpat*
Estudos diversos e o próprio mercado de trabalho têm mostrado cada vez mais que o conhecimento técnico, ainda que seja amplo, não é suficiente ou fator garantidor para uma carreira de sucesso.
Ele deve vir acompanhado da habilidade em bem administrar as emoções, hoje consideradas tão importantes quanto os aspectos cognitivos. É a chamada inteligência emocional. Ela é essencial para as mais variadas profissões e essencial também para quem atua na gestão condominial.
Na atuação do síndico, essa habilidade comportamental é mais do que necessária. É preciso saber fazer, mas também é preciso estar equilibrado para fazer.
Para isso, desde o seu primeiro dia de serviço, o síndico deve ter em mente que ele representa uma comunidade. Então, quando os moradores o procuram para realizar os mais distintos pedidos, em parte trazidos com emoção e sem visão da coletividade, é preciso ter inteligência emocional para acolher a mensagem, ponderar e ter coerência para colocar ou não em prática aquilo que foi solicitado.
Cautela, racionalidade e até distanciamento para avaliar cada situação antes da tomada de uma decisão são características emocionais importantes na gestão condominial. Vale ressaltar a máxima de que todo mundo tem razão em seu ponto de vista. Ainda mais nos frequentes momentos de conflito existentes na vida em condomínio.
Para superar esses momentos conflituosos com inteligência emocional, uma boa estratégia é investir no diálogo. Através dele, é possível fazer o condômino reclamante ou solicitante perceber como ele está reagindo dentro da situação.
Por meio de uma conversa respeitosa, o síndico pode conduzir a pessoa novamente para o lado racional. Sendo assim, é possível aprofundar o entendimento sobre o problema e buscar a respectiva solução.
Dá ainda mais peso à estratégia acima o entendimento, por parte do síndico profissional, que os condôminos são, na essência, clientes seus, o que demanda uma visão estritamente profissional, entendendo que as reclamações que chegam não são contra sua pessoa física, mas contra uma figura de autoridade por ele representada.
Por essa razão, é fundamental deixar somente a razão prevalecer. O trabalho, dessa forma, fluirá melhor.
Uma vez sabida a relevância da inteligência emocional na gestão condominial, o passo seguinte é desenvolvê-la. Há um processo para alcançá-la. Saber quanto é importante bem como qual é o impacto do próprio comportamento nas relações é o primeiro passo. Nessa jornada, a autopercepção e o autoconhecimento são essenciais.
Paralelamente, é fundamental refletir, antes de assumir a função de síndico, se está preparado, com o equilíbrio emocional necessário para desempenhar uma atividade que sempre é envolta de muitas expectativas e muitas divergências.
Já no exercício da atividade, o síndico profissional deve estar constantemente atento aos feedbacks dos condôminos. Eles são o termômetro que medirá a capacidade de gerir as emoções, bem como de construir relações com seus clientes, os moradores.
Ao evoluir o processo de autoconhecimento, o síndico consegue descobrir e reconhecer pontos de necessidade de melhora no que diz respeito à inteligência emocional. Entra, aqui, a etapa de treinamento comportamental.
Ela pode ser feita de diversas formas, tanto autodidata, por meio de livros sobre o assunto, quanto com ajuda profissional, seja através de coach ou de terapias.
O importante é reconhecer e ter interesse em modificar o comportamento, o que exige da pessoa muito esforço, muito trabalho e um propósito muito firme.
O desenvolvimento da inteligência emocional permitirá que o síndico consiga conduzir melhor mesmo aqueles momentos mais divergentes, que geralmente se sucedem nas assembleias, onde os ânimos se exaltam e se formam grupos com ideias opostas.
Com calma e equilíbrio total das emoções, o síndico passa a organizar os pensamentos, espelhar racionalidade e, mesmo sem deixar de usar a firmeza quando a situação pedir, conduzir a situação em busca da solução para a divergência em questão.
Bons síndicos desenvolvem e aplicam essa habilidade e se tornam mais preparados para lidar com as adversidades, conflitos e desafios que permeiam essa importante atividade profissional.
(*) Ricardo Karpat é diretor da Gábor RH e referência nacional na formação de Síndicos Profissionais.