Segurança
Meningite no condomínio
Vizinhos de estudante vitimada pela doença querem profilaxia no local
Por Mariana Ribeiro Desimone
domingo, 2 de outubro de 2011
Falta de profilaxia em local onde jovem morreu de meningite causa polêmica
Moradores do Condomínio Arvoredo, no Cabula, onde a estudante Lindiane de Souza de Sá Teles, 27 anos, 41ª vítima da meningite C na Bahia, morava, estão apreensivos com a possibilidade de novos casos da doença no local. Eles querem que as pessoas que tiveram contato com a jovem recebam a quimioprofilaxia (tratamento com antibiótico) para evitar a doença.
Depois da assessoria da Secretaria de Saúde do Município (SMS) divulgar que o procedimento seria realizado nesta manhã de quinta-feira (29), funcionários do órgão estiveram no conjunto, mas foram embora sem aplicar a medicação.
De acordo com a assessoria do órgão, o tratamento acabou não sendo feito porque nenhum morador atendia aos critérios para receber a quimioprofilaxia, já que nenhum deles, segundo os agentes de saúde, tiveram contato com a estudante. A informação é contestada pelos vizinhos de Lindiane.
Segundo a dona de casa Jamile Oliveira Santos, 22 anos, amiga e vizinha da vítima, Lindiane começou a sentir os sintomas da doença na quarta (21) e teve contato com diversos amigos.
"Ela sentiu dor de garganta na quarta e na sexta uma amiga percebeu que ela estava com febre alta. No domingo, ela falou comigo e depois foi a um churrasco. Depois não foi mais vista", conta.
Jamile também disse que teve contato com o corpo da amiga após sua morte. "Está todo mundo com medo, porque disseram que não pega assim, mas continuo insegura".
Tratamento
O líder comunitário, Raimundo Braga afirma que os funcionários da SMS foram embora sem dar explicação. "Eles chegaram, viram a imprensa, se aborreceram e foram embora sem se justificar", conta. Representantes da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) se reuniram com os moradores na Associação de Moradores do condomínio nesta quinta, mas, de acordo com a assessoria do órgão, a responsabilidade pela quimioprofilaxia é do município.
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que a “administração dos antibióticos não pode ser feita de forma aleatória, pois o organismo pode criar resistência aos medicamentos, tornando seu efeito nulo. Só deve ser medicado quem manteve contato direto com a vítima ou compartilhado objetos de uso pessoal”.
Até o momento, o único local onde os agentes deverão aplicar o procedimento é na academia onde a Lindiane malhava, o que deve ocorrer ainda nesta tarde. Nesta sexta-feira, 30, será ministrada uma palestra sobre as formas de contágio e os riscos da Meningite C no condomínio Arvoredo.
Também amiga e vizinha de Lindiane, a dona de casa, Maria da Conceição, 36 anos, pede uma medida mais efetiva. "Não adianta conversar, quero que tragam medicamento". "Eles querem que aconteça outro caso, que morra mais alguém. Um adolescente já foi levado para o hospital com dor de cabeça, na nuca e febre. Não há confirmação se ele está com a doença, mas estamos com medo", relata Raimundo Braga.
Fonte: http://www.atarde.com.br