Mercado
Mercado aquecido
Litoral de Pernambuco atrai cada vez mais empreendimentos de luxo
Por Mariana Ribeiro Desimone
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Condomínios horizontais são aposta do mercado imobiliário para classes A e B
André Callou, diretor da construtora A.C Cruz, deve se mudar em breve para um empreendimento de sua empresa, especializada em construir condomínios para a classe média recifense. Só que não se trata de um edifício na zona norte ou sul do Recife, mas de um condomínio de casas no quilômetro 19 da BR-232 em Jaboatão dos Guararapes, o Villa Três Lagoas. Não é um caso isolado. Nos últimos anos o mercado imobiliário destinado às classes A e B se diversificou e começou a oferecer cada vez mais opções horizontais para esse público.
O representante da Ademi-PE na Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Marcello Gomes, explica que o aumento das ofertas de condomínios horizontais é reflexo da expansão imobiliária do estado. Hoje, bairros tradicionalmente procurados pela classe média alta, como Espinheiro, Graças e Boa Viagem, estão muito adensados. “Com o mercado aquecido, novas opções de moradia têm surgido”, destaca.
O diretor comercial da imobiliária Eduardo Feitosa, Henrique Feitosa, conta que a aceitação desse tipo de moradia tem apelo comercial tão forte como o dos edifícios verticais. “É claro que se trata de um produto específico, e o número de empreendimentos não é tão grande. Mas por oferecerem segurança e ampla estrutura de lazer, a aceitação tem sido positiva.”
Destinados a pessoas que buscam uma qualidade de vida maior, com menos agitação e mais espaço, esses empreendimentos encontram-se na imensa maioria das vezes afastada dos grandes centros urbanos. Mas Feitosa destaca que os locais estão posicionados em locais estratégicos em termos de mobilidade.
“Apesar de ficarem fora do Recife, estão a um pulo da cidade. A demora de locomoção acontece somente quando o morador chega na capital e fica preso no engarrafamento.”
O preço salgadíssimo dos terrenos no Recife também contribui para a localização remota. Mas se engana quem pensa que a distância deixa os preços mais acessíveis. O metro quadrado de um condomínio horizontal não fica abaixo de um similar em bairro recifense valorizado. A mensalidade do condomínio também não.
Luxo ao quadrado
No condomínio Morada da Península, realização da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) na Reserva do Paiva, o metro quadrado custa em torno de R$ 9 mil. Um preço próximos ao de lançamentos na Avenida Boa Viagem, onde o metro quadrado fica, em média, por R$ 10 mil. Mas estamos falando só do lote, sem a casa construída. Dependendo do material utilizado na confecção da casa, o custo metro quadrado de construção pode passar fácil os R$ 2 mil.
Como, segundo a OR, as casas possuem em média 580 metros quadrados (fora a área não construída), os custos não param por aí. Os moradores ainda desembolsam mensalmente R$ 3.417,63 pelo condomínio - preço similar ao pago em edifícios top de luxo. Mas se o valor é muito salgado para o seu bolso, não desanime: há opções para a classe B também.
Destaque para o verde
O condomínio Villa Três Lagoas, ainda em construção, vai ter lotes de mil metros quadrados custando em torno de R$ 370 mil.
“Construindo uma casa de 200 metros quadrados, o investimento total no imóvel deve ficar numa média de R$ 770 mil, considerando o valor do metro quadrado de construção em R$ 2 mil”, diz André Callou, estimando também que o condomínio deva girar em torno de R$ 700. O empreendimento aposta num clima campestre, com 55 mil metros quadrados de área de reflorestamento, fora as lagoas que dão nome ao empreendimento.
Outro condomínio horizontal que ainda está sendo construído e é destinado às classes mais favorecidas é o Alphaville Pernambuco 1, localizado também na BR-232, em Jaboatão dos Guararapes. Só que no quilômetro 17,5. Segundo o corretor Tiago Campelo, da Machado Negócios Imobiliários, os interessados em residir no condomínio vão desembolsar cerca de R$ 500 pelo metro quadrado, em lotes com tamanhos a partir de 436 metros quadrados. Não se sabe quanto vai ficar o condomínio, mas no Alphaville Francisco Brennand (já pronto) fica por R$ 550.
Na contramão da tendência de empreendimentos mais afastados, deve ser entregue no fim do ano no bairro de Apipucos, o condomínio Morada Praça de Apipucos, da Azevedo Castro Engenharia. Custando em torno de R$ 1,2 milhão, foram construídas seis casas de 360 metros quadrados cada. “Dois fatores possibilitaram a construção de casas em vez de apartamentos. O primeiro foi que a região é tombada, não se pode fazer construções altas. O segundo é que o terreno foi comprado já há algum tempo, antes desse boom imobiliário”, explica o diretor da Azevedo Castro, Leonardo Castro e Silva.
Fonte: www.diariodepernambuco.com.b