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Mercado aquecido

Interior paulista é cada vez mais procurado para condomínios multiúso

Por Mariana Ribeiro Desimone

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


 Condomínio misto cresce no interior paulista

Oferta de terrenos maiores impulsiona grupos médios como MZM, MBigucci, Assuã e Medeiros a realizarem empreendimentos
 
No interior paulista, a oferta de terrenos maiores, o crescimento econômico e a tendência dos brasileiros de buscar alternativas de lazer, trabalho e moradia — tudo em um único local — são questões que têm atraído empresas da Grande São Paulo. Cidades como Bauru, Diadema, São Bernardo, Jundiaí e Ribeirão Preto receberão projetos de condomínios multiúso, modelo consolidado na capital paulista e que movimenta R$ 8 bilhões ao ano.
 
Exemplo disso, a MBigucci lança em São Bernardo do Campo o condomínio Marco Zero, que contará com lojas, apartamentos e salas comerciais. Ainda no ABC, a MZM anunciou o lançamento do primeiro complexo multiúso da empresa em Diadema. Em Bauru, a Assuã também realizou aportes no mesmo modelo, enquanto a Madureira prevê três novos empreendimentos nesse perfil para Ribeirão Preto.
 
“Condomínios multiúso entram agora como uma aposta das empresas para 2013, apoiadas em três pilares: mobilidade urbana, concentração de renda e segurança privada”, explica o consultor imobiliário da Terra Imobiliária, Celso Castro.
 
E foi com esse olhar que a construtora MBigucci lançou seu primeiro empreendimento desse perfil, em São Bernardo. Mesmo com valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 170 milhões, só na primeira fase, o presidente da empresa, Milton Bigucci, afirmou que as vendas foram mais rápidas do que o comum. “Vendemos 70% do empreendimento antes do lançamento oficial”, disse o executivo, que  completou: “Demoramos algum tempo antes de  decidir por um empreendimento desse tamanho, que é o maior da empresa. Mas o sucesso foi tremendo, e já estudamos outras opções de terrenos e cidades para viabilizar outro projeto desse tipo”, disse o executivo, sem dar detalhes sobre o próximo alvo.
 
Segundo Bigucci, o terreno onde ficará o Marco Zero foi comprado pela construtora há cinco anos, e a decisão por um empreendimento deste porte foi realizada com base nas projeções de crescimento do mercado imobiliário na cidade, que vem registrando altas semestralmente. 
 
Já a MZM anunciou, esta semana, a parceira com a Fibra Expert para a construção do primeiro condomínio clube em Diadema, no ABC. O empreendimento contará com aportes de R$ 100 milhões e está previsto para ser lançado até o final deste ano, na região central da cidade.
 
Segundo Hélio Korehisa, diretor-comercial da empresa, Diadema tem enfrentado um momento de crescimento imobiliário, e as empresas encontraram neste momento mais oportunidade com esse tipo de lançamento. “Trata-se de um terreno importante para Diadema, e nós resolvemos usá-lo para realizar um empreendimento diferente de tudo que já foi lançado na cidade até agora”, disse.
 
De acordo com ele, o objetivo da empresa é investir em Diadema R$ 600 milhões, até 2013. “Diadema figura entre as cidades do ABCD com mais potencial de verticalização”, completou.  Além dessa região do Grande ABC, a cidade de Bauru, no interior paulista, também vem registrando um crescimento exponencial de condomínios diferenciados. 
 
E quem pretende entrar neste mercado, em 2013, é a construtora Madureira, nascida em Aracaju (SE). A empresa decidiu vir para o mercado paulista através de condomínios no interior de São Paulo. Segundo David Simões da Silva, gerente-comercial do grupo, a companhia pretende lançar em 2013 o primeiro empreendimento nesse perfil, em Ribeirão Preto.
 
“Fizemos aquisições de terrenos no interior e estudamos a viabilidade de negócio em cada um deles. Ribeirão surge como um grande potencial de negócio”, diz.
 
Outra construtora que também irá aproveitar o bom momento da cidade é a Assuã , que lançou recentemente um condomínio residencial, com opções de lazer voltado para a classe A, com imóveis de até R$ 1,6 milhão.
 
A cidade de São José do Rio Preto também figura como opção das construtoras. O lançamento do condomínio Setparque, assinado pela Setpar  marca uma nova fase do mercado imobiliário na região. O empreendimento tem 896 lotes e nasce com o conceito de bairro planejado.
 
Recém-chegada a Jundiaí, a construtora Altana também já garantiu a construção de um condomínio-clube na cidade.  O Duo Reserva do Japi Residencial Clube foi lançado este mês e, segundo a empresa,  70% de suas unidades foram vendidos em 15 dias.
 
Ao todo seus 256 apartamentos estão distribuídos em duas torres, dentro de um terreno de 9 mil metros quadrados com ampla área verde. “O mercado imobiliário de Jundiaí apresenta forte crescimento e demanda  produtos como  o nosso”, disse Frederico Melo Azevedo, diretor da Altana.
 

Modelo que dá certo

 
O conceito de condomínios residenciais, que é forte na capital paulista, tende a gerar também retornos financeiros no interior. De acordo com a Administradora Lello Condomínios, cerca de 20 mil condomínios existentes na cidade movimentam R$ 7,8 bilhões por ano. A administradora apontou que em 2002 esse valor era de R$ 5 bilhões. “O mercado cresceu expressivamente nos últimos anos, atraindo cada vez mais o interesse de empresas fornecedoras de produtos e prestadores de serviços especializados”, disse Márcia Romão, gerente de Relacionamento com o Cliente da Lello Condomínios. Ela lembra que 80% da arrecadação do condomínio vai para contas fixas, como folha salarial e contas de água e luz.
 
“Isso mostra também a importância do empreendimento que fomenta a economia e puxa prestadores de serviços”, crê Celso Castro, da Terra Imobiliária.

Fonte: www.panoramabrasil.com.b