Cresce número de condomínios em Bauru
Bauruenses optam por segurança e construções estão cada vez mais em alta; em 2012 foram aprovados 21
JULIANA SANTOS
A falta de espaço para construir condomínios nas regiões mais valorizadas de Bauru está provocando um novo fenômeno na cidade: construtoras compram casas para demolir e levantar edifícios nos locais.
Às vezes, essas casas chegam a ser relativamente novas, porém o terreno possui maior valor por sua localização do que pelo próprio imóvel.
De janeiro deste ano até o mês de outubro, a Prefeitura de Bauru aprovou 21 projetos de construção de condomínios, divididos entre 11 empreendimentos imobiliários de edifícios, oito loteamentos e dois condomínios residenciais.
Desde 2009, esses números são mantidos como uma média aproximada anual, com exceção do “boom” dos edifícios em 2010, ano em que foram construídos 28 empreendimentos imobiliários do tipo, segundo dados da Secretária de Planejamento (Seplan).
A Zona Sul é a região mais procurada da cidade para este tipo de empreendimento e a expansão dos condomínios pode ser vista por todos os lados. Os motivos, segundo a Seplan, são principalmente o aumento das rodovias e pavimentação nessa área.
Por causa de empreendimentos residenciais de médio e alto padrão, o perímetro urbano já foi aumentado três vezes desde sua definição no Plano Diretor de Bauru, em 2011.
O aumento da demanda por esse tipo de imóvel vem seguindo a tendência de cidades maiores, como São Paulo, que possui atualmente cerca de 20 mil condomínios, segundo levantamento realizado pela empresa Lello Condomínios.
Ao contrário da capital paulista, que no início deste ano passou por uma série de arrastões em condomínios, em Bauru essa opção ainda costuma ser segura.
O estudante Vitor Moura, 20, morador de um condomínio no bairro Jardim Panorama explica sua preocupação com a segurança.
“É sempre bom ter um vigilante para nos receber quando chegamos em casa, porque é muito fácil abordar um estudante voltando de uma festa e forçá-lo para dentro de casa.”
Outro estímulo para as pessoas buscarem condomínios para morar são os serviços oferecidos. Vitor destaca que para ele o condomínio oferece vantagens, como salão de festas, e a manutenção de seu apartamento é mais simples do que de uma casa.
O diretor regional do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Renato Parreira, ressalta que esse tipo de imóvel em Bauru passou por uma valorização nos últimos 3 anos, mas agora irá estabilizar, pois avalia que a maioria das pessoas já comprou suas propriedades.
Remodelação de espaços
A crescente busca por moradias em condomínios também resulta na remodelação dos territórios valorizados na cidade. Um exemplo disso é a região próxima ao Jardim Nicéia, que atualmente é rodeado por três condomínios residenciais de alto padrão.
Quando o bairro surgiu, há aproximadamente vinte anos, os terrenos não tinham muita atenção para especulações imobiliárias, e hoje faz parte de uma região bastante valorizada.
Para a merendeira Joana da Silva, 44, moradora e representante da Associação dos Moradores do Jardim Nicéia, esse cenário serve como um alerta social.
“Os condomínios mostram o quanto nosso bairro está abandonado e as enormes diferenças sociais, pois não temos nem asfalto e saneamento básico.”
Lei de Zoneamento define parâmetros para ocupação da cidade
Em Bauru, para uma obra do porte de um condomínio ser aprovada e executada é necessária uma série de procedimentos, desde a aprovação em âmbito municipal e estadual e a regulamentação através da Lei Municipal de Zonamento (Lei n° 2339/82).
Criada há 30 anos, a lei que define as regras para uso e ocupação do espaço urbano e a divisão entre as áreas residenciais e comerciais não é atualizada desde o ano 2000.
O diretor regional do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil), Renato Pereira, afirma que o sindicato já solicitou ao legislativo a revisão da lei.
Para Renato, o município também precisa solucionar os problemas de abastecimento de água e estruturar de forma mais eficiente o DAE e a Seplan. “O setor público tem que fazer mudanças para acompanhar o crescimento da construção civil.”
A marca Alphaville é um exemplo. Criada há 35 anos, a urbanizadora se prepara para lançar em Bauru seu primeiro condomínio. A chegada do empreendimento mostra um fato cada vez mais perceptível: o comércio de luxo descobriu a cidade e transforma a paisagem urbana.
O interesse do grupo Alphaville é confirmado oficialmente pela Secretaria Municipal de Planejamento. Por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, a Seplan informou que a empresa formalizou solicitação de diretrizes para implantação de um empreendimento local. A elaboração está em andamento no setor responsável.
A secretaria não tem autorização para divulgar mais informações, como prazo de entrega do residencial, número de unidades e sequer a localização.
Além disso, a Câmara aprovou recentemente a transformação da área da fazenda Santa Rosa, do empresário Zezinho Martha, em área urbana. O local também deverá ser usado para um empreendimento residencial de alto padrão, ou seja, mais um condomínio fechado.
Outro conjunto de casas será erguido perto do Sambódromo, com investimentos na infraestrutura urbana.
Ainda no setor imobiliário, construtoras de edifícios residenciais oferecem apartamentos requintados. Construído pela Assuã na quadra 23 da avenida Getúlio Vargas, o residencial Privilège, por exemplo, terá seis apartamentos do tipo penthouse. O valor: R$ 1,6 milhão.
Fonte: http://www.redebomdia.com.br