Administração

Morte em condomínio

Família de jovem que faleceu em PA pede reabertura do caso

Por Mariana Ribeiro Desimone

terça-feira, 27 de maio de 2014


Família de jovem morto em festa no RS pede reabertura de inquérito

Adolescente de 17 anos foi achado agonizando em pátio de condomínio. Polícia afirma que foi acidente; pais fizeram perícia particular e discordam.
 
Depois de um ano, a família de um adolescente que morreu em uma festa em 2013 na Zona Sul de Porto Alegre ainda não descobriu o que aconteceu. Os pais do menino resolveram contratar uma perícia particular por não confiarem na posição da polícia, que afirmou que o caso foi um acidente. Os novos exames afirmam que ele pode ter sido espancado antes da queda. Um pedido de reabertura do inquérito foi encaminhado ao Ministério Público com base nas novas evidências.
 
Na noite de 27 de abril de 2013, Eduardo Vinícius Fösch dos Santos, de 17 anos, foi até uma casa onde ocorria uma comemoração entre amigos, no condomínio Jardim do Sol, em Porto Alegre. No outro dia, pela manhã, foi encontrado quase inconsciente no pátio vizinho, nos fundos de uma casa em um terreno 6 metros rebaixado. Depois de nove dias internado no hospital, o garoto morreu com traumatismo craniano.
 
A família contratou um perito particular, que já foi funcionário do Instituto Geral de Perícias (IGP) e hoje trabalha de forma independente. O novo procedimento foi feito com base em imagens e fotografias produzidas pela proprietária da casa onde Eduardo foi achado. Segundo os pais, há também um relato da dona da residência de que o espaço onde encontraram o menino foi limpo muito rapidamente. Não se sabe quem teria feito o procedimento.
 
A principal dúvida é se o jovem caiu, como afirma a polícia, ou se outras pessoas o teriam empurrado. As invetigações oficiais indicaram, no final do ano passado, que o inquérito deveria ser arquivado por se tratar de um acidente.
 
A mãe de Eduardo, Jussara Fösch, afirma que não há nenhuma conclusão que evidencie claramente que foi um acidente o que ocorreu com seu filho. “O que nós precisamos é que seja feita uma investigação aprofundada, que se colha os depoimentos de todos os presentes, dos organizadores, dos seguranças do condomínio e das pessoas envolvidas”, diz.
 
O pai do menino, Júlio Cesar Rodrigues dos Santos, relata que o perito contratado constatou que da forma como o jovem teria caído, era necessário apresentar lesões nos cotovelos e joelhos, o que não aconteceu. “A tendência, quando uma pessoa cai conscientemente, é que tente se defender. Ele caiu desfalecido e foram encontradas marcas de sangue nos tênis quando ele ainda estava de pé, o que significa que ele sofreu uma agressão”, argumenta.
 
A festa era organizada por estudantes de colégios da Zona Sul. De acordo com a família, ingressos foram cobrados para o local e a investigação identificou que cerca de 160 pessoas estavam na casa, que oferecia bebida alcoólica de forma liberdada sem a supervisão de adultos, apenas de três seguranças contratados.
 
“Meu filho disse que a festa era perto da casa de amigos e que iam só pessoas que ele conhecia, em um condomínio fechado. Fiquei muito tranquilo por eles estarem em um local seguro. Jamais podia imaginar que numa situação dessa nós o encontraríamos, no outro dia, praticamente morto”, pontua o pai.
 
Eduardo Fösch era estudante de um cursinho pré-vestibular e pretendia concorrer ao curso de Engenharia Ambiental. Os pais relatam que o menino era esportista e gostava de atividades como futebol, dança, surfe, skate e chegou a tocar em uma banda marcial.
 
“Não se justifica uma criança entrar em uma residência, em uma casa de família, sair praticamente morta e a gente não saber o que aconteceu. Não tem como aceitarmos isso”, desabafa Jussara.
 
A polícia atualmente sustenta a informação de que realmente foi um acidente e que o garoto possa ter caído na casa de trás, provocando as lesões. Devido à perícia particular contratada pela família, que aponta hematomas no corpo, a delegacia encaminhou um pedido para que se faça a reabertura do inquérito. O caso agora está na justiça e deve ser definido pelo Ministério Público.

Fonte: http://g1.globo.com/