Segurança

Onda de assaltos

Condomínio de luxo em Fortaleza sofre invasão violenta

Por Mariana Ribeiro Desimone

domingo, 13 de maio de 2012


 Precedente perigoso

O assalto praticado por três marginais, no interior de um edifício no bairro Meireles, em Fortaleza, representa um precedente perigoso e que deve impor, ao mesmo tempo, mudanças significativas na administração dos condomínios.
 
Esta foi a primeira vez em que um grupo de apartamentos de luxo se viu indefeso nas mãos de inexperientes marginais. Mesmo assim, as agressões e as ameaças de morte praticadas contra um dos residentes da edificação coletiva, um respeitável médico-cirurgião, deixaram marcas de difícil superação para todos os condôminos.
 
A violência transformou-se num estilo característico de vida nas cidades. No Brasil, diante da frouxidão da legislação penal e das facilidades oferecidas aos violadores das normas de convivência civilizada, as situações inusitadas de medo e susto se multiplicam. A violência urbana tem resultado, nos grandes centros, em episódios preocupantes pelo crescimento acelerado.
 
Em Fortaleza e sua Região Metropolitana, até então, os registros policiais se cingiam às áreas de praias, sítios e fazendas, onde a malandragem se manifesta pelo golpe das quadrilhas especializadas em transformar famílias inteiras em reféns, enquanto promovem a limpeza dos bens guardados nos imóveis de lazer.
 
Esse desconforto, sofrido pelos que buscam a tranquilidade das regiões distantes do burburinho da cidade grande, já se faz notar com destaque nas ocorrências policiais registradas nas praias do leste, a partir do Eusébio e de Aquiraz, focos de invasões de chácaras, sítios e fazendas, e do oeste, desde o Pacheco até a Barra do Rio Cauípe.
 
Nos últimos meses, a ação efetiva do policiamento repressivo resultou no desmantelamento de grupos habituados a agirem nas praias distantes, onde o socorro às famílias violentadas no direito ao repouso demora a chegar. Mesmo assim, a prisão de alguns bandos armados, atuantes nas zonas periféricas, não significa o seu total desmantelamento.
 
Não se pode deixar de reconhecer o trabalho eficaz, com alta resolução, posto em prática pela polícia de choque, aquela que vai, intervém e produz resultado explícito. Enquanto as regiões periféricas gozam período de tranquilidade, a violência se acentua na Capital, onde os homicídios não saem da rotina diária entre jovens delinquentes.
 
Em centros expandidos como Rio de Janeiro e São Paulo, a falta de cuidados preventivos estimula os assaltos aos edifícios residenciais nas regiões de maior poder aquisitivo. Na lógica dos meliantes, invadir um edifício assegura maior volume de bens materiais como produto de seu roubo, proteção contra a repressão policial e facilidades para a fuga, diante da oferta de veículos.
 
O trio invasor do edifício no Meireles, situado na região imobiliária de melhor valorização de Fortaleza, não logrou resultado por sua inaptidão e pela pronta intervenção do aparelho repressor policial. O médico feito refém para dar fuga à trinca teve sua vida poupada, amargando apenas uma experiência indesejável a qualquer cidadão.
 
O perigo, daqui para frente, é a descoberta dessa rendosa fatia de mercado por outros marginais. O episódio sugere rigor na seleção e escolha dos trabalhadores dos edifícios residenciais e comerciais; na oferta obrigatória de treinamento em serviço; e no adestramento sobre a busca certa de socorro emergencial.
 
O despreparo desses trabalhadores pode ser superado de forma a conferir segurança ao local confiado a eles. A gestão dos condomínios exige um novo tempo.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com