sexta-feira, 22 de setembro de 2023
Levantamento feito pela Prefeitura de Santos (SP) revelou que são 319 edifícios nessa situação, sendo que 65 que estão em frente às praias apresentam maior inclinação.
Você já imaginou como é a vida dentro de um prédio torto? O g1 conversou, nesta sexta-feira (22), com duas moradoras de Santos, no litoral de São Paulo, que moram em edifícios inclinados na orla da praia. Elas falaram sobre a experiência de viver nesses imóveis que chamam a atenção de quem visita a cidade. Entre as curiosidades citam a sensação de tontura e problemas com as portas.
@g1 ??Prédio torto - Você já imaginou como é a vida dentro de um prédio #torto? O #g1 conversou com duas moradoras de #Santos (SP) que moram em #edifícios inclinados na #orla da #praia. Elas falaram sobre a experiência de viver nesses imóveis que chamam a atenção de quem visita a cidade. Entre as curiosidades citam a sensação de tontura e problemas com as portas. Leia a reportagem completa no #g1 #TiktokNotícias ? som original - g1
Um levantamento feito pela Prefeitura de Santos revelou que a situação é observada em outras partes da cidade, não apenas na orla. Ao todo, são 319 edifícios nessas condições, sendo que os 65 em frente às praias apresentam maior inclinação.
A moradora e síndica de um dos prédios tortos na Avenida Bartholomeu de Gusmão, no bairro Boqueirão, Maria Inês Chedid, de 59 anos, disse que para eles a situação é normal. "A gente se acostuma né? Só tem um pouco de inclinação, as portas fecham sozinhas e a bolinha sai rolando".
Para Inês, a vista para o mar é um dos principais fatores que tornam a situação agradável. "O local é muito bom, a gente tem a vista para o mar, o jardim que é maravilhoso. Isso ajuda a superar a lembrança de que o prédio é torto".
Adaptada com a situação, Isabel relembrou que quando mudou-se para o apartamento não percebeu que era torto. "Foi só depois de alguns dias, enquanto tentávamos abrir a porta [do guarda-roupa que percebemos]. Fui me acostumando, mas no início não era fácil".
Inês ressaltou que os moradores usam prendedores para evitar que as portas fechem sozinha. "O caimento do prédio é para o lado do canal, onde é mais torto". Ela disse que os episódios de tontura são mais frequentes na saída do elevador. "No dia a dia vamos acostumando, nem se sente mais, o corpo até se adapta".
Isabel mora no 13° andar de um prédio com 14 andares e contou que já tentou vender o imóvel e acabou desistindo por falta de interessados. "As pessoas dizem que sentem tontura ao entrar aqui, [...] sentem um pouco de labirintite, mas eu não sinto nada [...]. Até agora não vendi, mas como me acostumei, não irei vendê-lo mais".
Já Inês acredita que o fato do prédio estar torto não atrapalha no processo de venda. "Pelo contrário, cada dia mais tem gente querendo comprar. Vale muito a pena, não trocamos por nada. Falo por mim e pelos meus vizinhos".
Inês é dona do apartamento desde 1964, mas este era usado como casa de temporada. Desde 2004 mora no imóvel e convive com a inclinação.
A síndica contou, ainda, que corretores e o engenheiro que acompanha o edifício para elaboração dos laudos estimam que o prédio torto sofra uma valorização entre 40% a 50% com a colocação no prumo - assim que ficar reto.
"A gente já está em um baita lugar bom, com uma vista maravilhosa e ainda vamos ter uma valorização no imóvel. É tudo de bom né?", disse Inês, que revelou que o serviço deve custar aproximadamente R$ 5 milhões.
Conhecido como 'Prédio do Torto', a síndica ressaltou a fama do local. "Somos um ponto de referência. Todo mundo para na porta para fotografar. Apesar de não ser o mais torto, como ele é grande chama a atenção".
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Santos para saber qual é o edifício com maior grau de inclinação, mas a administração municipal disse que não pode informar porque trata-se de propriedade particular que não oferece risco.
Questionada sobre a existência de um levantamento sobre a ocupação desses imóveis tortos, a prefeitura respondeu que não realiza esse monitoramento.
São 65 prédios em frente à praia nessa situação. Estes, inclusive, são os que apresentam maior inclinação. Prefeitura e engenheiro procurado pelo g1 garantem que não há risco de queda.
Santos, no litoral de São Paulo, é conhecida pelos prédios tortos da orla da praia, mas um levantamento feito pela prefeitura revelou que a situação é observada em outras partes da cidade. Ao todo, são 319 edifícios nessas condições, sendo que os 65 em frente às praias apresentam maior inclinação.
A análise foi realizada por técnicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Edificações (Siedi) após solicitação apresentada à prefeitura pelo vereador José Teixeira Filho, o Zequinha Teixeira (PP), que inclusive já recebeu ofício com os dados coletados.
Zequinha demandou o Executivo após cobranças da população sobre o tema. "Precisamos saber o aumento do grau de inclinação a cada um ou dois anos, e se isso coloca os moradores em risco".
De acordo com a prefeitura, apesar de os prédios estarem tortos, as condições atuais deles não indicam comprometimento das seguranças estruturais.
Ao g1, o engenheiro civil Franco Pagani afirmou que nenhum prédio inclinado na cidade apresenta risco de queda, mas explicou que edifícios estreitos e altos demandam maior atenção pois inclinam com mais facilidade, enquanto os grandes e retangulares afundam e não geram perigo.
A Prefeitura de Santos informou que, a cada dois anos, exige que os edifícios apresentem laudos sobre a inclinação dos prédios. O objetivo é acompanhar se aumentou, estacionou e se alguma intervenção deve ser feita.
A cobrança é feita com base na Lei Complementar 441 de 2001, que requer a apresentação de laudo de autovistoria técnica atestando as condições de segurança e estabilidade.
As medições são acompanhadas pelo Programa dos Prédios Inclinados de Santos. A avaliação da necessidade de obras de reparos ou de manutenção da edificação são analisadas pelo responsável técnico pelo laudo.
A prefeitura ressaltou que existem soluções técnicas e viáveis para resolver o problema da inclinação, mas é do condomínio a responsabilidade pela contratação de empresa especializada para execução das obras, enquanto o município fiscaliza.
Segundo Pagani, os prédios foram ficando tortos por causa do tipo de terreno e falta de tecnologia na época das construções.
"As construtoras daquela época não tinham equipamentos para fazer fundações diretas como hoje, [que] conseguem efetuar a escavação até [chegar] à parte de pedra no subsolo e [deixar] ficar firme".
O Sindicato dos Condomínios Prediais do Litoral Paulista (Sicon) orienta aos síndicos e administradoras a seguirem as regras previstas na legislação da cidade, como a realização de manutenções e entrega de laudos.
"Tem que haver uma previsão [orçamentária] nisso para que o condomínio possa melhorar na parte estrutural e possa ter valorização patrimonial", disse o presidente da entidade Rubens Moscatelli. Ele ressaltou que o Sicon não faz a fiscalização.
Fonte: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2023/09/21/cidade-do-litoral-de-sp-tem-319-predios-tortos-imagens-impressionam.ghtml