Ambiente
Projeto de lei
Em Salvador será votada a coleta seletiva obrigatória em condomínios
Por Mariana Ribeiro Desimone
domingo, 20 de julho de 2014
Projeto prevê coleta seletiva obrigatória em condomínios
Por dia são produzidas três toneladas de lixo residencial na capital baiana, segundo a empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb).
Para evitar que o lixo orgânico e o reciclável tenham o mesmo destino, será votado até o dia 5 de agosto o projeto de lei, de autoria do vereador Marcell Moraes (PV), que prevê a realização obrigatória da coleta seletiva de lixo em condomínios residenciais e empresariais da cidade. "Os soteropolitanos precisam se reeducar quando o assunto é meio ambiente. A coleta obrigatória vai mudar a concepção das pessoas em relação ao lixo que elas mesmas produzem em casa", fala o vereador.
Caso seja aprovada, a prefeitura será responsável por fiscalizar e executar o cumprimento da lei. O valor estipulado da multa, segundo Moraes, é deR$ 10 mil. "Os condomínios novos irão precisar implantar os recursos, e os antigos terão mais de 100 dias para se adaptar", estipula.
No entanto, há condomínios em Salvador que trabalham com a coleta seletiva por conta própria, como o Pituba Ville. O empreendimento trabalha em parceria com a Cooperativa de Agentes Ecológicos de Canabrava (Caec), que coleta o lixo de 1.494 apartamentos.
"Trabalhamos principalmente com a área comum. Frisamos a ideia com a implantação de lixeiras sinalizadas para a separação. O problema, no entanto, são com os materiais dos prédios, já que cada um tem seu próprio administrador e síndico", fala Marcos Paulo Muniz, administrador da área comum do Pituba Ville.
Por conta disso, de acordo com Ademário Spínola, presidente da Associação de Moradores do Pituba Ville (Ampiv), alguns moradores não colaboram com a coleta. "Fizemos um jornal para conscientizar as pessoas, substituímos 40 lixeiras para as áreas comuns, no entanto, é necessário que a coleta comece a partir da casa de cada morador e, infelizmente, nem sempre acontece", lamenta.
A falta de caminhões para a coleta de lixo reciclável também é um fator que prejudica a implantação da medida, segundo o consultor de condomínio e gestor ambiental Alex Luiz Pereira. "Nesse caso, a melhor escolha é a parceria com cooperativas. Também existem empresas que compram os resíduos", diz.
Como o número de moradores do Pituba Ville é de cinco mil pessoas, o presidente da Ampiv estipula a realização de outra parceria. "Estamos analisando para que uma nova parceria seja feita, pois não estamos dando conta", fala.
Conscientização necessária
Por mês, os Catadores da Nova República (Canore) recolhem cerca de 30 toneladas de lixo nos condomínios que são parceiros. O lixo reciclável é vendido e o dinheiro dividido pelos 27 cooperados. "Não cobramos nada. Apenas recolhemos e pedimos que as pessoas separem de maneira correta", conta Manual Barreto, um dos cooperados. "Para cada condomínio damos um recipiente de cinco litros para que eles também destinem óleo de cozinha", diz.
A não obrigatoriedade da implantação do recurso em condomínios faz surgir alternativas que trazem lucro. Os funcionários do empreendimento Jardim Atlântico Life, em Camaçari, recolhem os lixos dos 608 apartamentos a fim de completar a renda com a separação dos resíduos. "Não temos uma implantação de coleta aqui. Mas, ao mesmo tempo em que os funcionários garantem uma pequena renda, por outro lado, contribui para amenizar a quantidade de lixo produzido pelo condomínio", acredita Maria das Graças Soares, síndica do condomínio.
Para Pereira, o que falta é comprometimento dos moradores e educação. "O brasileiro acha que o lixo que ele gera não é problema dele e somente dos governantes. Precisamos de uma lei para que só assim as pessoas façam o que deveria ser natural", lamenta o consultor. Aos poucos, Maria das Graças acredita que essa reeducação está sendo feita. "Os moradores daqui já separam óleo de cozinha em garrafas de plástico e depositam no recipiente de 240 litros que temos".
Fonte: http://atarde.uol.com.br/