Hubert Gebara
Quem responde pela segurança?
Responsabilidade de manter condomínio seguro é principalmente do morador
Por Mariana Ribeiro Desimone
31/01/14 01:53 - Atualizado há 10 anos
Condomínios surgiram como uma alternativa de moradia imposta pela falta de espaço nas grandes cidades. Vieram também atender outras questões e uma delas é a da segurança. Quando o condomínio é vítima de assalto, o trauma atinge toda a comunidade do prédio e pode durar muito tempo até que a situação volte ao normal. Quando ocorrem os assaltos e a mídia resolve testar a segurança dos prédios, verifica quão fácil é entrar no empreendimento. As matérias dando conta dessa facilidade são publicadas, geram comoção mas logo a rotina se restabelece.
Qual é afinal o principal fator de segurança do condomínio? O porteiro ou o zelador? Ou é o síndico? Ou a empresa de segurança terceirizada? Ou finalmente o aparato eletrônico de última geração com sofisticados circuitos de TV e câmeras de gravação em pontos estratégicos?
Esse aparato humano e tecnológico é importantíssimo para preservar a segurança do condomínio. Os condôminos precisam de tranquilidade para relaxar em torno da churrasqueira, no espaço gourmet ou no salão de festas – ou simplesmente assistindo seus programas favoritos na televisão. Pagaram para isso e merecem proteção. Alguma dúvida? O aparato de segurança entre vizinhos também pode ser uma boa alternativa. Prédios próximos com rádio comunicadores integrados podem fazer toda a diferença na hora do perigo. Esse caminho está começando a ser trilhado na cidade de São Paulo, depois de muita hesitação por parte dos principais interessados. A ação coletiva não é cultural. Leva tempo para “pegar”.
Outra ideia é analisar quais os pontos mais vulneráveis da edificação. Alguns síndicos ou moradores experientes acham que é a guarita. Outros acham que é a garagem. Consideramos ambas como parte da lista de pontos críticos. A guarita está exposta ao movimento das ruas e é dali que surgem tentativas diversas de assalto. Em relação à garagem, carros clonados ou mesmo em situação regular perante o condomínio podem chegar com bandidos a bordo. Nada disso é incomum.
Algumas empresas de segurança privada já desenvolveram softwares para controlar melhor quem chega, checando placa do veículo, nome e RG do condômino ou morador, e tudo mais que possa ser útil para a identificação de quem pretende entrar na garagem ao volante.
Os dados cadastrais dos funcionários do prédio representam também um cuidado que não pode ser esquecido. Em plena era tecnológica digital, não temos ainda uma cadastro confiável que abranja o histórico dos funcionários desde seus locais de origem.
Com todo esse aparato, o dono do imóvel pode se omitir da questão da segurança e proteção ao seu patrimônio? Se o fizer, poderá colocar tudo a perder, seja com relação ao esforço de apenas um empreendimento ou de um grupo deles. Ele não pode ser um fator aleatório.
Síndico, zelador, porteiro, aparato de segurança terceirizado ou eletrônico, tudo isso é importante. Mas o morador é a primeira e última palavra na sua própria segurança. Estamos aludindo em contrapartida ao morador que se fecha na unidade autônoma achando que “não é com ele”, já que paga para ser protegido. Esse morador omisso precisa, ao contrário, atuar nas assembleias, nas reuniões do condomínio, ter um olho aberto para seus pares, para o corpo de funcionários do prédio e para tudo mais intra e extramuros.
Não é difícil saber se um funcionário é bom ou mau, desde que se observe. Também não é difícil julgar se os demais moradores ajudam ou atrapalham. Esse condômino de olho aberto pode e deve levantar questões ou apresentar suas ideias sobre segurança (ou sobre qualquer outro quesito) sempre que puder. Não faltará tempo para o lazer. Ele não precisa ter fisionomia carrancuda, esperando sempre o pior. Não deve ficar de mal com a vida. Deve apenas se imbuir de que – em última análise -, ele é a peça central para evitar danos ao seu próprio patrimônio. Esse olho aberto é o olho do dono.
(*) Hubert Gebara é vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, presidente da Fiabci Brasil e diretor do Grupo Hubert.