Ricardo Karpat

Responsabilidade social é mais uma atribuição do síndico

A gestão de pessoas é o maior desafio do síndico como líder de uma coletividade. O gestor mais atento sabe que a harmonia entre moradores pode ultrapassar os muros do condomínio

Por Thais Matuzaki

03/12/20 10:42 - Atualizado há 4 anos


Por Ricardo Karpat*

Quando pensamos na função de síndico, logo a relacionamos com uma série de responsabilidades civil e criminal, além dos mais diversos cumprimentos da legislação e das obrigações administrativas inerentes ao cargo.

Contudo, é preciso dizer as atribuições do síndico vão além, uma vez que também atua como representante, como um líder de uma coletividade.

a questão humana a mais complexa a ser executadaafeta a vida de todos ali diretamente, tanto de moradores quanto de funcionários que atuam no condomínio.

cuidado ficou ainda mais evidente com a pandemia gestão de pessoas foi intensificada.

Num momento inédito de crise sanitária vivido por toda a sociedade, sem definição clara de diretrizes por parte dos governos em suas diferentes esferas, coube ao síndico criar para sua coletividade os protocolos de segurança e proteção, realizando uma série de adaptações que pudessem ampliar a prevenção e saúde de moradores e funcionários.

mediação de conflitos entre moradores.

Diante do aumento desse tipo de ocorrência provocada pela quarentena, com grande parte das pessoas respeitando o isolamento em suas residências, ali estava o síndico na missão de resgatar a harmonia e a paz no ambiente condominial.

Integração entre moradores

também entra no aspecto positivo do âmbito socialmaior sociabilização e integração entre os moradores.

quanto maior for a integração entre os moradores, menores são as probabilidades de conflitos ali dentro.

Existem várias efemérides e ocasiões que o gestor condominial pode aproveitar para organizar esse tipo de confraternização. Contudo, tudo deve ser bem conversado, inclusive ser debatido em assembleia para buscar a aprovação da maioria, além de ser muito bem formatado e organizado, pensando que a ação não deve ser restrita a uma parcela específica do condomínio, mas deve abranger a todos.

pode ultrapassar os muros do condomínio. Pode abranger o entorno, como o comércio do bairro, através de acordos interessantes para os dois lados.

Imagina que bacana se a comida do evento realizado dentro do condomínio fosse disponibilizada por algum restaurante da região, incentivando a economia local?

Claro, para isso acontecer sem riscos e sem desconfiança de qualquer tipo de favorecimento, também seria interessante que a ideia fosse amplamente aprovada pelos condôminos antes de ser colocada em prática.

Cuidado com os funcionários

Até aqui, abordamos a relação com e entre moradores. Mas, na temática da responsabilidade social, temos mais um grupo a quem se deve atenção: os funcionários.

Apesar de o condomínio e quem o representa, no caso, o síndico, não ter caráter assistencial,caráter humanitário.

Esse cuidado também se tornou ainda mais importante em tempos de pandemia, já que uma ação pode não só melhorar a qualidade da vida de um funcionário, como também beneficiar todo o condomínio.

Como exemplo, é possível citar a realização de testes de COVID-19. Grande parte dos funcionários não dispõe de um plano de saúde para que possa realizar esse tipo de exame e não tem condições financeiras para custeá-lo.

O condomínio, então, pode sim arcar com o valor e incentivar que o trabalhador cheque se sua saúde está boa para exercer com qualidade sua função e, ao mesmo tempo, sem comprometer a segurança sanitária dos próprios moradores.

Agora, aqui, mais uma vez, é preciso destacar a necessidade de fazer tudo com cautela, inclusive com o apoio do conselho do condomínio, já que ainda que seja de caráter humanitário, a atitude positiva pode vir a ser questionada por algum condômino.

No universo condominial, a unanimidade praticamente inexiste. Cabe ao síndico ter a serenidade para ouvir, digerir e filtrar as críticas que diariamente serão feitas durante o desempenho de sua função.

aproveitar o papel de liderança para ir sim além da obrigação e do cumprimento da legislação.

Como representante de uma coletividade, ele pode agir como protagonista para melhorar o mundo das pessoas a quem seu trabalho alcança.

verdadeiro agente transformador na sociedade.

(*) Ricardo Karpat é diretor da Gábor RH e referência nacional na formação de Síndicos Profissionais.