05/03/17 10:15 - Atualizado há 7 anos
A advogada Priscilla D’Onofrio trabalha há 13 anos com condomínios. Mas apenas em 2009 tornou-se síndica. Antes disso atuava apenas prestando consultoria jurídica para os condomínios da cidade de São Paulo.
“Eu conversava com os síndicos e percebia que, para eles, era difícil entender o motivo de algumas leis serem tão rígidas”, explica Priscilla.
Querendo conhecer melhor seus clientes, e já sendo síndica do seu próprio condomínio, decidiu fazer um curso de formação para síndicos profissionais, em 2012.
“Foi assim que eu comecei. Pessoas à minha volta ficaram sabendo que eu estava me profissionalizando e foram me indicando condomínios. Assim, comecei a formar minha clientela”, conta.
Como não poderia deixar de ser, na semana da mulher, Priscilla aponta os percalços pelos quais passou por ser mulher e síndica.
“No momento da contratação, muitas vezes, as pessoas são machistas. Acham que mulher não aguenta lidar com o público, vai sair chorando se tiver que dar uma bronca no zelador – o que, é claro, não é verdade. Nós conseguimos lidar com profissionalismo pelas situações da mesma forma que os nossos colegas homens fazem”, exemplifica.
A profissional, porém, acredita que nos últimos anos aumentou o número de mulheres trabalhando no mercado de condomínios.
“Acho que o normal é isso mesmo, as mulheres crescendo em todos os mercados. E principalmente neste, que pede tanto cuidado aos detalhes, tato com moradores e funcionários, além, é claro, de ser multitarefa”, complementa.
Priscilla não se sente incomodada em assumir que não sabe de tudo sobre o funcionamento de um condomínio.
“Essa coisa que o síndico deve saber de tudo, que deve dominar todos os assuntos, começou a mexer comigo. Eu sei que ninguém sabe de tudo, e por isso mesmo, é fundamental que a gente se cerque de pessoas competentes”, argumenta.
Justamente por isso, quando foi se estruturar, e montar sua empresa de sindicância, buscou parceiros em outras áreas: um engenheiro e um administrador.
A parceria funciona bem porque cada um atua em sua área específica, dando um olhar 360 graus para a gestão do condomínio.
Atualmente, sua empresa cuida de seis condomínios que somam 582 unidades residenciais e 25 unidades comerciais.
Para a gestora, um ponto fundamental para uma boa gestão de condomínios, seja profissional ou não, é a comunicação.
“O morador só consegue cumprir aquilo que ele conhece. Por isso, é importante que o síndico esteja sempre relembrando as regras de barulho, de uso das áreas comuns, etc. Uma boa alternativa é usar os quadros de aviso e nos elevadores com esse tipo de texto, trocando-os uma vez por semana. Se o empreendimento contar com um portal, também vale deixar lá essas dicas”, sugere Priscilla.
Outro ponto para um bom relacionamento com os condôminos é conhecer suas expectativas.
Para tanto, a síndica costuma fazer uma enquete com os moradores para saber o que é esperado da nova gestão.
“Conhecer as necessidades da maioria dos moradores é um subsídio valioso para gerir corretamente o condomínio”, assinala.
Outra política da gestora ao assumir um novo empreendimento é checar se o cadastramento dos moradores está em dia.
"Ter informações atualizadas dos condôminos é algo que parece simples, mas pode ser um desafio enorme em condomínios de grande porte. Saber as necessidades e desejos dos moradores e também quem são, ajuda a pautar uma gestão ainda mais focada", explica Priscilla.
Sabemos que atualizar o AVCB de um condomínio pode ser algo bastante custoso e difícil, principalmente em condomínios antigos.
Mas com uma obra orçada em cerca de R$ 250 mil um dos condomínios geridos por Priscilla conseguiu ficar com a documentação em dia depois de mais de dez anos sem o auto de vistoria em dia.
“Atualizamos a rede elétrica, a parte de sinalização, cuidados com escadas, trincas em casas de máquinas, tudo para o auto de vistoria estar em dia”, assinala.
Outro documento que a gestora costuma checar ao ingressar em um novo condomínio é a apólice de seguros.
“A grande maioria não cobre as necessidades do condomínio e isso é extremamente perigoso. Temos que olhar para o seguro como um investimento, que deve ser bem feito”, argumenta.
Além do serviço como síndica profissional, Priscilla também atua como consultora para condomínios.
Sua empresa oferece um check-up completo do condomínio, desde a papelada, passando pelas relações trabalhistas e chegando até aos encanamentos do local.
“Um relatório desse tipo, para um condomínio de 8 andares chega a 500 páginas. É uma inspeção predial completa, além de análise de todos os documentos, contratos, etc. É um possibilidade para os condomínios que não querem ter um síndico profissional, mas querem ter um caminho a seguir”, explica ela.
Esse ‘plano de ação’ é aprovado por Priscilla junto ao condomínio via assembleia e são os próprios moradores quem decidem o que é mais urgente e deve ser priorizado.
“Damos uma base e objetivos claros para os síndicos seguirem durante a sua gestão”, argumenta Priscilla.