Síndico profissional

Síndico profissional é coisa séria

Função demanda diversos conhecimentos e é uma enorme responsabilidade

Por Mariana Ribeiro Desimone

26/07/17 12:50 - Atualizado há 4 anos


Além da crise de saúde, o coronavírus fragilizou a economia do mundo inteiro. Com dificuldades em obter renda após a paralisação do comércio, muitas pessoas têm procurado novas formas de se sustentar durante esse momento delicado.

O cargo de síndico profissional poderia, então, ser uma opção.

Porém, será que o cargo de síndico profissional deveria ser ocupado por alguém com pouca experiência no setor? Por uma pessoa pouco preparada?

A resposta unânime entre o entrevistados foi: não. 

Isso porque o cargo de síndico profissional não é para qualquer pessoa que se disponha a fazer um curso e já se sinta pronto para o mercado. O nível de exigência é enorme por parte dos moradores e do mercado.

“Já vi casos de pessoas que foram fazer cursos longos e bastante informativos, que perceberam que a função de síndico pede demasiada responsabilidade e que não é indicada para todos os perfis”, conta o advogado especialista em condomínios João Paulo Rossi Paschoal.

O advogado ainda ressalta que fazer cursos é muito importante para quem está no mercado, mas que é fundamental também ter uma experiência prévia na função.

Cuidados para contratar um síndico profissional

É importante que existam critérios claros no momento de se contratar um síndico profissional para o seu condomínio, por ordem de importância.

Veja alguns:

“Ter experiência mínima de 5 anos na área é importante. Seja em administradoras de condomínio (o ideal), seja na administração de empresas ou áreas correlatas, como direito ou contabilidade aplicada a condomínios. É importante que o síndico tenha referências, seja como síndico, seja como profissional da área condominial ou de gestão”, argumenta o advogado especialista em condomínios André Luiz Junqueira.

Para quem deseja entrar no ramo, os cursos (online ou presenciais) e eventos são um ótimo ponto de partida para os iniciantes, e essenciais para síndicos experientes reciclarem seus conhecimentos. Vale lembrar que também permitem ampliar o networking para futuros trabalhos.

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“Esse tipo de conhecimento é muito importante para um síndico profissional completo, principalmente se ele já fez bons cursos de gestão e quer ampliar seus conhecimentos”, assinala o diretor da Gábor RH Ricardo Karpat.

“É interessante saber porque ele não trabalha mais lá e as impressões do conselho acerca do período em que atuou no condomínio”, explica o diretor da administradora Habitacional Fernando Fornícola.

“É válido ver se existem essas garantias em caso de eventuais prejuízos causados pelo síndico”,  afirma André Junqueira.

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Complexidade da gestão

Ser síndico, como já vimos, é uma tarefa bastante complexa.

“Fiz um levantamento e, em um ano, o síndico tem 143 obrigações legais para com o condomínio. Ele também responde nas esferas civil, criminal, trabalhista, previdenciária, tributária e ambiental. É uma responsabilidade gigante”, argumenta o advogado especialista em condomínios Marcio Rachkorsky.

E por que ser síndico profissional é ainda mais difícil?

“Quando você se propõe a exercer uma atividade remunerada, quem contrata quer que o serviço seja muito bem feito”, pesa o advogado especialista em condomínios Jaques Bushatsky.

Daí a fundamental importância de o síndico profissional ter experiência anterior.

“Quando o síndico é morador, a expectativa do trabalho a ser apresentado é bastante diferente, e os moradores entendem quando a pessoa não tem conhecimento sobre um assunto ou outro. Isso muda bastante quando se trata de um síndico profissional”, assinala Ricardo Karpat.

Os riscos de se contratar um síndico profissional inexperiente

Contratar um síndico profissional inexperiente pode impactar profundamente no condomínio. E aqui não está se ressaltando má fé na gestão, mas sim de inexperiência. 

Cuidados simples como conferir com atenção um contrato de manutenção antes de assinar, prestar atenção às manutenções preventivas, treinamento de funcionários, saber contemplar a legislação trabalhista, conseguir lidar com as demandas dos moradores, tudo isso demanda conhecimento.

“Até para chamar um especialista para ajudar na gestão, a pessoa precisa saber que não tem aquele conhecimento”, explica João Paulo Rossi.

E esses cuidados básicos podem se transformar em custos enormes para o condomínio, caso sejam negligenciados.

Esquecer do laudo do para-raios, por exemplo, pode significar um alto custo para o condomínio caso haja problemas com um raio na rede elétrica do condomínio – assim como descuidar da ápolice de seguros do condomínio e ficar sem cobertura em um momento de necessidade.

“É importante lembrar que quem paga tudo isso são os próprios moradores, o condomínio como um todo. Claro, depois é possível cobrar judicialmente o gestor, mas demora. Já vi casos em que houve necessidade de se arrecadar cinco vezes a taxa mensal de uma hora para a outra. É preciso estar sempre atento”, alerta Ricardo.

Estar sempre atento é uma necessidade sempre para quem conta com síndico profissional.

“O conselho não deve, nunca, deixar de acompanhar a gestão do síndico profissional. Estar sempre acompanhando é fundamental”, assinala Fernando Fornícola.

Problemas para o mercado

“Ser síndico é uma atividade que demanda demais, são muitos conhecimentos combinados e, por isso, cada vez menos moradores se dispõe a desempenhar essa função”, explica Fernando.

Isso, aliado à crise econômica do país, fez gerar uma onda de interessados na função de síndico profissional.

O desejo de ser síndico profissional é legítimo para muitas pessoas, principalmente para quem já está no mercado de condomínios e entende toda a responsabilidade que a função abarca.

“É temerário alguém achar que por ter feito um ou dois cursos de síndico profissional, sem nenhuma experiência prévia, está pronto para administrar um condomínio. Ser síndico profissional é coisa muito séria”, alerta Marcio Rachksorsky.

Ricardo Karpat, concorda com essa visão.

“Você não pode fazer um curso de quatro, cinco horas e achar que está preparado para administrar um condomínio. Isso é ruim para o mercado, porque pode passar a ideia que qualquer pessoa pode ser síndico profissional, sem nenhum preparo – e nada mais longe da verdade do que isso”, afirma.

Fontes consultadas: João Paulo Rossi Paschoal, advogado especialista em condomínios, André Luiz Junqueira, Ricardo Karpat, diretor da Gábor RH, Marcio Rachkorsky, advogado especialista em condomínios, Jaques Bushatsky, advogado especialista em condomínios