terça-feira, 12 de março de 2024
Condomínio fica na Água Branca, Zona Oeste da capital. Menino de 9 anos ficou internado quatro dias após não conseguir andar: 'A sensação é de revolta. Fizemos muitas reclamações na Ouvidoria e nada até agora', diz mãe.
Moradores de um prédio do bairro da Água Branca, Zona Oeste de São Paulo, relatam que estão pedindo desde janeiro que agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) façam vistoria no entorno para encontrar possíveis focos do mosquito Aedes aegypti. O condomínio registrou cinco casos de dengue.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) realizou vistoria no endereço citado na última sexta-feira (8) (leia abaixo).
A administração do Parque Água Branca, vizinho do condomínio, também afirmou que recebeu agentes da Vigilância Sanitária na última sexta (leia nota abaixo).
Um dos infectados é um menino de 9 anos. A mãe dele, Paula Campos, relata que o filho ficou internado de quinta (7) até a tarde desta segunda (11) no Hospital Sabará, após apresentar piora no quadro.
Paula afirma que chegou a protocolar na Ouvidoria da prefeitura, em 23 de janeiro, um pedido para a Vigilância realizar vistoria no bairro. Ela ressalta que nenhum foco foi encontrado no prédio e que, por isso, o problema deve estar no entorno. O condomínio fica em frente ao Parque da Água Branca.
"Quando os dois primeiros casos foram registrados, a gente mandou vários pedidos para que fosse feita uma vistoria. Eu mesma protocolei um no dia 23 e só me retornaram dizendo que a demanda havia sido protocolada. Quase dois meses depois, nada foi feito. Meu filho foi infectado e ficou internado. É muito revoltante", afirma.
"Acreditamos que os focos estejam ao redor porque ações foram feitas no prédio, tanto nas áreas comuns como cada um na sua casa. Não achamos nada de foco. Então, precisamos da ajuda da prefeitura para encontrar esses focos. A sensação é completamente de revolta. Fizemos muitas reclamações na Ouvidoria e nada até agora", complementa.
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Paula relata que o filho começou a ter febre, vômito e dor de cabeça na semana passada.
"Levei ao hospital e, depois que confirmaram que era dengue, voltamos para casa. Mas ele teve dificuldade com a ingestão de água e começou a ficar muito debilitado. Ficou sem conseguir andar e foi aí que precisou ser internado. Hoje [segunda, 11], me informaram que ele estava melhorando e agora à tarde deram alta."
Silvia Carmesini mora no prédio desde 2006 e foi uma das infectadas por dengue. Ela suspeita que os focos do mosquito Aedes aegypti estejam nos vizinhos do prédio.
"O meu quadro de dengue foi relativamente tranquilo. Mas agora bate aquele medo da segunda infecção. Minha filha tem 10 anos e está passando muito repelente. No nosso prédio estamos atentos e continuam aparecendo casos mesmo adotando medidas aqui na nossa área, mantendo sem água parada e passando veneno nas áreas comuns. Não temos controle do que acontece nos arredores", afirmou.
Salvatore Iungano, de 71 anos, também foi infectado. Ele mora no prédio há mais de 30 anos e conta que nunca houve surto no local.
"Essa contaminação com certeza vem de lugares ao redor. Não passam produto aqui. Eu passei bem mal quando peguei, plaquetas estavam muito baixas. E antes mesmo de ficar doente, eu tinha ido ao Parque da Água Branca, na recepção, para tomarem providência. Quando melhorei, mandei e-mail para a Ouvidoria do parque", ressaltou.
Outra moradora, que prefere não se identificar, ressalta que foram feitas diversas comunicações com a prefeitura pedindo vistoria.
"A gente está sempre prestando muita atenção quando formam poças na chuva. A gente realmente acredita que o foco não é dentro do prédio, porque a gente já fez todas essas vistorias e não encontrou nenhum foco. E, pelo fato de estar continuando, as pessoas seguem sendo contaminadas dentro do prédio, a gente está totalmente de mãos atadas. A gente não sabe mais o que fazer", diz.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) realizou vistoria no endereço citado pela reportagem, na última sexta (8).
"Durante a visita, foi aplicado larvicida biológico em locais com possíveis focos de dengue. O órgão reitera que a região é monitorada pela Uvis", diz o comunicado.
Em nota, a administração do Parque da Água Branca afirmou que recebeu agentes da Vigilância Sanitária, na última sexta (8). "Realizaram vistoria no interior do parque e não constataram focos de mosquitos da dengue no local. A gestão mantém contato permanente com os técnicos da Saúde", afirmou.
E complementou: "Vale ressaltar que desde o início dos casos na cidade de São Paulo, as ações de combate à doença foram intensificadas por meio de reforço na zeladoria, especialmente após as chuvas, a fim de evitar o acúmulo de água".
Até esta segunda-feira (11) a capital paulista registrava 8 mortes e 45.986 casos confirmados, segundo dados divulgados pelo painel de controle da doença da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
O estado de SP registra 58 mortes e 149 óbitos suspeitos. Os dados ainda apontam que o número de casos confirmados da doença é de 189.368.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a maioria das infecções está concentrada em 15 bairros: Vila Jaguará, Parque São Domingos, Itaquera, Jaçanã, São Miguel Paulista, Vila Leopoldina, Anhanguera, Tremembé, Campo Limpo, Vila Maria, Guaianases, Lapa, Água Rasa, Lajeado e Vila Medeiros.
Dentre os contemplados, apenas 11 ficam no estado de São Paulo: Guarulhos, Suzano, Guararema, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Poá, Arujá, Santa Isabel, Biritiba-Mirim, Salesópolis. A capital ficou de fora.
Os municípios paulistas deram início à vacinação contra dengue de forma gradual, a partir de 19 de fevereiro.
Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/03/11/predio-em-sp-tem-5-casos-de-dengue-e-moradores-relatam-dificuldade-para-pedir-vistoria-da-zoonoses-crianca-de-9-anos-esta-internada.ghtml