Convivência

Terceira idade

Porteiros recebem treinamento para cuidar melhor desse público

Por Mariana Ribeiro Desimone

sexta-feira, 27 de abril de 2012


 Porteiros são treinados para atender melhor aos idosos em São Paulo

Porteiros são treinados para atender melhor aos idosos em São Paulo
 
Nas aulas, eles passam pelas mesmas dificuldades dos aposentados. Os porteiros são convidados a usar pesos nos braços e nas pernas, óculos que prejudicam a visão e protetores nos ouvidos para reduzir o som.
 
O porteiro é o melhor amigo dos idosos, foi o que revelou uma pesquisa feita pela Organização Mundial da Saúde em 24 países. Em São Paulo, eles estão sendo treinados para atender ainda melhor a uma população que envelhece. Nas aulas, eles passam pelas mesmas dificuldades dos aposentados.
 
A aposentada Rena Kugelmas de 79 anos caminha amparada pela filha e ainda tem o auxílio de uma muleta.
 
“A gente já sente uma dificuldade de andar. A gente fica mais lenta. O equilíbrio já não é tão perfeito como era”, diz.
 
Muitas vezes, é difícil para o idoso superar obstáculos até mesmo no próprio condomínio onde mora. Em um prédio, por exemplo, chegaram a construir uma rampa para facilitar o acesso das pessoas, mas corrimão só tem em um dos lados. “A partir daqui, onde tem o maior risco de queda, falta o corrimão. Uma queda aqui pode ser fatal”, declara o professor do projeto Paulo Félix.
 
No bairro de Higienópolis em São Paulo, onde há concentração de idosos, os porteiros dos prédios estão fazendo um curso para atender melhor os moradores da terceira idade. “O programa aborda noções de primeiros-socorros e segurança, mas depois ele vai tratar de questões extremamente práticas, de quais são as dificuldades que o idoso tem e como ele pode ajudar”, afirma o gerente corporativo do Senac-SP, Maurício Pedro.
 
"Os porteiros são convidados a usar pesos nos braços e nas pernas, óculos que prejudicam a visão e protetores nos ouvidos para reduzir o som. Dentro do sapato, feijões. Para simular também a dificuldade que a pessoa tem no andar em calçadas defeituosas, calçadas com terrenos irregulares, para sentir um pouco da dor que eles sentem nos pés”, conta o instrutor de segurança Marcelo Baldim, do Senac-SP.
 
Lá vai o porteiro Franklin Paz de Jesus pelo condomínio. “Os pés estão meio doloridos por causa dos feijões que estão dentro dos sapatos, e a gente pisa um pouco desconfortável, meio desequilibrado no chão. Não tem firmeza”, comenta.
 
Chega a hora de subir a rampa. “Aquela rampa costumo subir rápido, mas dessa vez foi complicado, pesou bastante nos pés”, conta Franklin. “Isso nos leva a refletir sobre as dificuldades que os idosos têm, principalmente, na sua locomoção, ao subir escadas”.
 
O aposentado Serafim Quiode Neto tem 82 anos e sempre conta com os porteiros. “Fazem parte da família. Gostaria que fosse sempre assim com todos”, diz o senhor. “Eu me sinto feliz e realizado, porque um dia nós chegaremos lá também”, conclui Franklin.
 
Segundo projeções da Fundação Seade, em pouco mais de uma década, a cidade de São Paulo terá mais idosos que jovens até 14 anos. Já o IBGE diz que, em 2050, o Brasil terá 64 milhões de pessoas com mais de 60 anos. É quase metade da população.
 

Fonte: http://www.jornalfloripa.com.br