Administração
Vida de síndico
Atividade pode ser confundida com assessor de moradores
Por Mariana Ribeiro Desimone
terça-feira, 17 de julho de 2012
A dura tarefa do síndico
Apesar de a obrigação do síndico ser administrar o condomínio, muitos confundem a figura dele com a de um assessor dos moradores, ou até mesmo "marido de aluguel"
Londrina possui mais de 1,5 mil condomínios, entre residenciais e comerciais, todos têm síndico próprio, responsável pela administração e representação do prédio. Além destas e outras responsabilidades, estabelecidas pelo Código Civil, a figura do síndico muitas vezes é confundida com a de um assessor dos moradores, ou até mesmo de "marido de aluguel".
As demandas que surgem para esses administradores muitas vezes extrapolam os limites da função. E quando não fazem parte das responsabilidades do síndico, não são atendidas. Isso pode gerar atritos e descontentamento por parte dos moradores, e decepção pelo lado dos síndicos. Essa convivência, necessária e conflituosa, está presente em todos os condomínios, independente da localização.
Alex Leal é sub-síndico no Residencial Vista Bela 8, onde moram mais de mil pessoas em 14 blocos. Há quatro meses no cargo, ele conta que já teve que readequar o regimento interno do condomínio por três vezes. "Muitas pessoas estão morando em prédio pela primeira vez, e ainda não desacostumaram com o fato de não morarem mais em casas. Por essa falta de conhecimento, vão surgindo as reclamações, e os ajustes no regimento se tornam necessários", explicou.
O desconhecimento das regras e até mesmo do regimento interno do condomínio, por parte dos moradores, já trouxe muita dor de cabeça para Leal.
"O síndico não tem vida, não tem horário. Já recebi chamadas de moradores reclamando do jeito que o vizinho de cima pisava no chão. A atribuição do síndico é cuidar do coletivo, e não resolver questões pessoais dos moradores. Senão, o síndico acaba se tornando um 'marido de aluguel'", desabafou.
Para Leal, as restrições decorrentes da vida em condomínio têm um impacto muito grande na vida das pessoas. "Tem muito 'não' nos condomínios. 'Não' pode isso, 'não' pode aquilo, e as pessoas não gostam de serem cobradas, não gostam de ouvir 'não'."
O administrador Ricardo Bordin é síndico no condomínio Terroir Residence, na Gleba Palhano, e compartilha da mesm opinião. "Morar em condomínio requer um exercício de preocupar-se com o outro. É preciso entender que, mesmo dentro de casa, do espaço privativo, o morador nem sempre pode fazer tudo o que quiser. E essas questões, as pessoais, são as que mais complicam o trabalho do síndico", disse.
Para Bordin, as dificuldades da vida em condomínio têm uma explicação simples. "Nós vivemos em um microuniverso. Se as pessoas fizessem a parte delas, respeitando as regras básicas de convivência, não haveria tantos problemas. Isso vale para os condomínios, mas acaba sendo um reflexo da própria vida em sociedade.”
“Marido de aluguel”
A figura do síndico muitas vezes é confundida com a de "marido de aluguel". "Certa vez um morador me chamou para resolver um problema. Quando perguntei qual era esse problema, ele me disse que o chuveiro havia queimado", disse, bem humorado, o sub-síndico Alex Leal.
Mesmo com chamados desse tipo, ele garante que o relacionamento com os condôminos tem sido bom. "Temos um bom relacionamento, dá até pra dizer que eu tenho uma boa popularidade com os moradores. Nós sempre procuramos fazer o melhor, tentando resolver os problemas ainda na raiz", disse.
Síndico profissional pode ser alternativa
Nos condomínios onde o síndico não tem experiência ou mesmo tempo para realizar o trabalho, a saída pode ser a contratação de um administrador profissional. João Henrique Prado é gestor de relações comerciais de uma administradora de condomínios e aponta alguns motivos que levam o síndico a pedir ajuda.
"Muitas vezes o síndico não pode doar o seu dia para cuidar do condomínio. Resolver problemas, formular atas, organizar assembleias, estabelecer regimentos, tudo isso toma muito tempo. E por isso eles recorrem ao serviço de administradoras".
Prado reforça que, mesmo que o condomínio conte com uma assessoria profissional, a figura do síndico ainda é necessária. "Mesmo nos casos em que ninguém queira assumir as responsabilidades, um síndico profissional pode ser contratado. Seja morador, proprietário, ou mesmo contratado, o síndico é essencial à administração e convivência em condomínio", concluiu.
Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br