Convivência
Vista privilegiada
Condomínio vizinho a estádio também tem suas regras para jogos
Por Mariana Ribeiro Desimone
segunda-feira, 6 de maio de 2013
'Vila San Siro' vira camarote para o Atletiba
Prédio vizinho à Vila Olímpica do Boqueirão, com nome de estádio italiano e visão privilegiada do gramado, terá torcida ‘sob controle’
Ficou bem mais difícil conseguir uma vaga no “camarote” do San Siro amanhã. Um dos mais concorridos espaços no último clássico, agora terá acesso restrito. Só os moradores vão poder assistir ao Atletiba deste domingo na privilegiada cobertura do edifício vizinho à Vila Olímpica do Boqueirão.
Regras rígidas impostas pelo síndico Raphael Oliveira após a superlotação e excessos registrados no duelo entre Atlético e Coritiba, no dia 21.
Os moradores do prédio, batizado com o nome de um dos estádios mais famosos da Europa – casa do Milan, vira Giuseppe Meazza quando a rival Inter joga –, entregue exatamente há um ano, programaram um grande evento há duas semanas para acompanhar a maior atração já vista na vizinhança. Há 13 anos fechado, o estádio abriu seus portões logo para os clássicos estaduais.
Cada condômino podia levar até quatro convidados para acompanhar o clássico do returno. Resultado: 180 pessoas espremidas no terraço com vista singular ao gramado do Érton Coelho.
“Quando cheguei, não tinha mais lugar. Tive de ficar em cima de uma cadeira de plástico para conseguir ver o campo. Ficou até meio perigoso”, contou o policial militar aposentado Edi Santos, 66 anos.
E enquanto os moradores cumpriam as instruções de não comemorar e não usar a camisas dos arquirrivais, os convidados desprezavam as recomendações.
“Sabe quando passa um pano vermelho na frente de um touro? Foi isso que aconteceu quando saiu o gol do Atlético e algumas pessoas comemoraram. A torcida do Coxa [instalada no espaço colado ao muro do edifício] se voltou em peso para o prédio. Furiosa”, contou o síndico.
Além dos xingamentos esperados diante da manifestação a favor do oponente, pedras foram lançadas e caíram sobre o estacionamento, por sorte não acertaram nenhum carro.
“Qualquer coisa que jogarem chega até aqui. É muito perto. Sou atleticano e, na hora do gol, sem querer eu pulei, nem percebi que havia comemorado, foi instintivo. Depois, me abaixei para não aparecer mais. É um risco. Temos muito a perder. Por que é um privilégio isso aqui, não é mesmo?”, disse o representante comercial Walace Kotaba, 33, apontando para o campo e para o salão de festas na lage, que dá direito a churrasco e até a cerveja – proibida no estádio.
Depois de acompanhar a surpreendente vitória do sub-23 rubro-negro por 3 a 1 sobre o estrelado time coritibano, ele aposta em um novo triunfo. Desta vez, mais modesto.
“Toda vez que um time entra como grande favorito tem um risco grande de perder. Foi isso que aconteceu com o Coxa. Acho que agora vai dar 1 a 0 para o Atlético. Até porque eles vêm bem queimados depois da derrota. E vou pôr meu coração no palpite. Acho que o Atlético vai ser campeão”, opinou Kotaba.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/