Convivência

Vizinha amiga

Embora menos comuns, amizades florescem em condomínio

Por Mariana Ribeiro Desimone

terça-feira, 21 de agosto de 2012


Ações que fazem bem às pessoas e ao condomínio

 
Relacionamentos de amizades entre vizinhos já não são tão comuns como antigamente. Com a correria do dia a dia, muitas pessoas sequer dizem um simples ‘bom dia’.
 
Apesar da falta de envolvimento entre moradores de um condomínio, há quem considere importante a preocupação com o outro e faz questão de promover a política da boa vizinhança. Ao invés de reclamar das atitudes erradas, resolveram fazer amigos e acabaram criando uma relação familiar e de confiança.
 
Reny Seigo, moradora de um condomínio em Maringá, é um bom exemplo de que vale a pena cultivar as amizades entre vizinhos.
 
"Procuro dizer, pelo menos, um bom dia a todas as pessoas que encontro no condomínio e em todos esses anos, fiz boas amizades", destaca.
 
Uma das vizinhas que se tornou amiga e sócia de Reny é Marlene Campioni, que mora no apartamento da frente. "A gente se conhece desde 1991 e nos ajudamos sempre. Às vezes, vou fazer bolo e não tenho farinha suficiente. Corro até o apartamento da Marlene e ela me socorre. Ficamos tão amigas, que nos tornamos sócias nas vendas de roupas e cosméticos", conta.
 
Para Marlene, Reny é mais que uma amiga. Ela considera a vizinha uma irmã. "É como se ela fosse da família. Temos uma relação de confiança e uma ajuda a outra. Quando nossos filhos eram pequenos, as pessoas achavam que eles eram irmãos, porque sempre andavam juntos. Quando saímos para trabalhar, sempre nos perguntam se somos irmãs. Já estamos até acostumadas", ressalta.
 
As vizinhas acreditam que a ajuda mútua é muito gratificante e que vale a pena pensar no outro. Mas a amizade entre vizinhos não fica restrita às duas amigas. Elas também mantem um relacionamento parecido com outros moradores do condomínio.
 
Reny conta que uma vez conversava com uma moradora de um outro bloco e resolveu ajudá-la. "Ela é solteira. Tem 66 anos e cuidou do pai e da mãe por muitos anos. Depois que os pais dela faleceram, ela passou a morar sozinha e contou que tem certo receio de que aconteça alguma coisa com ela dentro do apartamento e que ninguém fique sabendo. A partir desse dia passei a interfonar para a casa dela todos os dias pela manhã para saber se está tudo bem", relata.
 
Além das ligações diárias, Reny tem uma chave do apartamento de Dona Olímpia e ainda faz a compra de produtos no mercado para ela. "Fico com uma chave dela porque ela disse que se algum dia eu interfonar e ela não atender, posso ir até a casa dela para ver o que está acontecendo. Como ela não tem carro, se precisa de alguma coisa do mercado, eu trago pra ela", declara.
 
Reny acrescenta que para ela é mais importante ajudar do que ser ajudada. "É muito satisfatório. Se cada um fizesse um pouquinho, a vida seria bem melhor", opina.
 

Ações

 
Mesmo encontrando alguns exemplos raros como o da moradora Reny, o mais comum é ouvir reclamações entre os vizinhos. Problemas como barulho excessivo, falta de vagas na garagem, má conservação da área pública e outros tipos de desentendimentos não faltam nos mais diversos prédios. Para que haja um bom convívio, no entanto, uma boa administração é fundamental.
 
Segundo o diretor do Sindicatao da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), Junzi Shimauti, o síndico deve ser uma pessoa preparada para desenvolver ações que promovam a política da boa vizinhança.
 
"O síndico deve incentivar as pessoas a participarem das assembleias e integrar os moradores", comenta.
 
Entre as ações, Shimauti cita confraternizações, comunicados sobre os aniversariantes do mês e ainda mensagens de motivação. "São atitudes simples que podem mudar o relacionamento das pessoas. Uma palavra de reflexão no elevador, por exemplo, pode fazer os moradores repensarem as atitudes deles", afirma.
 
Outra sugestão que de acordo com o diretor do Secovi-PR, pode provocar bons resultados é eleger um síndico mirim no prédio. "Normalmente, a desordem do parque infantil ou áreas de piscinas é provocada pelas crianças. Se o síndico fizer uma eleição entre os pequenos, poderá incentivar ações de responsabilidade e também desenvolver a liderança. Assim, as crianças vão se sentir motivadas a cuidar melhor do prédio e, consequentemente, vão repassar o que aprenderam aos pais", exemplifica.

Fonte: http://maringa.odiario.com