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Ambiente

Reconstrução pós-enchentes

RS: Distribuição de energia ainda não foi restabelecida

quinta-feira, 6 de junho de 2024
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Reconstrução do RS: quando a energia elétrica voltará às casas e às empresas?

Retomada do serviço é tarefa complexa; especialistas defendem reestruturação do setor para melhorar prevenção de danos em próximas ocorrências climáticas

Pouco mais de 10 mil consumidores seguem sem energia elétrica no Rio Grande do Sul, em função da fortes chuvas e enchentes que assolam o estado há mais de um mês. Os dados mais atualizados são da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) — no pico da tragédia, mais de 500 mil pontos ficaram sem luz.

O segmento de energia foi atingido em cheio com a subida repentina da água: a capital gaúcha, Porto Alegre, contabiliza cerca de 500 quilômetros de cabos que ficavam sob o solo e 300 transformadores que vão precisar passar por manutenção e restauração nas áreas afetadas pelas inundações, aponta levantamento do Ministério de Minas e Energia. Além disso, um incontável número de postes de luz foram destruídos e cortes no fornecimento de energia foram necessários por risco de descarga elétrica.

O ministro da pasta, Alexandre Silveira, afirmou nesta semana que a estimativa de prejuízo na distribuição de energia no Rio Grande do Sul deve chegar a R$ 1,1 bilhão. O número é preliminar e foi compartilhado em entrevista à CNN. Silveira ressaltou que já foi possível restabelecer os serviços de energia para mais de 470 mil unidades consumidoras.

Ao todo, 20 distribuidoras de energia atuam no estado e juntas atendem 4,5 milhões de unidades consumidores. As maiores empresas são a CEEE, que pertence à Equatorial, e a Rio Grande Energia (RGE), que é do grupo da CPFL — juntas, as empresas atendem 453 dos 497 municípios do estado.

O que dizem as distribuidoras?

O InfoMoney consultou as empresas para fazer um balanço sobre a situação atual e saber quais são os planos das companhias no reforço do sistema.

Segundo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 469 municípios foram atingidos, de alguma forma, pela tragédia climática. Deste total, 375 estão na área de concessão da RGE e, no caso da CEEE, todos os 72 municípios foram impactados porque se encontram na região metropolitana da capital gaúcha. Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Rio Pardo e Cachoeirinha são algumas das cidades que enfrentam falta de energia.

A RGE afirma que possui 4,1 mil clientes sem energia atualmente e que, no pico da emergência, foram 315,2 mil consumidores afetados.

Do lado da CEEE, 6,6 mil clientes seguiam sem energia. A distribuidora chegou a ter 226 mil consumidores sem luz (184 mil deles em Porto Alegre).

Prédio residencial ficou às escuras por quase um mês

Ao chegar no edifício Marechal Trompowsky, na Rua Siqueira Campos, 852, no Centro Histórico, a sensação é de estar fazendo parte de um filme de terror. Completamente às escuras, o prédio está com uma de se suas portas de vidro quebrada e o chão é repleto de lodo e entulho, além do cheiro podre impregnado. E a situação está desta maneira há quase um mês.

A luz foi desligada em 3 de maio e, desde então, não é possível que a água seja bombeada para os 84 apartamentos, distribuídos por 21 andares. Assim, os dois poços no térreo, que acumulam 40 mil litros de água, precisam ser acionados via mangueira e os moradores levam a água de baldes para as suas residências. O banho, então, é de caneca.

No prédio, a água atingiu a marca de 1m80cm e, apenas nos últimos dias, ela recuou — porém, segue nos poços dos elevadores. Mesmo dessa forma precária, alguns moradores decidiram ficar para garantir a segurança do prédio, mas o cenário mais dramático é o dos residentes que não puderam sair por impossibilidade.

É o caso de Conrado de Lima, 31 anos, que mora no prédio com a mãe, Janine de Lima, 60, e a avó Ondina de Lima, 89. A família é residente do local há 35 anos, mas não pôde ser evacuada justamente pela avançada idade da matriarca:

"No processo de evacuação, quando a água estava alta, a gente tinha que pular do segundo andar, da sacada, para a marquise do prédio, que já é alto. E, depois da marquise, descia uma escada de ferro até o barco. E, mesmo com equipamento, não ia dar certo para a minha avó, porque ela não tem uma postura ereta, com dificuldade de locomoção. Então, decidimos permanecer."

Conrado, além de dar suporte para a família, também está vigiando o prédio durante a noite, uma vez que sentem que a segurança pública não está dando atenção o suficiente para o prédio, que ainda tem moradores. Até o momento, então, não foi registrado saques no local.

O morador Luiz Carlos Modesto, 54 anos, ressalta que já foram feitos diversos pedidos de religação da energia no prédio, mas as equipes da CEEE Equatorial chegam ao local, avaliam que o transformador de distribuição do prédio está com vazamento de óleo. Assim, seria necessário um gerador até a resolução do problema, mas até a noite desta sexta-feira (31) o drama ainda não havia sido atenuado.

"Estamos abandonados. Tem pessoas idosas no prédio que não puderam sair. Ficaram 10 pessoas no prédio. Estamos nesta situação, a gente só vive enganado. Isso é triste, lamentável. A gente paga a energia direitinho. É triste, lamentável", avalia Modesto. "É o centro de Porto Alegre e está deste jeito. Este é o único prédio residencial da rua. É só notícia ruim."

Wagner Velasques e sua família deixaram o prédio após cinco dias ilhados. Foram para o Litoral. Porém, ele havia retornado temporariamente para avaliar a situação do local nesta sexta e nem na rua havia energia nos postes até poucos dias atrás. Então, era um breu total e apenas lanternas eram fontes de luz no edifício.

"Na frente do nosso prédio, ainda está cheio de água represada. Nunca deram atenção. Estamos na esperança de que isso baixe o quanto antes para que a gente possa, pelo menos, fazer a limpeza do prédio. Estamos aguardando a solução deste problema para poder voltar para cá com a família."

A reportagem entrou em contato com a CEEE Equatorial que, por meio de sua assessoria, afirmou que uma equipe daria prioridade para a situação do edifício Marechal Trompowsky ainda na sexta-feira. Os moradores afirmaram que a luz voltou no prédio no sábado (1º). O abastecimento de água, porém, só deve retornar na segunda-feira (3).

Retomada x consequências

Nenhuma das empresas repassou previsão de retomada dos serviços ou afirmou quantos postes e transformadores próprios foram destruídos. Questionadas sobre planos de ação para a retomada dos serviços, as companhias não responderam à reportagem.

Na avaliação de Ildo Sauer, diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP e especialista na área de energia, a retomada da operação plena do serviço de energia elétrica no estado será complexa, sobretudo, por causa dos problemas que já se arrastavam antes da ocorrência climática.

Segundo Sauer, ao longo do tempo, as concessionárias foram reduzindo os investimentos em manutenções preventivas e uso de terceirizadas para a obtenção de maior margem. Resultado: agora, as companhias não conseguem dar conta de retomar os atendimentos com a agilidade que a população necessita.

“O histórico de atendimento das distribuidoras não é bom. Já estavam faltando investimentos adequados. Em momentos como o de agora é necessário mobilizar recursos financeiros internos e externos para restaurar a infraestrutura, além de técnicos, engenheiros, eletricistas e empresas terceirizadas — que foram sendo reduzidas, já que a demanda por elas caiu nos últimos anos. A conta não fecha”, analisa o especialista, que é natural de Campina das Missões, no Rio Grande do Sul.

Ranking da Aneel, que mostra o desempenho das concessionárias na continuidade do fornecimento de energia elétrica, referente ao ano de 2023, coloca a CEEE na penúltima colocação entre as 29 concessionárias; a RGE ficou em 9º lugar. No ano anterior (2022), a CEEE foi a última colocada, enquanto a RGE foi a 19ª.

Na visão de Sauer, o fato de as maiores concessionárias do RS ficarem tão abaixo no ranking sinaliza que as dificuldades na retomada do atendimento, agora, serão maiores. “Se em situações normais já havia dificuldade nesse fornecimento contínuo, no cenário atual não tem como prever o prazo da recuperação de atendimento e infraestrutura”, acentua.

Amanda Schutze, especialista em energia e professora da FGV, defende que o setor elétrico precisará se fortalecer para os próximos eventos climáticos que atingirão o Brasil nos próximos anos:

“Eventos climáticos extremos vão acontecer cada vez mais. É preciso fazer o fortalecimento físico da estrutura elétrica. Se não, a cada nova ocorrência, vamos ter problemas na continuidade de oferta de energia. O que inclui melhoria e expansão da rede de distribuição, uso de tecnologia inteligente e sistema de automação que identifique e isole as falhas mais rapidamente. Tudo isso deve ser pensado em conjunto para minimizar o impacto das interrupções do fornecimento de energia”, avalia.

O pacote também deveria conter soluções de proteção para inundações, na visão da especialista. “É preciso localizar equipamentos e estações mais importantes e instalá-los em áreas menos propensas a riscos, além de incluir medidas de proteção [como barreiras], além de reforçar a estrutura de suporte, como postes, cabos de transmissão e torres”.

Precisamos de uma área dedicada a isso: avaliação de riscos climáticos e seus potenciais impactos. É necessário incorporar esses riscos na tomada de decisão”, diz.

O esforço nesse sentido é coletivo, dizem os especialistas consultados pelo InfoMoney. Empresas, governo e reguladores precisarão trabalhar em conjunto. Sauer pondera: “nem é possível prever no contrato de concessão, não dá para integralizar a culpa nas concessionárias porque a destruição é massiva”.

Schutze afirma que, diante da realidade atual, o governo e a Aneel têm se esforçado para flexibilizar medidas regulatórias e auxiliar as concessionárias no atendimento aos reparos necessários no sistema de fornecimento de energia. “Mas é uma crise de dimensão gigantesca. Em muitos locais ainda não é possível avaliar o dano porque estão embaixo d’água. Além disso, por segurança, muitos pontos precisam ser desligados por conta das inundações, o que não agiliza a retomada do serviço. Além das estradas que foram afetadas”, ressalta.

Por meio de nota enviada ao InfoMoney, a RGE afirmou que enfrenta bloqueios nas estradas estaduais e federais, “que impedem o tráfego de veículos leves e pesados, como caminhões de grande porte carregados com postes, transformadores e outros equipamentos, e áreas alagadas, onde não há como religar a energia por segurança”.

Como fica o consumidor?

Os clientes da CEEE não receberão multas nem juros sobre contas de luz em atraso. “A suspensão das ações de cortes por inadimplência será garantida por 90 dias para municípios em estado de calamidade pública e 30 dias para os demais municípios, assegurando o fornecimento contínuo de energia elétrica durante este período crítico”, diz a empresa. A companhia afirmou ainda que clientes em áreas rurais, que se enquadram no benefício da sazonalidade, não terão cobrança de demanda complementar.

A RGE não respondeu aos questionamentos sobre a situação das contas de luz de seus clientes afetados pelas chuvas. Mas compartilhou um alerta: a população deve ficar longe de fios partidos ou galhos de árvores que estejam caídos sobre a rede elétrica. “A orientação nesses casos é acionar imediatamente a RGE e o Corpo de Bombeiros e aguardar o atendimento. Quando o retorno às residências for considerado seguro e autorizado pela Defesa Civil, é crucial garantir que a energia esteja desligada ao verificar o poste-padrão de entrada”, diz a empresa.

Fonte: https://www.infomoney.com.br/minhas-financas/reconstrucao-do-rs-quando-a-energia-eletrica-voltara-as-casas-e-as-empresas/ * https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2024/06/predio-residencial-no-centro-historico-segue-sem-luz-e-agua-nos-apartamentos-ha-quase-um-mes-estamos-abandonados-clwvi4qjh007d013uj0qrrsp7.html

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