Risco de desabamento
PE: Mais de 100 prédios do tipo caixão são monitorados em Olinda
Prédios do tipo caixão são maioria entre os que apresentam risco de desabamento em Olinda
Estrutura dos edifícios pode fazer eles apresentarem alto risco de queda, de acordo com a Defesa Civil de Olinda. Cidade monitora 110 prédios do tipo caixão.
De acordo com a Defesa Civil de Olinda, 110 prédios estão sendo monitorados na cidade por causa do risco de desabamento. A maioria são prédios do tipo caixão, que apresentam um grau de risco muito alto de queda pela forma como eles são construídos. O Edifício Leme, que desabou no dia 27 de abril deixando seis pessoas mortas e cinco pessoas feridas, foi construído nesta modalidade.
De acordo com o gerente do Laboratório de Tecnologia Habitacional do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), Carlos Wellington, a estrutura dos prédios do tipo caixão oferece mais riscos.
"Esses prédios não têm uma fissura, não têm uma patologia que mostre que vai cair, como prédios porticados, então eles caem rapidamente. Se for um problema na fundação, você não está vendo. A fundação vai sendo degradada rapidamente por ação agressiva da água e você não está vendo. Foi o que aconteceu com o Edifício Leme", disse o especialista.
O ITEP fez um levantamento, por solicitação do Ministério Público, dos prédios caixão no Recife e na Região Metropolitana. Em Olinda, o levantamento apontou um cenário preocupante porque esse tipo de construção, quando apresenta problema, precisa de uma intervenção rápida.
"Você tem uma análise de um prédio que está em situação de risco e constata que está em situação de risco; precisa ser muito rápido. Se você interdita ele, ou reforça ou demole", afirmou Carlos Wellington.
Vida nas áreas de risco
No Conjunto Juscelino Kubitschek, que fica no bairro de Rio Doce, em Olinda, alguns blocos de apartamentos foram interditados por apresentam risco para a população.
Os edifícios possuem problemas na estrutura, rachaduras, vigas danificadas, além de sofrerem com depredação e roubos.
O residencial Juscelino Kubitschek é extenso e nem todos foram interditados pela Defesa Civil.
A família de Gutemberg Acioly está com medo porque mora em frente a um dos edifícios que apresentam risco de desabar.
"Sempre tem criança brincando aqui e, quando a gente se descuida, as crianças vão pra dentro do prédio", afirmou o consultor de vendas.
Júlia Aguiar comprou o apartamento onde morava em 1979 e teve que deixar o local em 2005.
Apenas no bloco onde fica o imóvel são 25 apartamentos interditados Defesa Civil. Faz 18 anos que ela paga aluguel e está à espera da indenização pela Caixa Seguradora, responsável pelos imóveis.
"Foi muito sacrifício para poder ter e é o único bem que tenho. Quando a gente compra, a gente compra pro resto da vida, não compra pra quando terminar de pagar, sair de onde comprou", disse a aposentada à TV Globo.
Prédios voltaram a ser ocupados
De acordo com os donos dos apartamentos, os imóveis voltaram a ser ocupados, mesmo com risco de queda.
Marcílio Moraes é dono de um dos apartamentos no bloco interditado e acredita que as pessoas vivem no local de forma irregular porque não têm dinheiro para pagar aluguel.
"A gente foi obrigado a sair por risco de vida e o prédio está ocupado. Ninguém toma providência. Agora mesmo passou o carro da Defesa Civil e ninguém faz nada. Vão esperar morrer mais gente?", lamentou o professor.
Em outro ponto da cidade, no bairro de Jardim Fragoso, o edifício Daniel Dantas também está ocupado de maneira irregular.
Ele foi abandonado pelos moradores e proprietários há mais de dez anos, depois que o solo começou a afundar.
A seguradora responsável pelo edifício é Sulamerica, que mantém um segurança no local. Porém, a seguradora não impediu que o prédio, com risco de desabamento, fosse novamente ocupado.
Assistência aos moradores
? A prefeitura de Olinda informou que vai prestar assistência social e jurídica para todos os moradores que estejam nas condições de ocupação irregular dos prédios interditados;
? Existem três locais para acolhimento de pessoas que estão em situação de vulnerabilidade na cidade. Para proteção dos acolhidos, de acordo com a Prefeitura, a divulgação dos endereços desses locais não é permitida;
? Para ter acesso a esses locas, é preciso ser atendido pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Olinda, que fica na Avenida Presidente Getúlio Vargas, número 536, no Bairro Novo;
? A Caixa Seguradora, responsável pelo Conjunto Juscelino Kubitschek, afirmou que as indenizações relativas aos blocos por ela segurados, que tiveram determinação judicial, foram pagas;
O g1 entrou em contato com a seguradora Sulamérica, responsável pelo Edifício Daniel Dantas. Até a última atualização desta reportagem, não recebemos nenhuma resposta.
Entenda o que é prédio do tipo caixão
?? Os prédios do tipo caixão são edifícios com paredes sustentando a estrutura, sem precisar de vigas ou pilares;
?? A técnica foi muito popular na construção civil de Pernambuco nas décadas de 1960 e 1970 e muitas dessas unidades habitacionais foram financiadas pela Caixa Econômica Federal;
?? A Defesa Civil de Olinda informou que o Edifício Leme, que desabou em Jardim Atlântico, foi construído no sistema de "prédio-caixão",
?? De acordo com a Defesa Civil, os prédios deste tido precisam de monitoramento das edificações pelas construtoras e/ou seguradoras e, em alguns casos, “necessidade imediata de demolição”.
Fonte: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2023/05/03/predios-do-tipo-caixao-sao-maioria-entre-os-que-apresentam-risco-de-desabamento-em-olinda.ghtml