Sem lugar em apartamento, famílias são 'obrigadas' a abandonar cães
Falta de local para abrigar animais em Barretos aumenta população na rua. ONG faz campanha para conscientizar donos sobre responsabilidade.
A dona de casa Elisabete Pereira de Santana sempre teve a companhia dos cachorros na casa em que vivia com o marido em Barretos (SP). Mas há alguns meses, o casal se mudou para um apartamento, onde apenas um dos cinco cães que ela tinha pode continuar a viver com eles. O motivo é que no novo condomínio só um animal é permitido por família. A determinação fez com que a mulher tivesse que se desfazer dos outros quatro bichos, dando início a um drama.
A decisão radical de abandonar os cachorros só foi tomada depois da última tentativa do pedreiro Aparecido Santa, marido de Elisabete, em mantê-los por perto. Ele teve a ideia de abrigá-los em um terreno em frente ao prédio.
“Fiz uma cabaninha, colocava comida, água, mas a solução não foi bem recebida pelos vizinhos. Eles latiam o tempo todo como se estivessem pedindo para voltar. Não teve jeito. Levei eles a uma chácara e os deixei lá. Foi horrível, eles vieram atrás do carro”, diz.
Elisabete alega que chegou a procurar a Associação Amigos Barretenses dos Animais para deixar os cãezinhos, mas não houve solução. “Quem não gosta de cachorro não entende. Foi uma decisão muito difícil para mim. Eu queria ter um lar, mas também dar um lar a eles”, afirma.
O impasse sobre o destino a ser dado a esses animais tem contribuído para o aumento da população de cães nas ruas de Barretos. A Organização Não Governamental (ONG) Amiguinho Barretense afirma que o abandono é comum em toda a cidade, principalmente no bairro São Francisco. O levantamento sobre quantos cães vivem atualmente nestas condições está sendo feito por uma veterinária.
Para enfatizar a responsabilidade dos donos sobre seus bichos de estimação, a ONG deu início a uma campanha. O apelo é para evitar novos casos além de tentar conseguir uma delegacia de proteção aos animais.
“A gente pede que as pessoas façam os boletins de ocorrência para ajudar, porque o poder público só entende que a delegacia é necessária na cidade quando há um número alto de maus-tratos e abandono”, afirma a presidente da ONG, Vanessa Mônaco.
As próximas etapas da campanha incluem a avaliação da saúde dos cães e o processo de castração.
As denúncias podem ser feitas pelo 190 ou diretamente na Polícia Civil, segundo Vanessa. Os relatos devem ser acompanhados por fotos ou vídeos feitos até mesmo com câmeras de celular.
Outro lado
Por telefone, a presidente da associação em Barretos, Bruna Pupo, informou que o local está superlotado. Segundo ela, o espaço tem capacidade para receber 120 cães e gatos, mas há 200 atualmente.
A Prefeitura de Barretos informou que não faz o recolhimento de animais abandonados.
Fonte: http://g1.globo.com
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