Abraços em condomínio
Em Caxias do Sul, moradores criam cortina de plástico
Cortina de plástico possibilita abraços e reencontros em condomínio de Caxias do Sul
Gesto de aconchego faz falta neste momento de distanciamento social contra a pandemia
Uma simples cortina de plástico foi o suficiente para esquentar os moradores do condomínio, que fica no bairro Madureira, em Caxias do Sul, na tarde fria deste sábado (22). A proteção possibilitou a familiares, vizinhos e amigos se abraçarem. O gesto faz muita falta neste momento de pandemia de coronavírus e distanciamento social.
Quem mais se divertiu foi a criançada. Com a proteção e muito álcool gel, eles puderam curtir o sol e rever os amigos. Mesmo com o pátio e brinquedos que o condomínio dispõe, as restrições para evitar a covid-19 permitem pouco tempo fora de casa.
As crianças dominaram a fila para abraços, mas tiveram que dividir a cortina com os adultos. Naia Correa, 48 anos, foi uma das amigas que fez questão de abraçar Carol Gayer, 33, que está grávida de 38 semanas. O nascimento do Joaquim está previsto até o próximo dia 10.
"Todo mundo querendo se abraçar, né? Eu, como gestante, é o que mais estou precisando. Todo mundo queria abraçar a barriga, abraçar o Joaquim, mas não era possível se visitar. É uma boa iniciativa para manter esta forma de carinho."
Carol estava acompanhada da filha Lara Rutz, 10, que brincava com Isadora Pedroso, 10 anos, que é filha de Naia.
"Marcamos este encontro após saber da ação. Está todo mundo enclausurado e com medo, né? Sempre fomos vizinhos participativos, que se visitam e comemoram junto. O abraço e o sorriso fazem falta, né? Por isso, esta alegria de estar mais próximo nesta tarde. As crianças são as que mais estão gostando!"
Quem também aproveitou a oportunidade foi o engenheiro Dilvar Kaiser, 76 anos, que abraçou os trigêmeos Marcelo, Matheus e Murilo, de seis anos, e a neta mais velha Monica Kaiser.
"É muito importante. A gente até tem a oportunidade, mas está proibido, né? Foi um evento muito inteligente, fazer este encontro. Proporcionou este abraço que fazia horas que não dávamos. Estou feliz."
A mãe dos trigêmeos, Michele Kaiser, conta que conviver com amigos e colegas faz falta aos pequenos. Mesmo que o trio tenha um ao outro para brincar, as crianças ficam entediadas e querem sair de casa.
"Evitamos até vir ao pátio pelo medo do vírus. Que bom ter oportunidades assim. Porque o mais difícil é que as crianças estão com tédio. Sentem falta da interação com amigos, da escola e de ser livre. Ao mesmo tempo que tentamos evitar, não queremos que eles fiquem totalmente longe dos amiguinhos."
O varal ou cortina de plástico foi uma solução apresentada em um vídeo canadense que viralizou na internet ainda no início da pandemia. Neste sábado, a estrutura foi montada pela Prolar Imobiliária Inteligente para comemorar seus 50 anos de atividades.
"A casa e o lar nunca estiveram tão no centro das discussões como agora e essa é justamente a matéria-prima da Prolar: gerir relações entre condôminos e ajudar na realização do sonho da casa própria. As pessoas estão, neste momento, sentindo-se presas nas suas casas, longe e com saudade de amigos e familiares. Queríamos oferecer a oportunidade de aproximar nossos clientes de seus entes queridos e resgatar um pedaço de humanidade que estamos perdendo com a pandemia", afirma Thiago Dalla Vecchia, sócio-diretor da Prolar.
O condomínio conta com 192 apartamentos. Além da cortina de plástico, a imobiliária também disponibilizou música ao vivo e a projeção de um filme propondo uma reflexão sobre o distanciamento social e a falta do contato físico nesses tempos de pandemia. Mas o que fez a alegria de todos foram os abraços.
Fonte: http://pioneiro.clicrbs.com.br