Administração - BA
Inadimplência sobe para 40% nos condomínios
Começo de ano é o período de pagar IPTU, IPVA, matrícula e material escolar e as pessoas acabam deixando de lado o pagamento da taxa de condomínio. Se a média de inadimplência varia de 10% a 15% em outros meses, quando chega em janeiro e fevereiro esse índice salta para até 40%, segundo Suzana Andrade Mendonça, proprietária da Master Serviços, empresa especializada na administração de condomínios na capital e no interior baiano.
Para Suzana, a razão é a baixa multa dos condomínios, fixada por lei em 2% para os casos de atrasos no pagamento. “Se a pessoa tem o cartão de crédito para pagar, com juros de 12% ao mês, ela vai deixar de pagar a conta mais cara para quitar o condomínio, que tem uma multa de apenas 2%?”, exemplifica.
Henrique Coelho: “Nossa estratégia, nesses casos, é tentar um acordo”
André Navarro, gerente regional da Apsa na Bahia, empresa especializada em gestão de condomínios, concorda que a inadimplência é um dos maiores problemas nesta época do ano. Ele ressalta os prejuízos que a inadimplência pode causar aos condôminos. “Isto gera um saldo devedor que acarreta atraso nos pagamentos de fornecedores e impostos”, afirma.
As administradoras de condomínios já formulam estratégias para amenizar a alta taxa de inadimplência. Suzana disse que alguns condomínios sob sua gestão aumentam, por exemplo, a taxa mensal de R$ 500 para R$ 750 e dão um desconto de R$ 150 para o condômino que pagar antes do vencimento. “Dá muito certo, porque as pessoas precisam sentir no bolso”, acredita Suzana.
Para José Henrique Coelho, diretor da Bittencourt Lopes Imóveis e Condomínios, a inadimplência, apesar de ser agravada nesta época, é o principal problema quando o assunto é gestão de condomínios. “Todos os condomínios têm, pelo menos, um caso de inadimplência incomodando”, revela.
Quando a taxa de inadimplência chega a índices elevados, como 40%, Coelho diz que os moradores podem ficar sem água e energia nas áreas comuns, entre outras penalidades. “A nossa estratégia, nesses casos, é tentar um acordo através do nosso escritório de advocacia especializado em inadimplência de condomínios. O condômino em atraso paga 90% dos honorários e o condomínio paga os outros 10%”, avisa.
Já Navarro reforça as medidas adotadas pela Apsa. “Intensificar a cobrança desde o primeiro dia sem pagamento, propor negociações e, em último caso, partir para a cobrança judicial”.
Para Coelho, a Justiça ainda é muito lenta quando se trata de reparar essa dívida sofrida pelo condomínio. Ele diz que o processo pode levar mais de um ano nos juizados. “Por isso, todo mau acordo ainda é melhor do que esperar por uma decisão judicial”, recomenda o especialista em gestão de condomínios.
Atraso afeta as melhorias nas áreas comunsQuem paga a taxa do condomínio em dia quer ver seu prédio bem cuidado e com todas as contas devidamente pagas. Esse é o caso das moradoras Edinete Gonçalves, professora e enfermeira, e de Cristine Conceição, advogada e professora, ambas residentes no bairro da Vila Laura.
Edinete afirma que não atrasa o condomínio, mas sabe que no seu prédio muita gente está inadimplente. O resultado: prejuízo nas melhorias da estrutura. “Estava prevista uma pintura para o prédio, mas vão adiando para pagar a conta de água e os zeladores que é prioridade”, resume Edinete. A última reforma que aconteceu no condomínio foi a dos elevadores, há dois anos.
“Depois dessa, não pudemos fazer mais reforma nenhuma”, desabafa a moradora. Como solução, a síndica já prometeu colocar este ano os inadimplentes na Justiça.
Já no condomínio de Cristine Conceição, alguns moradores atrasam, mas repõem meses depois. Assim, a situação é menos grave. Segundo ela, Alguns casos já foram parar na Justiça, mas estavam relacionados a atrasos de até dois anos.
Recentemente, o prédio de Cristine passou por reforma, para a qual foi necessário pagar três meses de taxas extras. Para ela, os gastos poderiam ser menores. “Colocamos pastilhas na parte da frente e de trás de todo o prédio. Se todos pagassem em dia, com certeza, as despesas seriam menores para os outros moradores. E, talvez, nem seriam necessárias taxas extras”.
Dicas para a boa convivência
- Comunidade - Tente se sentir parte de uma comunidade. Use o condomínio para se aproximar das pessoas
- Simpatia - Apresentar-se aos vizinhos que acabam de se mudar, oferecendo-se para o que for necessário ou para um café, é a melhor maneira de começar a criar laços
- Silêncio - Não é preciso isolar acusticamente as dependências do apartamento. Basta que os horários de silêncio sejam respeitados. E conforme-se: uma vez ou outra, alguém dará uma festa. Seja educado e convide para a festa o vizinho mais próximo
- Sem calote - Para ficar tudo nos trinques, basta pagar o condomínio em dia, evitando uma sobrecarga financeira aos condôminos. Esta é a melhor maneira de ter fôlego para fazer melhorias no prédio
- Economia - Preservar os benefícios de uso comum, como cuidar para manter em uso a área de lazer ou não usar a torneira do jardim para lavar o carro.
- Presença - Reuniões objetivas e com roteiros economizam tempo e paciência. Participar das reuniões para depois não reclamar do que foi decidido é importante.
Fonte: Correio da Bahia